Jamais pensei ser possível tratar temas espinhudos com sutileza no cinema. Espinhudos como os horrores do holocausto, muito menos. Por conta disso, a indicação para oscar de melhor direção, dentre os 5 outros que Zona de Interesse está concorrendo, talvez seja a mais merecida. O diretor inglês Jonathan Glazer traz uma sutileza atípica: aquela que acaba te dando um tapa na cara, com delicadeza.
É um filme que mora no entorno. Mora nos detalhes, numa banalidade genial (que explica o favoritismo para a indicação de melhor filme internacional, quizas melhor filme). Mora na música, nos sons perturbadores (indicação mixagem de som), mora na simplicidade de mostrar o lado B em uma película “em negativo” enquanto o lado A é colorido e bucólico. Uma direção original que consegue fazer uma releitura imprevisível de um roteiro adaptado. (Indicação roteiro adaptado). Sandra Hüller, indicada para melhor atriz por Anatomia de uma queda, também poderia estar indicada por Zona de Interesse, que protagoniza na medida certa, que atriz! Acho que veremos muita coisa dela daqui pra frente.
Dos muitos detalhes que estão no filme, o que eu só notei quando saí do cinema foi o cartaz, que está na imagem deste post: o contraste de um céu sem estrelas com um jardim primaveril já é uma dica do que observar.
xxx