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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Terapia à revelia


Ele sempre achou o romantismo uma coisa cafona, mas paradoxalmente era uma pessoa romântica. Gostava de gentilezas, de agradinhos, de atenção. O que haveria de cafona no romantismo se nada mais é do que o bem querer?

Deu conta então que a cafonice estava relacionada àquela timidez que tanto o atrasava. Na ânsia de sair da situação que o constrangia, unicamente pela timidez e ainda que estando em uma situação que desejasse, ele atropelava os sentimentos, abreviava as palavras e passava como uma máquina de cortar grama sobre um jardim florido, deixando apenas talinhos, sem grandes chances de voltarem a florescer.

Isso é doença, disseram-lhe uma vez. Tratou com teatro, não resolveu. Ele tinha cara de pau de subir num palco e se transformar em quem quer que fosse, sem o menor constrangimento, pois seria sempre o outro. E ele não precisava ter vergonha do outro. Na verdade ele não precisava ter vergonha de ninguém, nem do outro nem de si. De onde vinha essa timidez sem propósito? Essa vergonha do mundo?

Talvez morresse sem saber. Conversar com um especialista seria exposição demais, só de pensar ruborizava. A última coisa que preciso é um estranho conhecendo meus temores, pensava. Sua timidez transviava a lógica e cegava a razão. Sua única salvação era alguém ajudá-lo sem que ele notasse. Uma terapia à revelia.

XXX



terça-feira, 8 de maio de 2012

A quarta mulher



Duas amigas interessaram-se pelo mesmo cara. Interessante, charmoso, descolado e casado. Sim, ele era mal casado, mas casado. Já tinha se separado, voltado, e agora, diziam, estava para se separar novamente. Uma delas disse que o fato de ele ser casado não a incomodava, já que tudo o que queria era uma aventura. Ser casado era até uma vantagem, pois era garantia de que não haveria cobrança, exposição, aporrinhação. A outra já se inibiu, pois estava cansada das aventuras. De qualquer forma, ele sempre chamava a atenção das duas.

Eis que no fim de uma noite com bebida, música e muita conversa, no meio de uma rodinha de amigos, chega o dito com uma quarta mulher. Sim, a quarta mulher desta estória: as duas amigas, a esposa e agora, a amante. As duas amigas se entreolharam e olharam pra ele, que sorriu timidamente.

- Meu querido, que porra é essa? – perguntou a aventureira sem pestanejar. A gargalhada foi geral.

O rapazinho apenas sorriu, sem graça. Com a intimidade que lhe era permitida pelos anos de amizade ela continuou, puxando um outro amigo para um canto e perguntando baixinho:

- Sério, que porra é essa?

E o amigo respondeu:

- É a namorada dele.

- Namorada? Ele num é casado?

- É.

- E tem uma namorada?

- Tem.

- Amante, você quer dizer?

- Eu num tô dizendo nada...

Beberam mais, riram e o Don Juan foi embora com a namorada-amante-concubina-amancebada... diretamente para os braços da esposa. Porque homem casado volta para casa, certo? Talvez. E as duas amigas divertiam-se ao digerir a estória.

- Disputar com uma eu até encarava. Mas com duas?

- Eu não tô disputando nem com meia...

- E no caso de eu entrar no páreo, eu não vou ser a mulher, nem a namorada e nem a amante. Eu vou ser o que?

- A trouxa, amiga. A trouxa.



XXX



quarta-feira, 7 de março de 2012

Quente fisicamente, frio verbalmente

Escrever é uma forma de falar sozinho com um monte de gente. Não é que falte amigos, mas sobram palavras. E quando as palavras sobram junto com tempo, sobram também idéias. Sobram também dúvidas. Dúvidas que se até um determinado momento temperam a relação, se passar do ponto queimam, estragam.

Na minha incansável tentativa de entendimento do comportamento humano - a começar pelo meu que é o que menos compreendo - descobri em você uma adorável dualidade: você é quente físicamente e frio verbalmente. Carinhoso mas distante. Paradoxalmente cuidadoso e seco ao mesmo tempo.

O “cuidadoso” veio da forma como você tirou meu sapato uma vez. Sim, eu sei que era só um sapato e que muito certamente você nem percebeu como fez, mas uma pessoa essencialmente fria não tiraria da forma que você tirou, e uma pessoa qualquer não notaria isso como eu notei. O “quente fisicamente” tem sentido bastante óbvio, para você e para qualquer um, já que “quente” e “físico” são palavras complementares principalmente se usadas na mesma frase. Tal atributo veio do fato de você sempre pegar primeiro a minha mão. Parece doce, e é. E uma vez que as mãos se tocam, ou a mão toca a cintura, o cabelo, uma vez que se encontram, você não volta a soltar - o que atesta afeto, voluntário ou não. 

“Frio verbalmente” poderia ser substituído por “calado”. Mas há diferença, da mesma forma que deve haver um motivo para as poucas palavras. O que não me incomoda, já que quando perguntado você responde direta e claramente.  Como essa ambiguidade é possível na mesma pessoa eu não faco idéia. E não fosse a minha exagerada observação eu não teria interpretado nada disso, achando que você simplesmente não gosta, quando você gosta desinteressadamente.


XXX



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Nerd appeal

Andava muito Clariciana ultimamente. Atormentada pelas dúvidas e mais ainda pelas certezas. Tinha urgência e desconhecia a causa, seu tempo esgotava-se. Não podia continuar aguardando de braços cruzados algo que não sabia nem o que era. Já não vivia, esperava, angustiada pelos próprios pensamentos, por uma vontade não sabia de que, mas latente, presente.

O nerd appeal tinha um efeito estarrecedor sobre ela. Desde sempre enxergou na inteligência, na sagacidade, na capacidade de concentração nos estudos um algo mais. Um muito mais. Atrás daqueles óculos tinha sempre um cara legal. Interessado nas ciências, nas artes, na história, no grande. Desinteressado do cotidiano banal a sua volta. O desinteresse seduz.

Deveria tirá-lo de seu caminho, de sua cabeça. Mas como se esquece o que de fato ainda não existiu? Começaria por uma decisão simples. Não, nada é simples para os ansiosos. A decisão, resumida a duas pequenas palavras, parecia simples: desistir ou insistir. E quanto mais besta parecia a resposta, mas difícil era fazer a escolha – caso houvesse uma. Ou se conformava em fazer da situação sua novela, acompanhando diariamente sem participar, ou partiria para o cinema autoral, onde se interage, se cria, se vive.

Inconstante que é tem vivido com o dilema. Não precisava muito para esquecer-se dele por algumas horas, dias talvez, era dispersa. O problema é que curiosamente a lembrança do que ainda não tinham vivido voltava. Ora se conformava, ora estava farta da situação. Que situação? – perguntava. Não há situação para se fartar! – respondia o espelho.


XXX



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Anjinho x Diabinho

Além de sua índole e de seu caráter, fortes e bem intencionados, ele tinha mais duas pessoas em sua consciência. Uma dizia o que ele não devia fazer. A outra dizia o que ele devia fazer. Sim, o anjinho e o diabinho no melhor estilo cartoon. As boas atitudes quase sempre prevaleciam, já que era um jogo mal equibrado, três contra um. Só que por uma razão que ninguém sabe explicar mas todos tem de concordar, o proibído tinha uma força descomunal.

Todo mundo sabe que o diabinho nunca insiste, ele apenas sugere nos momentos certos. E todo mundo também sabe que estar no lugar certo, na hora certa faz a diferença, assim como estar no lugar errado, na hora errada idem. Ele sempre soube como deveria agir, mas no fundo gostava da batalha mental entre o bem e o mal. Ou gostava, ou era induzido a gostar.

Fato era que ele, sempre tão determinado, ficava apenas de expectador do duelo. Ora tentendo pro bem, ora pro mal. Insistia no bem? Sempre. Arrependia-se do mal? Nunca. Não se arrependia de nada, no fundo sabia que tudo era resultado de sua própria vontade, consciente ou não.

Limitava-se apenas a não planejar o mal. Não sendo premeditado estaria menos errado, seria menos mal. Talvez nem fosse mal, só uma fatalidade. Já que ele não planejou, não premeditou e quase não desejou.


XXX



quinta-feira, 21 de julho de 2011

O que as mulheres conversam no banheiro

Conversa adaptada entre duas amigas no banheiro de uma boate.

- O Marcelo não me ligou. Mas mandou uma mensagem dizendo que quanto mais eu mando mensagens malcriadas pra ele, mais o afasto de mim.

- E você respondeu o que?

- Pedi desculpas.

- Desculpas??? De quê?

- Das mensagens malcriadas.

- Não foram tão malcriadas assim...

- “Atende essa merda deste telefone” é ser malcriada na minha concepção.

- Mas no contexto...

- Enfim. Tá difícil, mas vou resistir. Às vezes me pego pensando: como um cara baixinho, gordinho, feinho, fudido de grana, que nem manda tão bem assim na cama, pode me deixar assim?

- Porque na nossa idade somos muito mais sensoriais do que visuais. O que nos seduz hoje é muito mais a inteligência, a postura, os argumentos... do que um corpo malhado e a cabeça vazia. Juntando isso àquela incerteza do querer do outro, que paradoxalmente nos faz ficar ainda mais interessada, pronto. Fudeu.

- Mas até ontem eu não dava a mínima pra ele...

- Se ele estivesse igual a um capacho ao seu pé, você continuaria cagando pra ele - como tava no início, que eu lembro. Mas como ele se valorizou, e te seduziu, dominou a situação. Ainda que sem querer.

- Sem querer? Até parece...

- Eles são patetas a este ponto, acredite. A maioria desconhece o poder que tem...

- O que você faria no meu lugar?

- Não sei... Em uma situação parecida, resolvi bancar a boba. Quando ele quer falar, eu falo, numa boa. Mas não o procuro mais. Se ele quiser passar a vida inteira brincando de jogar conversa fora - que é o que parece – tudo bem. Eu vou corresponder até onde der, pois não é sacrifício nenhum conversar com um cara que me atrai, que eu admiro. Mas não vou alimentar expectativas em relação a ele, dentro do possivel...

- Dentro do possível. Tá vendo?

- Tô. Ninguém é perfeito.

- E vai fazer o que então?

- A princípio nada. Mas se necessário, sigo 3 premissas:

1) “Falar menos”. Não definir, não explicar, deixá-los no escuro. O mistério seduz e interessa (e nos deixa menos propensas a fazer merda).

2) “Cara de paisagem”. Essa é dificil, mas essencial. Diante de situações adversas, nada de mandar mensagens de fúria atestando: To louca por você, seu vacilão. Ele vacilou? Vacilou. Você percebeu? Lógico. Vai admitir? Nem morta!

- Ou seja, ele vai aprontar e você vai deixar barato?

- Você gosta dele, vai ficar com ele de qualquer forma, não vai?

- Mais ou menos.

- Mais pra mais do que pra menos. Então pensa: Você mostrar que percebeu que ele fez merda e ficar com ele assim mesmo, é dizer: Eu aceito você pisar na bola de vez enquando. Mas você fingir que não percebeu, é dizer: Tenho mais o que fazer e nem notei o que você anda aprontando. (O que além de tudo leva aquela "incerteza do querer" que falei, lembra? Que faz qualquer ser humano QUERER).

- Continue.

- E finalmente, o número 3): “Substituição e leads". Amor com amor se apaga, nada mais certo do que isso. Não deu certo com azul, tenta o vermelho. Ficou esquisito com verde, parte pro amarelo. E tenha sempre toda a caixa de lápis de cor à sua disposição...


XXX



terça-feira, 21 de novembro de 2006

O poder do tédio

Hoje eu levantei às sete horas da manhã, com a empregada tocando a campainha. Normalmente é o Edgar quem atende, porque tem hora pra estar no escritório. Mas dessa vez resolveu fingir que estava dormindo e quem levantou fui eu. Hesitei em voltar pra cama ou ir pra academia. A opção maniqueísta não me agradou, de forma que o meio termo foi não ir pra academia, mas também não voltar pra cama. Terça-feira, início de semana, é igual dieta. Se já começar perdendo o rumo, a semana inteira desanda. Maluco é assim, se não tiver disciplina se perde e sabe-se lá quando volta ao normal. Ainda mais quando se trabalha em casa. Aí é que a coisa pega. Embora eu não tenha uma rotina de trabalho com horários rígidos, tento conciliar meu trabalho com o do Edgar. Se bem que no início da semana nem é preciso tanta conciliação de horários assim. Principalmente depois de um fim de semana chuvoso, um olhando pra cara do outro sem ter o que fazer. Por mais amor que exista, jamais menospreze o poder do tédio numa relação. Um dos dois fatalmente ficará tentado a quebrar a monotonia irritando o outro. Foi o que aconteceu domingo à tarde, durante o almoço. Apesar da chuva, resolvemos almoçar num restaurante na orla da praia, no Leme, onde o Edgar morava antes de casarmos. Um lugar bom e garantido de não ter fila naquele horário de domingo, o que é importantíssimo quando se sai pra almoçar às quatro da tarde, azul de fome. Quer dizer, eu estava azul de fome, o Edgar a fim de perturbar.

— Estes pratos dão pra dois? — Eu perguntei pro garçom, referindo-me ao menu de carnes, que é o que Edgar mais gosta de comer e que a minha fome aceitaria de bom grado naquele dia.

O garçom disse que dava, anotou as bebidas e saiu. O Edgar queria pedir bolinho de aipim de entrada, o que ia atrasar o pedido, atrapalhar nosso apetite e ainda por cima nos engordar. Sugeri o couvert - que era light e de rápido preparo - ele topou. Continuei olhando o cardápio, pensando em qual prato ele concordaria mais rápido em pedir. Eu estava faminta, e queria fazer o pedido antes do grupo de excursão de senhorinhas que ameaçava entrar no restaurante. Fui na Picanha na tábua, era 99% de chance de ele concordar. Ele não quis. Achei estranho e fiz nova tentativa no Churrasco misto. Apelei mencionando até a lingüicinha que acompanhava, era batata ele crescer os olhos. Também não quis. Comecei a desconfiar que ele tinha percebido minha pressa e estava fazendo doce. A essa altura eu já tinha comido todos os pães do couvert, antes tivesse pedido o bolinho de aipim. Edgar resolveu chamar o garçom.

— Você me traz uma cerveja, por favor? — Pediu Edgar, pontualmente, voltando pras azeitonas do couvert.

Tive certeza que ele queria me irritar. Era arriscado esperar eu propor todos os pratos de carne pra depois dizer que queria peixe, que ele detesta, só pra contrariar. Resolvi fingir que não percebi, mas não agüentei vendo as senhorinhas de cardápio na mão.

— Quer pedir o bendito prato logo ou ainda tem mais alguém pra chegar e pedir na nossa frente? — provoquei.
— Você quer ver uma coisa? — falou ele, dirigindo-se depois ao garçom: — Uma picanha na tábua, por favor.

A danada chegou em exatos oito minutos. Não falei nada, tratei de comer logo pro meu mau humor passar (porque fome gera mau humor). E ele continuou:

— Ta vendo como não precisa teimar comigo? Ainda mais na minha área — debochou ele.
— Sua área? Pelo que me lembro, na sua época de Leme, eu vinha aqui tanto quanto você — argumentei.
— Sabia que não ia demorar pra trazerem os pratos — continuou ele.
— Sabia nada, deu sorte.
— Não é sorte, a cozinha está ociosa.
— Ociosa ou não, custava pedir o prato logo? Eu tava com fome! E a cozinha não está ociosa, olha a quantidade de gente aqui dentro — argumentei.
— Mas lá fora tá vazio, por causa da chuva. Tem menos pedido do que o normal, por isso a cozinha está ociosa.
— Você e sua matemática aplicada a amenidades...
— É só raciocínio lógico.
— Você tá dizendo que meu raciocínio não é lógico?
— To dizendo que você é teimosa.
— E você, prático demais.
— Que mal há nisso?
— Nenhum, mas é preciso trabalhar seu lado humano. Na vida nem tudo é pura matemática.
— Teimosa e um pouco louca.
— Eu sou uma pessoa coerente.
— Você é coerente, na sua loucura.
— Ainda bem. Sem um pouco de loucura a vida seria um tédio. Mas você concorda que nem tudo é matemático?
— Claro.
— Você concorda que nem sempre as coisas são presumíveis, que tudo tem seu lado humano e seu lado exato, seu lado espiritual e seu lado físico?
— Concordo. Todos temos vários lados.
— E é por isso que a gente dá certo. Nos completamos, eu sou o lado humano e você o exato.

Achei que tinha provado meu ponto na conversa, quando um garçom derrubou um prato de uma pilha altíssima arrumada em um carrinho próximo à nossa mesa.

— Nossa! — exclamei — Para que tanto prato sobressalente se eles não tem nem onde guardar...
— Não são sobressalentes, a cozinha está ociosa — retomou Edgar rindo.

Set/2004


XXX



Da complementaridade dos sexos

Dizem que os escritores são questionadores. Que suas obras são produzidas após a indagação de determinados assuntos, seguida da vontade de registrar as conclusões tiradas de forma eficiente - por isso escrita - permitindo assim aos leitores compartilharem uma série de respostas possíveis para dúvidas comuns. Se os escritores são questionadores, as escritoras então, nem se fala. Mulher, de maneira geral, adora perguntar. Seus questionamentos são legítimos e a inevitável identificação com certas situações, divertida. Quero dizer que é reconfortante constatar que os conflitos sentimentais femininos nem sempre são causados por um defeito individual. E se for mesmo para chamar de defeito a causa de um problema de amor, que pelo menos seja um defeito coletivo, e não seu.

Mas por que a necessidade de questionar, me questiono. De modo geral as mulheres perguntam mais, avaliam mais, discutem mais. “Por que ainda não me casei?”, “Por que me casei tão cedo?”, “Por que ele me trocou por outra?”, “Com qual dos dois eu fico?”, “Em que você está pensando?”, “Você me ama?”. Ainda que algumas perguntas sejam retóricas, parece necessário confirmar para si mesma uma idéia, questionando-se inesgotavelmente na esperança de aparecer uma conclusão ainda não considerada, ou ter um grande insight sobre como agir em determinada situação.

O homem também se questiona. Mas seu lado prático o faz gastar menos tempo com perguntas e mais na objetividade das respostas. Perguntei uma vez a um amigo:

- Você acha que as mulheres questionam mais do que os homens?
- Sim - respondeu ele pontualmente.
- Por quê?
- Porque é da natureza da mulher falar mais do que o esperado.

Não havia tom de crítica, reclamação ou sequer descontentamento naquela resposta displicente. Ele de fato pensava assim e aceitava isso como uma característica feminina, não um defeito. Embora eu normalmente não aprecie a objetividade em algumas respostas masculinas, desta vez tive que concordar.  É da natureza. Se o homem fala menos me parece natural que a mulher fale mais, equilibrando a comunicação.  O mesmo para os casos onde ambos são do mesmo sexo, mas assumem papéis diferentes na relação. Se ambos calassem, como seria o diálogo num primeiro encontro? Haveria primeiro encontro? E a continuidade do relacionamento? Agora imaginem se ambos falassem com a mesma intensidade e com a mesma necessidade de respostas. Caos. Além do caos, nenhum diálogo: se todos falam, ninguém escuta, se ninguém escuta, não há comunicação, se não há comunicação, não há relacionamento.  É para viabilizar o relacionamento com os homens que as mulheres falam mais. É instintivo, é complementar, é da natureza.




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