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sexta-feira, 1 de março de 2024

Maratona Oscar 2024: Anatomia de uma queda (a do cinema woke)


Enfileirando uma dezena de prêmios, dentre eles a Palma de Ouro e o Globo de Ouro, e com a indicação ao Oscar de melhor filme 2024 (e não de filme estrangeiro como se esperaria por ser um filme francês), Anatomia de uma queda, de Justine Triet, agrada pelo ritmo, pelas interpretações, pela originalidade na execução, pela sutileza e acima de tudo pelas analogias.  

Num mundo onde tudo precisa ser exaustivamente explicado, justificado e atenuado, assistir a um filme onde a audiência não é tratada como tola já envolve. A estória ser apresentada sem a habitual correria e frenesi do cinema americano, e sem as cotas wokes nas escolhas dos personagens, outra boa surpresa, que mostra uma liberdade de direção e produção que saem do padrão mainstream. Mas o pulo do gato são as analogias. O crime e o tribunal, aparentes motes principais, ficam pequenos perto do que se trata o filme de fato: relacionamento. 

É surpreendente como duas partes em um mesmo relacionamento podem ver a mesma situação de forma tão diferente.  Um se doa, puxa a responsabilidade para si, propõe por vontade própria caminhos que vão lhe exigir mais.  O outro concorda, assume que aquelas responsabilidades serão de fato do outro (afinal foi proposta dele) e segue com a vida.  Este último produz, evolui, cresce. O outro tropeça na confusão de caminhos que ele mesmo escolheu.  O conflito é inevitável.  Tem alguém errado? Uns verão errado o que concordou deixar o fardo maior nas costas do outro – é frio, egoísta, insensível.  Outros verão errado o que fez o plano, executou, fracassou e culpa o outro por sua infelicidade.  Evitando os spoilers, o filme trata brilhantemente sobre esta escolha de lados, sobre de que perspectiva você, e o juri, verão o problema.

xxx