sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Tradição de Natal



Parece que foi ontem que na grande e velha casa da Av. Rui Barbosa, em Friburgo, meu irmão e eu ficávamos à espreita de Papai Noel no corredor.  Dia desses passei pela mesma avenida e fiquei triste ao ver apenas o terreno da construção.  A casa foi ao chão para dar lugar à expansão do Ministério Público do Rio de Janeiro na comarca da cidade. 

Parei alguns instantes em frente a casa, fechei os olhos e vi.

Sobre uma das mesas da sala estava a árvore branca de Natal, decorada com bolas vermelhas - das de vidro, que quebravam.  Muitos presentes ao redor.  Naquela época a vida era mais farta, pelo menos aos meus olhos de criança.

Com o dia regado à torta de maçã, castanhas, amêndoas, nozes e todo tipo de fruta, a ceia com a dupla infalível de perú e tender - crajejado de cravos, bezuntado de Karo, nadando nas frutas em calda - nem precisava ser tão abundante.  

Os homens da família reclamando do show do Roberto Carlos, e as mulheres o defendendo... ele é o Rei, bichoE comiam e bebiam, muito e bem. Vinha a troca de presentes, os abraços, o amigo - ora oculto, ora secreto, como em toda família de cariocas com paulistas.   E finalmente chegava a hora de por os sapatinhos no corredor, para em cada um deles, no dia seguinte, encontrar os presentes deixados pelo misterioso velhinho. 

E nadar no mar de papel de embrulho, rir do passa ou repassa dos presentes-bomba, do medo da balança, da ressaca. Vinha o riso das lembranças, a confraternização.  Exatamente o que se espera do Natal. Todo ano, tudo igual. Como uma tradição deve ser.  


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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O Menino e o Helicóptero






O menino puxa a cordinha e vai o helicóptero pelos ares.
Em seu sorriso as janelas se abrem para o céu.
Em seu coração uma aura de pureza.
Voa helicóptero, voa.

Como é doce a vida!
Quero correr,
Quero voar,
Quero viver.

Como é o mundo?
Voa helicóptero e descobre.
Vai sem medo.
Sem medo de cair.
Viu como foi longe, tio?

Longe... Muito longe.

Paulo Luz



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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A diferença entre Conto, Crônica e ganhar 1 milhão de dólares



Você sabe a diferença entre Conto e Crônica? 

O Conto é uma narrativa em prosa breve, uma pequena estória com começo, meio e fim. Costuma ter um único elemento predominando na estória toda: um cenário, um tempo, um sentimento. Possui poucos e bem detalhados personagens, que atuam em situações breves e bem demarcadas. Os diálogos são curtos e objetivos, com pouca narração. É mais complexo do que a crônica, mas não tem nenhum tipo de limitação de linguagem, o que é exigido ao escrever para jornais, por exemplo. A abertura é curta e esclarecedora, o fluxo das informações dadas é contínuo e normalmente tem apelo dramático. Na introdução já é apresentado o conflito principal da estória, quase o clímax, o que em outros gêneros narrativos vem no final, que é sempre imprevisto e surpreendente. 

A Crônica é uma criação brasileira! Sim, é um gênero de caráter exclusivamente nacional: “No momento em que a imprensa brasileira se afirmou, os folhetins da França nela se aclimataram, floreceram e encontraram uma feição de tal maneira própria, que fez muitos críticos contemporâneos afirmarem que a crônica é um fenômeno literário brasileiro” – Bender e Laurito, 1999. A crônica é uma estória curta com fundo de humor e ironia sobre fatos triviais, insignificantes. É produzida para a imprensa e por isso é regida por suas regras e limitações, utilizando um espaço sempre igual, que facilita a identificação entre escritor e leitor. (Helloooo!!! : )

Onde está o 1 milhão de dólares?  No bolso da mestre contemporânea dos contos Alice Munro, canadense de 82 anos que acabou de ganhar o Nobel de literatura deste ano! “Uma documentarista profunda, mas compreensiva, do espírito humano”. Com 4 obras já editadas no Brasil, vale o nome na lista de próximas leituras!


Alice Munro


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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Das entrelinhas






"Nas entrelinhas é que dizemos.  Bom terapeuta é o que escuta o que omitimos." - Padre Fabio de Melo

E o bom parceiro(a) também.


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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Molho inglês


O ser humano tem uma tendência inata a contestar o novo, talvez por preguiça. É sempre mais fácil por para tocar uma música que já sabemos gostar do que aquela que desconhecemos e podemos vir a não gostar.  Alguns amigos meus não escutam o novo absolutamente, simplesmente seguem a linha do “não provei e não gostei”.  Se for pop então, nem pensar.  (Qual é o problema com o pop? Uma coisa só é popular quando agrada a muita gente e se agrada a muita gente por que tanta má vontade?)  Claro que não devemos gostar de uma música só porque muita gente gosta, mas give a chance to peace and to the new. 

Música é igual comida: mesmo com cara feia, experimente.  Não vai te custar nada. Se for ruim você sempre poderá cuspir, ou simplesmente não ouvir de novo.  No site da Billboard há boas opções do que tem tocado de novo pelo mundo, e não raro encontra-se sons legais como Somebody I used to know do Gotye, Blurred Lines do Robin Thicke e Mirrors do Justin Timberlake.  Às vezes é libertardor esquecer os rótulos e gostar apenas do objeto, também na música.

Mas clássicos são clássicos e justificam a razão de serem ouvidos um milhão de vezes antes de partimos para o playlist das novidades.  Nada melhor do que um clássico para trazer de volta a boa vibração de um momento: estórias engraçadas, amores, desamores ou só uma nostalgia gostosa. E música boa é como arroz com feijão: um prato que você tempera à sua maneira, de acordo com o seu momento, te satisfaz e nunca sai de moda.  

Tenho notado uma forte tendência britânica em meu setlist ultimamente, coroada este fim de semana com Easy Lover, do Phil Collins (executada no barato umas 10 vezes de sexta à tarde até a manhã de hoje). O bom e velho Phil Collins, minha gente, tradicional como uma batata inglesa!  Algum dia batata vai ser ruim? Jamais.  Junte a ele The Smiths, U2, The Police, The Who, Radiohead, Queen, Coldplay e os batatões Beatles e Stones.  Sem dúvida o tempero que mais tenho usado ultimamente é o molho inglês. Boa semana!


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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Que deselegante! - Das cafonices não permitidas


Hesitei muito antes de escrever sobre este tema, pois está diretamente ligado ao gosto das pessoas e gosto não se discute.  E eu aceitei não discuti-lo até a pacata manhã de hoje quando vi uma senhorita com algo próximo a uma revista em quadrinhos estampada nas unhas.  Com boa vontade tentei  entender a “proposta”  e me veio a cabeça tropicalismo, carnaval e Van Gogh.  

Tem certas coisas que não se usam.  Não se você quer o mínimo de elegância e classe na sua vida.  Tem coisas que por mais fofas que sejam não ficarão bem em nenhum ser vivo com mais de 30, 18, 16, 12 anos.  Unhas decoradas, por exemplo. Não.  Mil vezes não. Nem mesmo se a sua manicure tem talento para desenhar com precisão a Hello Kitty do tamanho de um grão de arroz. Colar bolinha, estrelinha, coraçãozinho e alto-relevo de qualquer tipo muito menos. Purpurina está liberada em Fevereiro. Amarelo ou verde nas unhas só de quatro em quatro anos, na Copa do Mundo.  Unhas gigantes nem pensar,  é antiquado e anti-higiênico!  Não estou dizendo que as cores devem ser necessariamente sóbrias, mas podemos lançar mão de um vermelho, uva, vinho, rosa, tons metalizados, neutros e tantas outras cores lindas sem cair na cafonice.

Passemos à maquiagem.   Aqui também vale ficar longe das purpurinas, estrelinhas e afins.   A menos que você seja o Pablo, do Qual é música?, nada de decalques, por favor!  É o seu rosto, não seu trabalhinho pré-escolar.  De novo, seu mundo pode ser colorido. Colorido E elegante. Mas assim como na vida, uma coisa de cada vez.  Se quer muita cor no rosto, lance mão de cores mais neutras (que sempre serão chiquérrimas) na roupa, vair ornar melhor.

A produção está pronta, então falta o perfume.  Para o dia a dia não precisa ser caro. Temos a sorte de ter ótimos produtos nacionais que não deixam nada a desejar aos importados (não valorize só o que vem de fora, ostentação também é cafona). Basta que a fragrância seja adequada ao horário.  Seu colega de trabalho não merece passar a manhã inteira nauseado com o perfume forte com o qual você arrasa na balada, que deselegante! Em linhas gerais, vá de cítricos pela manhã e doces para a noite.

Com tudo pronto você tem vontade de tirar aquela foto legal, né? Temos o Instagram & cia para nos fazer parecer ainda mais belas! Um sombreado aqui, uma clareada ali... Aumenta o contrastre para bronzear, diminui o brilho para matificar, enfim, recursos infinitos!   Só te peço uma coisa: fique longe das molduras de frufrus...



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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

It's only rock 'n' roll (but I like it)

Há 51 anos na estrada, The Rolling Stones é uma banda que dispensa apresentações e vai muito além do I can't get no satisfaction que todos conhecem.  Além da qualidade do conjunto da obra, impressiona a capacidade que Mick, Keith, Charlie e Ron ainda têm de fazer um som de estúdio ao vivo.

Para quem não conhece muito dos garotos ingleses, vale começar pelos clássicos Jumping Jack Flash, Start me up, All down the line e Gimme Shelter - esta última trilha incidental da cena inicial antológica, emblemética e arrepiante de Jack Nicholson em The Departed ("Os Infiltrados", versão cinematográfica norte-americana dirigida por Martin Scorsese e ganhadora do oscar de melhor filme em 2007).

Na coletânea de momentos memoráveis, encontrei uma apresentação de Satisfaction em que Keith Richard dá uma guitarrada em um maluco que invade o palco e vai para cima dele.  O som da guitarra some por alguns instantes, a banda segue, Mick Jagger continua cantando e rebolando (observando o maluco), e o vídeo vai parar no Crossfire Hurricane, trabalho comemorativo de 50 anos da banda. Vale conferir a cena:


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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Não precisa muito para gostar de Veríssimo

Não precisa muito para gostar de Veríssimo. De nenhum deles. O Érico porque foi um dos escritores mais populares do século XX, autor de “O Tempo e o Vento”, “Incidente em Antares” e de Luis Fernando Veríssimo (particularmente sua obra que mais gostei).  Além do inconteste talento literário, ter colocado um escritor como Luis Fernando Veríssimo na literatura brasileira já merece a nossa simpatia. 

Luis Fernando Veríssimo para quem não conhece é o autor das crônicas que inspiraram “A Comédia da Vida Privada”, série de tv de sucesso e best seller por meses nas livrarias - dentre tantas outras obras igualmente ou mais relevantes.  Cito estas crônicas porque são as que mais se aproximam da literatura de prosa simples, que normalmente agrada até o mais impaciente leitor. Luis Fernando escreve fácil, sem rococó.  E escreve com humor e sobre o cotidiano (normalmente da classe média brasileira), uma combinação infalível.  Tem a densidade certa que a leveza do dia a dia pede.  E boas observações.  

Sua última observação que me chamou atenção foi no artigo “Compensações”, escrito para o jornal O Globo, em 01/08/2013 (http://oglobo.globo.com/opiniao/compensacoes-9306794).  Mais precisamente um parênteses sobre Homero, o épico poeta grego, ao comentar o quadro “Guernica”, de Picasso:

"Quando Homero disse (se é que disse mesmo, nada que se sabe de Homero é cem por cento certo, nem a sua existência)..." 

É realmente curioso que um dos maiores poetas gregos da Antiguidade, e suas obras, sejam de fato suposições. E para quem leu todo o artigo, atribuir a coautoria do quadro 'Guernica', de Picasso (que mostra a devastação da cidade pelos alemães na Guerra Civil espanhola), aos Alemães é de uma genialidade impar. Adoro os parênteses do Veríssimo. Adoro Veríssimo.

 'Guernica'


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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Feminices - Como fazer o olho preto


post de  hoje é mulherzinha! É sobre maquiagem.  Como fazer aquele "olho preto" que nós mulheres tanto gostamos - e que agrada aos homens também!  Peço desculpas pelo amadorismo das fotos e do passo a passo, pois é a primeira vez que estou fazendo e minha máquina fotográfica embora seja boa não é profissional.  Ou seja, as fotos ficaram meio toscas... mas dá para pegar a idéia geral!  Caso goste do assunto, existem sites especializados bem legais. Dois que gosto muito são o supervaidosa.com e o 2beauty.com.br.

Passo 1) Prepare a pele

Antigamente começava-se com uma base seguida de pó. Hoje começa-se com o Primer, que é um produto que hidrata e ajuda a fixar a maquiagem.  Passe o Primer como se estivesse passando um hidratante.  

Em seguida passe a base e depois o pó para dar um acabamento aveludado. Se você tiver manchas, olheiras e espinhas, passe um corretivo sobre essas imperfeições (o corretivo entra depois da base e antes do pó).  Tome cuidado com a quantidade: é preferível disfarçar suavemente as imperfeições e ficar com um aspecto mais natural, do que cobrir tudo e acharem que você saiu do Madame Tussauds.

 Passo 2) Faça a base dos olhos

Comece passando uma sombra marrom-escura ou um lápis preto macio em toda a pálpebra móvel, que será a base da sombra para segurar o tom escuro.  Aqui usei um lápis-sombra preto:



Em seguida, esfume a cor com um pincel subindo um pouco a cor para a linha do côncavo (essa parte ligeiramente mais escura da pele que separa a pápebra móvel da fixa):


Passo 3) Escolha a cor da sombra

Após o passo acima teremos uma base preta/cinzenta borrocada.  Por cima desta base entra a cor que predominará.  Você pode usar sombra preta se quiser o olho bem preto mesmo, ou sombras coloridas se quiser uma maquiagem mais cool.  Sombra roxa, bordô e dourada fortes ficam lindas por cima desta base escura, pois destaca a cor sem ficar berrante.  Aqui vou usar um cinza escuro com um pouco de brilho (porque noite pede um brilho, né, minha gente!).  


Passe a sombra escolhida sobre toda a base preta feita inicialmente, e em seguida suba com ela um pouquinho até a linha do côncavo.  Este é um passo importante, pois dá profundidade ao olhar e faz a sombra ficar visível também com os olhos abertos (passando só na pálpebra móvel ao abrir o olho a sombra some). Faça movimentos de vai e vem com o pincel, do canto interno ao canto externo do olho:



Passo 4) Faça o cantinho externo mais escuro

Com uma sombra preta bem escura, reforce o canto externo e o côncavo novamente. O que deixará uma curva bem marcada acima do côncavo. Com o que sobrou de sombra, passe o mesmo pincel sobre os cílios inferiores, para ficarem com um leve sombreado preto.




Passo 5) "Desmarque" a linha da sombra

Este é o pulo de gato na maquiagem do olho! Quanto menos marcados os contornos da sombra mais bonito fica. Com uma sombra marrom, esfume a linha da sombra preta, tirando a definição e misturando os dois tons, subindo ainda mais a sombra para perto da sobrancelha:



Passo 6) Defina o formato geral e passe o iluminador

Para o canto externo ficar com aquele formato levemente em “V”, limpe o excesso de sombra com uma esponja, deixando a sombra terminar na altura que você preferir.  


Em seguida, passe uma sombra bege logo abaixo da sobrancelha e faça um "pontinho de luz" com esta mesma sombra no canto interno do olho, próximo ao canal lacrimal:





Passo 7) Passe o lápis preto

Com um lápis preto macio, contorne toda a linha de cílios, superiores e inferiores, por dentro e por fora, bem rente aos cílios. Em seguida esfume o traço com um pincel (abaixo dois modelos que funcionam bem para esfumar).  Tire o acúmulo de produto que normalmente fica no cantinho do canal lacrimal com um cotonete.



Passo 8) Finalize com máscara nos cílios

Curve os cílios superiores com um curvex por alguns segundos, faz bastante diferença! Em seguida passe a máscara/rímel preto várias vezes.  Não esqueça de passar o rímel também nos cílios inferiores (é o que dá aquele olhar de boneca). Preencha as falhas da sobrancelha com um lápis de sobrancelha próximo ao seu tom ou um cor de caramelo, chamado de "universal", que serve para qualquer cor de sobrancelha.  Se tiver um rímel incolor passe nas sobrancelhas, penteando-as para cima.




Voilà!



O resto da maquiagem do rosto vai do gosto de cada uma. Maquiagem com olho escuro fica legal com baton clarinho.  O blush pode ser usado para afinar o rosto e/ou dar um ar bronzeado. Se for para afinar, passe da altura da orelha até a metade da bochecha, mais ou menos. Se for para bronzear, passe no lugar onde ficamos vermelhinhas quando tomamos sol: na parte de cima das maçãs, sobre o nariz, na linha do cabelo na testa e na pontinha do queixo.


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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Do casamento e da separação (não necessariamente nessa ordem)

A vida é cíclica. Ela não tem começo, meio e fim como pensamos. Ela tem vários começos, vários meios e vários fims, ou seja, é um ciclo. E observando as fotos dos meus amigos em uma rede social essa idéia ficou ainda mais clara. Engraçado como as fotos costumam seguir um padrão, e de acordo com este padrão percebemos direitinho a fase da vida em que a pessoa está.

Hoje vi pela terceira vez no mês a foto de um mesmo amigo, com a namorada, em um casamento. Eles tem pouco menos de 30 anos de idade e estão na fase casadoira (ok, eu sei que este padrão está mudando.  Tenho muitos amigos casando perto dos 40 e outros que não querem casar absolutamente. Mas concentremos na maioria e não sejamos politicamente-chatos). Acompanham as fotos casadoiras as imagens de programinhas legais, em barzinhos e restaurantes legais, com enquadramentos legais e uma boa dose de sofisticação. Essa galera já curtiu e não quer mais saber de perrengue. Querem conforto e qualidade para compensar o duro que dão no trabalho. E isso faz parte da boa vibração esperada para começarem uma vida a dois. Espera-se que eles se casem, que fiquem juntos, que sejam felizes. 

Se eu descer alguns anos na idade dos amigos, e pegar os que estão entre os 18 e vinte e poucos, vou encontrar fotos coloridíssimas e enlouquecidas em meio a música, bebida, pessoas sem camisa, beijos avassalores e legendas uhullll, partiu qualquer-coisa, boraaaaaaaa, lindooooooo e qualquer interjeição com muitas vogaaaaaaaaais. É a idade do exagero, da alegria extrema, da tristeza infinita, do descompromentimento, da liberdade e de uma certa nostalgia nossa...

Se eu subir um pouquinho os anos, ou melhor pular, passando os casadoiros, eu vou cair no mundo encantado da decoração & do bebê. Nessa ordem. São os recém-casados. Primeiro veremos as fotos da casa. Aquele apartamento pequeno, às vezes velho, às vezes novo, mas sempre com uma decoração bacana, com cheiro de novo e onde até os descansos de copo tem uma estória divertida a ser contada. É o astral da vida nova começando. 

Pouco depois vem as fotos do bebê! É o momento em que você entra na página da pessoa e vê 346 álbuns da criança, que tem 3 meses. Você curte e sente saudade do seu amigo, que agora pertence àquela coisa gordinha, redonda e bochechuda que também passou a ser seu amigo (não é a foto dele que esta no perfil?)

Andemos no tempo novamente. Pulem 7 anos. Sim, a crise dos 7... pois é. Felizmente muitos casais sobrevivem, mas outros tantos não e se separam. Acho que também estão neste grupo os que ainda não casaram, mas querem se casar. Então entramos no mundo do Foco, força e fé. Olhares distantes, luzes difusas. Letras de músicas, muitas músicas. O melhor ainda está por vir. Porque no fim tudo dá certo, se não der é porque ainda não chegou o fim. Afinal você deve fazer como a água e contornar os obstáculos. Ou qualquer coisa na linha do tem que saber esperar, porque o que é seu tá guardado (mesmo que demore pra cacete). E eu poderia escrever três páginas com essas mensagens, mas acho que já deu para pescar.

O que vem depois? Não é difícil imaginar. Como eu disse, é um ciclo. Tem os que optam por não encontrar mais ninguém (porque estão muito bem consigo mesmo) e vão se dedicar a alguma atividade específica, ou a várias: fotografia, leitura, corrida, viagens... e as fotos e mensagens possivelmente serão sobre isso. Aqueles que optam por voltar a se relacionar com outra pessoa, bom, esses vão encontrar alguém na fase acima em que se enquadrar melhor. Vão postar as fotos na noitada, depois dos beijos apaixonados, depois nos restaurantes legais, depois daquela viagem de celebração do amor, e dos bebezinhos em alguns casos. Não necessariamente nesta ordem. E o ciclo da vida se reiniciará.



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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Vale a pena ouvir de novo

No dia da postagem sobre música meu ímpeto inicial foi falar de uma das melhores bandas de todos os tempos, os Rolling Stones.  Mas fazendo pesquisa encontrei este ótimo post (e perdi a modéstia) sobre um dos mais ricos gêneros musicais na minha humilde opinião, o R&B (Rhythm and Blues). Black Music para ser mais exata. Vale a pena ler - e principalmente ouvir - de novo!





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terça-feira, 24 de setembro de 2013

A campeã de citações nas redes sociais





Escolher as Pílulas Literárias do blog não tem sido fácil.  Não só pela indecisão crônica que habita em mim, mas pela infinidade de grandes autores neste mundo. À parte isso, para ser coerente com a idéia da "pílula" (pequena dose) devo ser concisa, tarefa difícil quando se fala do que gosta. Mas tentemos.

Hoje escolhi Clarice Lispector (1920-1977), a campeã de citações exageradas nas redes sociais. Quando comecei a ler frases suas fora de contexto, ou de autoria duvidosa, pensei que sua literatura estivesse finalmente caindo no gosto do grande público, no banal, no lugar comum, justamente o lugar comum sob o qual ela mostrava seus mais abstratos pensamentos.

Tenho uma vaga lembrança de Clarice na escola, porque sua literatura definitivamente não é coisa para criança ou adolescente (tal e qual os olhos oblíquos de Capitu. E é por isso que tantos jovens deixam a escola odiando literatura, inadequação). Conheci sua obra na faculdade, através de um pequeno conto chamado "Amor", de Laços de Família.  No conto, uma dona de casa com marido, filhos e uma vida perfeita pega um bonde e no trajeto ela vê um cego mascando chiclete.  Um cego mascando chiclete.  Uma cena banal que a perturba e desencadeia um monstro dentro dela, que a faz questionar o quanto sua vida não era tão moralmente perfeita e sadia assim. A culpa, explícita ou implicitamente, é um elemento sempre presente na escrita da autora.

Clarice é para poucos.  Não é e nunca será popular.  Mas é aquela autora que te sacode com três linhas.  Essencial.  E "Amor" é um texto curto que mostra com primor a essência da literatura Clariciana.

"Inclinada, olhava o cego profundamente, como se olha o que não nos vê. Ele mascava goma na escuridão. Sem sofrimento, com os olhos abertos. O movimento da mastigação fazia-o parecer sorrir e de repente deixar de sorrir, sorrir e deixar de sorrir — como se ele a tivesse insultado, Ana olhava-o. E quem a visse teria a impressão de uma mulher com ódio. Mas continuava a olhá-lo, cada vez mais inclinada — o bonde deu uma arrancada súbita jogando-a desprevenida para trás, o pesado saco de tricô despencou-se do colo, ruiu no chão — Ana deu um grito, o condutor deu ordem de parada antes de saber do que se tratava — o bonde estacou, os passageiros olharam assustados.

Incapaz de se mover para apanhar suas compras, Ana se aprumava pálida. Uma expressão de rosto, há muito não usada, ressurgia-lhe com dificuldade, ainda incerta, incompreensível. O moleque dos jornais ria entregando-lhe o volume. Mas os ovos se haviam quebrado no embrulho de jornal. Gemas amarelas e viscosas pingavam entre os fios da rede. O cego interrompera a mastigação e avançava as mãos inseguras, tentando inutilmente pegar o que acontecia. O embrulho dos ovos foi jogado fora da rede e, entre os sorrisos dos passageiros e o sinal do condutor, o bonde deu a nova arrancada de partida.

Poucos instantes depois já não a olhavam mais. O bonde se sacudia nos trilhos e o cego mascando goma ficara atrás para sempre. Mas o mal estava feito."


O conto completo está aqui: http://www.releituras.com/clispector_amor.asp


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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Um ótimo filme para as crianças (só que não)







O highlight nem tão high assim do fim de semana infantil foi a nova animação da Disney, o filme "Aviões".  

Bonitinho, 3D, ótima dublagem (Ivete Sangalo na voz do avião baiano 'Carolina' está ótima!) e as tradicionais piadinhas que fazem o filme divertido também para os adultos.  Com a estória de um aviãozinho pulverizador que sonha em competir com aviões de corrida mas tem medo de altura, logo vemos que estamos no mesmo universo de "Carros"(*), mas com metade da ação e arranjo musical do precursor.  Boa parte do começo do filme é uma conversa quase técnica entre os aviões e... "Eles não vão voar?", "Do que eles estão falando?", "Podemos comprar mais pipoca?" para as crianças.

A qualidade Disney continua valendo o ingresso do filme, que acaba sendo muito mais divertido para crianças maiores de 7 anos. 

(*) Pra quem não lembra, ou não viu, ao conferir o soundtrack de "Carros" vai entender a referência:

http://www.youtube.com/watch?v=X3HlFewKByw (Real Gone, Sheryl Crow)
http://www.youtube.com/watch?v=A82who93D4Q (Route 66, John Mayer)




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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Superplayer

Se você usa outro aplicativo para ouvir música, esqueça!

Mas antes de mais nada quero abrir um parênteses aqui, dada vergonha da condição política atual no Brasil. Quero mostrar minha não-alienação e profunda revolta com a impunidade esfregada em nossa cara diariamente.  Mas acho que estamos no caminho certo ao protestar e apontar cada vez mais as mazelas, a inoperância e os acintes de nossos dirigentes. Dedo na cara deles! Fecha parênteses. 

A quinta musical de hoje é uma propaganda descarada e eu não estou ganhando nada com isso.  Mas criações genialmente simples me fascinam.  Por isso, e por um mundo "onde a simplicidade seja o último grau de sofisticação" (com mais Da Vinci fica fácil), divulgo mesmo.  Também devo dar os créditos à fonte de meu descobrimento: o 2Beauty (sim, novamente ele! Grande achado para feminices, embora este post nao seja feminice!)

Trata-se do Superplayer, um aplicativo para ouvir música como se estivesse ligado a uma rádio, sem os chatos comerciais ou baboseiras ditas pelo locutor. Até aí nada de novo. A sacada é a estrutura do aplicativo. Você pode escolher o que quer ouvir por gênero (pop, rock, soul, whatever), como pessoas normais faziam até então, ou você pode escolher por seu estado de espírito.  (No fundo sempre usamos este critério, apenas mais velado através dos gêneros).

O menu é simples e a interface mais fácil ainda. Abrindo a lista de categorias você logo verá as seguintes opções: Gênero, Atividade, Sentimento, Parceiros e Especiais.

No item Gêneros está o que já conhecemos, mas com vastíssimas opções que vão do "Indie Folk" ao "Hard Rock", passando pelo "Death Metal" até um suspeito "Funk Proibidão".  Sem esquecer dos tradicionalíssimos Pop, Rock, R&B, House, etc.

No item Sentimento temos os estados de espírito em suas mais toscas formas: "Animado", "Desiludido", "Motivado" (essas são ótimas pra corridinha!), "Vingativo" (?!), "Mafioso", e a que melhor delas: "Aloka"!

No item Atividade temos as sugestivas opções: "Churrascão com a Galera", "Focando no Trabalho", "Sensualizando"(essa é ótima!), "Entretendo a galera no escritório", "Meditando", "Puxando Ferro", "Cozinhando", "Cantando no chuveiro" e até "Impressionando amigos Hipsters".

No item Especiais aparece: "O Melhor do Grammy", "Melhores para os coroas", "Heróis da Guitarra", "Codigo Tarantino", "As Melhores do Cinema" e por aí vai. Fecho com o item que não entendi bem o nome, Parceiros, mas cuja categoria encontram-se peculiaridades como: "Morando sozinha", "Mundo surdo", "Corre mulherada", "Só track boa", dentre várias outras igualmente pitorescas.

O aplicativo é gratuito e está disponível para a maioria das plataformas celulares. 



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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Chaplin e Robert Downey Jr.

Assisti recentemente a autobiografia do Chaplin, interpretado com semelhança e talento assustadores por Robert Downey Jr.  Além da genialidade para a comédia simples e a sensibilidade daquela expressão corporal única (dos dois), me surpreendeu a humildade com que Chaplin voltou aos EUA, depois de expulso do país, para receber o Oscar.  Que palavras simples, e doces, e que dizem tudo.  Não deixem de ver! O discurso e o filme!





O link para o discurso é: http://www.youtube.com/watch?v=wpR9xRzYHok


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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Freud explica

Eu sei, eu sei, o médico austríaco Sigmund Freud tem muito mais visibilidade como psicanalista do que como literata.  Mas não neguemos que as duas condições estão intimamente ligadas.  Com todo o respeito (e pouco conhecimento) que tenho pela psicanálise, e pelo senhor seu pai aqui tema deste post, foram algumas de suas frases soltas e dissociadas dos complexos conceitos hipnóticos-sexuais-sonhadores que mais me cativaram. Vamos a elas.


"Nunca tenha certeza de nada, porque a sabedoria começa com a dúvida."

"O pensamento é o ensaio da ação."

"O sucesso substitui todos os argumentos."

"O novo sempre despertou perplexidade e resistência."

"O intelecto nunca descansa até conseguir audiência."

E a mais linda delas...

"Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio."



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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Respostas cretinas para perguntas imbecis

Quem pensava que MAD não era cultura, enganou-se redondamente. Aquela revista sabia das coisas.

Às vezes ouvimos o apito do trem mas não sabemos de onde ele vem. É o caso da idéia comentada por Camila Morgado em um programa de TV e depois desenvolvida por Martha Medeiros em um de seus textos. Ninguém sabe de onde veio o pensamento, mas é tão atual e pertinente, que talvez não precise.  

Diz Mario Quintana que "Há duas espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são nossos chatos prediletos". Essa portanto é dedicada a você, meu chato amigo, parente, conhecido predileto! Boa semana!



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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Tatuagem é ansiedade

Segundo a Wikipedia, "ansiedade, ânsia ou nervosismo é uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, medo intenso, aperto no tórax, transpiração etc".

Só com esta definição já daria para escrever um compêndio, mas vamos por partes.  O que mais me chamou atenção na explicação acima foi a antecedência do perigo imaginário.  Em pelo menos 70% das vezes, no meu caso e com um percentual benevolente, o "perigo" é de fato imaginário, e as sensações biológicas diferentes: sensação de vazio na alma - não no estômago, inquietação inconsciente, impaciência extrema e azedume crônico.  Quem nunca?  Por muito tempo não identifiquei nenhum destes sintomas como ansiedade, julgando ser causa a insatisfação com a vida profissional, com a vida pessoal ou com o pão que insistia em cair com a manteiga para baixo.  Pareceu-me claro que a razão não podia ser tão pontual ou besta assim, e comprovei isso à medida que fui me satisfazendo profissionalmente, pessoalmente e não me incomodando tanto com besteiras.

Na minha humilde filosofia de chuveiro, que segundo Fred Elboni (@entendaoshomens no Twitter) "serve para pensarmos na vida e ensaiarmos diálogos que nunca serão ditos", concluí que ansiedade é igual hipertensão: uma doença silenciosa e muitas vezes difícil de diagnosticar.  Não satisfeita em identificar e tratar (há controvérsias) a minha, fui reparar na ansiedade alheia.

A única forma de identificar a ansiedade no outro é observar seu comportamento.  Mulheres normalmente são mais ansiosas por conta da vida sentimental.  Homens por conta da vida profissional (há controvérsias).  O que a mulher faz quando está ansiosa?  Se você pensou "merda", pensamos juntos, mas não, não é bem assim.  Caímos mais no ato vazio do que no ato errado propriamente dito.  Na solidão, por exemplo, tendemos a impor a necessidade de ter alguém legal ao lado para estar plenamente feliz.  E até esse alguém legal aparecer, vamos saindo com um alguém qualquer, até os errados.  Ou trabalhamos feito loucos. Ou saímos desesperadamente para não encarar a casa vazia na sexta-feira à noite.  Ou compramos compulsivamente. Ou malhamos exaustivamente. Ou nos tatuamos.


A tatuagem me parece um ótimo exemplo de ansiedade, ou melhor, de contimento de ansiedade, já que aplaca a ânsia de fazer alguma coisa forte e definitiva.  E falo com propriedade (e não com crítica) pois tenho uma tatuagem.  Tenho uma única tatuagem, tribal, que fiz lá pelos 26 anos e que não significa absolutamente nada (ok, alguns dizem que significam crenças que determinados povos seguem, mas garanto que a maioria nesta época guiou-se apenas pelo senso estético).  É a fase em que temos pressa para tudo.  De crescer no trabalho, de ganhar dinheiro, de viajar, de gastar, de comer, de emagrecer, de ser incoerente, de ser amado, de ser feliz.  Queremos tudo ao mesmo tempo agora e para ontem!  E o que eu fiz? Uma tatuagem.  Que não mudou em nada meu então estado profissional, sentimental ou físico, mas mudou o psíquico.  Porque, por algum motivo, aplacou a vontade de sair da inércia, de não ficar de braços cruzados, de ver alguma coisa importante acontecer - e quer algo mais importante do que o permanente?  Fora a rebeldia associada, beeeeem antigamente, com a presunçosa idéia do "quero chocar o mundo" - como se desenhar no próprio corpo devesse ter alguma interferência no outro...


Não me arrependo de ter feito, pois tive a luz de colocá-la em um lugar discreto, que pouco vejo.  (Nada contra quem tatua até a testa.  Particularmente só não gosto mais de coisas tão definitivas assim). Mas me arrependo de não ter escolhido melhor o desenho que passaria o resto da vida comigo.  Que pelo menos tivesse um significado, ora essa.  Então, há alguns anos, em um surto de necessidade de dar sentido às coisas, pensei em transformar a tribal em uma iguana (bastaria desenhar uma cabeça estilizada inclinada na ponta superior). Seria uma homenagem ao México, uma pátria que me acolheu por anos e por qual tenho infinito carinho.  Mas parei, segurei a vontade de querer achar sentido em tudo, acalmei a mente, pensei bem e vi que era só ansiedade.

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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Era óbvio

Só mesmo uma artista do naipe de Marisa Monte para fazer uma música com esta melodia, e este arranjo, e esta letra pouca e singela.  Quem é rainha nunca perde a majestade. Continua sendo óbvio.

ERA ÓBVIO

Todo mundo via
Era óbvio que havia
E eu não sabia não
Era uma confusão
E demorou
Todo mundo achava
Que entre nós algo rolava
E eu não sabia nada
Eu nem desconfiava
E agora que eu sei o que eu sentia
E que você também queria
Resolvi te procurar
Estava só pensando de repente
Se a gente algum dia
Pode ainda se encontrar


Escute aqui: http://www.youtube.com/watch?v=CfuujB5bPIk




quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Pílulas Literárias

Mark Twain
Hoje quero inaugurar uma nova sessão no blog, pois o vento da mudança continua soprando!  São as "Pílulas Literárias".

Trata-se de pequenas e indolores doses de literatura, que de forma breve e sucinta trazem rápidos pensamentos (cujos pensadores provavelmente levaram muito tempo pensando).  O formato curtinho é para que a leitura não se torne cansativa aos olhos de leitores mais ansiosos ou imediatistas. (Sempre tive a impressão de que pessoas imediatistas não têm tempo para a literatura. Não por não gostarem, mas por não terem paciência de aguardar o decorrer da estória linha após linha, e assim apreciar a arte dirigida pelo escritor mas produzida por sua própria imaginação. Diferente da tv e do cinema, onde o produto vem pronto, bastando você assistir o que alguém já imaginou por você).

Voltando às Pílulas, elas serão pequenas frases ou trechos de escritores célebres (ou nem tão célebres assim, ser bom neste caso me parece suficiente). Além do propósito da mensagem, vejo mais duas vantagens nas Pílulas: primeiro que é uma forma fácil de nós, ansiosos (sim, eu leio; mas sim, também sou ansiosa e muitas vezes tenho preguiça de ler) estarmos ligados a idéias interessantes; e segundo que é uma maneira de atualizar este espaço com mais frequência e com a arte que mais aprecio: a de contar estórias.  Seja pelos livros, pelo teatro, pelo cinema, pela tv, pelos quadrinhos, pelo facebook...

Para inaugurar a sessão pensei em uma frase que tem a ver com literatura, com clássicos literários mais precisamente, e é de Mark Twain, consagrado escritor e humorista considerado o pai da literatura norte-americana (1835-1910).  Twain definiu o clássico literário como

"Aquilo que todos gostariam de ter lido, mas ninguém quer ler".

Espero que queiram, ainda que por pequenas pílulas. Bom dia!



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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

The wind of change


Ou no bom e velho português claro: O Vento da Mudança.   Há alguns dias resolvi reformular este site, talvez motivada pela descoberta casual do blog de uma menina, a Marina Smith (o blog é o 2beauty), que fala essencialmente de maquiagem e beleza, mas traz implícito estilo de vida, gostos e preferências em diferentes aspectos.  Por algum motivo ver o site dela tão bem elaborado, atualizado com frequência e bombando no território virtual, me animou a mudar alguma coisa por aqui. (As mudanças geralmente precisam de faíscas. A autocombustão dentro de nós até existe, mas é raríssima!)

Comecei então pela aparência, que é mais fácil.  Conteúdo sempre é mais difícil de encontrar, tanto em pessoas como em coisas.  Com todo o amor que tenho pelo Rio de Janeiro, já não aguentava mais olhar para aquela foto estática azulada do Pão de Açúcar que ilustrava o cabeçalho aqui de cima.  Lembrei então que muitos dos sites bem sucedidos são aqueles onde há uma maior identificação do público com o autor.  Então por que não por fotos do meu dia a dia? (E isso nada tem a ver com narcisismo, só não me parece adequado expor imagens não autorizadas de outras pessoas).  Aí vocês podem pensar naquele velho papo da autoexposição, que eu mesma já falei por aqui.  Também pensei. Mas concluí que ou bem eu escrevo ou bem eu não me exponho.  É impossível escrever sobre comportamento humano com total imparcialidade (a gente até tenta, mas os mais perspicazes sempre percebem o posicionamento do autor). Ou seja, por mais que me preserve alguma exposição sempre haverá. Ossos do ofício.
 
Mudei a aparência e acrescentei uma descrição do blog (ainda que muito sucinta e distante do que queria, mas beleza), explicando a origem do nome e o critério de definição de conteúdo.  A origem do blog foi mais fácil, e acho que foi o que deu o viés para as idéias de hoje.  Difícil mesmo foi redefinir conteúdo.  Por mais que adore maquiagem e este mundo de moda & beleza, que está fazendo de blogueiras verdadeiras empresárias do ramo, não me vejo escrevendo sobre isso.  Até por que posso deixar o Instagram para tal, que serve muito bem a este propósito (uma imagem vale mais do que mil palavras!). (Vocês repararam como eu gosto de parênteses, né?).  O fato é que minha praia sempre será o comportamento humano.   O relacionamento humano, para ser precisa, com todos os seus contrastes, desajustes, altos e baixos. 

Criei este blog em 2006, embora os primeiros textos tenham sido escritos em 2004. Lá se vão quase 10 anos.  Eu já era formada, já tinha conquistado minha independência profissional, era solteira e queria me casar, como boa parte do sexo feminino entre a (controversa) faixa de 25 a 35 anos de idade.  E este estado de espírito era claramente refletido nos textos daquela época.  Depois, à medida que a vida foi mudando, os textos também foram.  Novos ventos.  Alegrias, crises, conquistas, hiatos e toda a felicidade e tristeza correlatas.  Novos ventos.  Mudanças de cidades, de estado civil, de estado de espírito.  


Percebi que não preciso redefinir conteúdo algum aqui, porque ele se redefine sozinho, como a vida.  Em 10 anos eu mudei tanto, e quis tantas coisas diferentes, e estive feliz e triste tantas vezes que me dei conta de que nós simplesmente não vamos parar de mudar.  Não enquanto estivermos vivos. Não enquanto não estivermos inertes.  Não enquanto não conquistarmos tudo.   E nunca conquistaremos tudo, porque o tudo de 10 anos atrás vai ser sempre muito diferente do tudo de hoje.





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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Das redes sociais

Há algum tempo ando tentada a escrever sobre o comportamento das pessoas nas redes sociais.    Não só pela logística da ferramenta me fascinar, mas por constatar que a rede de contatos diz muito sobre quem somos.  Os amigos são o resultado mais concreto de por onde você andou, como viveu e provavelmente vão influenciar diretamente a sua forma de pensar.

Na minha lista de amigos, por exemplo, 10% atuam na área biológica (médicos, enfermeiros, veterinários, fisioterapeutas). 13% atuam no que chamei de “áreas diversas” (fotógrafos, comerciantes, músicos, pilotos, esportistas). 18% atuam em humanas (advogados, jornalistas, publicitários, psicólogos, educadores). 26% são estudantes, do lar ou malucos que conhecemos por aí e podem estar fazendo qualquer coisa neste momento. 33% eu classifiquei como pertencentes ao mundo corporativo (engenheiros, profissionais de TI, marketing e administração).  Fora a porção de estudantes e malucos que não se encaixam em nenhuma categoria, os dois maiores percentuais se assemelham à minha formação: 18% tiveram a mesma base acadêmica e 33% convivem no mesmo ambiente profissional.  Embora as redes sociais não devam em absoluto ser fonte de informação, não podemos menosprezar (visto os últimos acontecimentos no país) seu poder de influência e mobilização. Assim que, a grosso modo, é o meio desse percentual maior de amigos que vai determinar os pontos de vistas de maior interesse para a sua realidade, influenciando diretamente a sua forma de pensar.

Outra coisa que chama minha atenção é a questão dos amigos em comum.  Você tem 80 amigos em comum com uma pessoa que estudou contigo no jardim de infância e você não vê há 25 anos, e apenas 20 amigos em comum com aquela parceira da faculdade com quem você viveu colada nos últimos 10 anos e sabe tudo da sua vida. O que me sugere que embora símbolo de modernidade, a rede social veio também para resgatar o passado.  Ao olhar parte da lista de amigos a sensação é de abrir o livro do ano da escola – Yearbook (daí o conceito do nome Face book), ou abrasileirando, ver a nossa foto de turma.  E sem sair de casa, sem marcar um encontro, interagindo sem interação, você tem a chance de ver aquelas pessoas hoje.  Não só ver, saber.  Saber como estão, se o tempo foi cruel ou bondoso com elas.  Com quem se relacionam, como é sua ligação com a família, seus hábitos, em que trabalham, que lugares frequentam.  Em alguns casos podemos saber bem mais do que isso: o que comem, quando se exercitam, para onde viajam, com quem saem, sua filosofia, se a sua vida é um mar de felicidade ou de revolta.

As tribos na rede social são fácilmente identificáveis. Há os que só comentam política. Os que só falam do trabalho. Os que respiram futebol. Os que vivem exclusivamente para os filhos. Os que estão ali só para se divertir com superficialidades. Os que acham que não estão se expondo postando e curtindo mensagens subliminares (ou não) de filosofia de vida. Os que fazem de tudo um pouco. Os que dizem tudo e quase sempre não dizem nada com grandes frases de efeito. Os que se vangloriam de sua liberdade, de sua atribulada agenda, de sua independência emocional, mas tristemente não se desligam nem nos fins de semana, ou na presença real de amigos e família, vivendo conectados permanentemente em um relacionamento sério com o computador ou celular. Poucos são os que postam mensagens do que estão pensando, quando a pergunta é justamente essa: “No que você está pensando?”. É incapaz de puxar papo com uma pessoa que lhe interesse para não parecer interessado, mas curte todas as vírgulas que ela posta. Postar 3000 fotos de si mesmo, dos lugares onde está ou do que está comendo não é exposição, mas de uma idéia que lhe passou pela cabeça, é. 

Também vejo a imagem da felicidade soberana e absoluta na rede. Compreensível.  Se no mundo real não expomos nossas fraquezas e não queremos despertar pena ou consternação, por que expô-las em uma rede virtual?  Então esbarramos em outra questão: o que expor?  Seu trabalho? Sua arte? Seu gosto musical? Suas conquistas? Seus filhos? Seu relacionamento? Sua carência de relacionamento? Sua visão política? Sua filosofia de vida? Sua satisfação ou insatisfação com o que quer que seja? Sua beleza em frente ao espelho? E para cada uma dessas perguntas você conhece pelo menos uma meia dúzia de amigos que responderia “sim”. E você muitas vezes critica quem expõe tudo isso, mas também se expõe.  Porque em algum nível sempre há exposição, a menos que você seja um voyeur.  E não poste nada, nunca. De forma alguma imponho aqui tom de crítica, o que definitivamente não é. Aceito e principalmente me divirto, com todas as cabeças pensantes (umas mais, outras menos) que habitam o meu mundo virtual. Até porque só criaram o botão “curtir”, não o “julgar”.


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