Mostrando postagens com marcador Paixão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Paixão. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Da superficialidade da vida

(de 2011)

Meu interesse em você são os melhores e mais superficiais possíveis. Quero amizade com leveza, paixão sem posse e amor sem cobrança. Quero que você seja livre para ir e voltar conforme sua vontade, e para sumir conforme a minha. Não, isso não funcionará a longo prazo. Mas por um tempo quero me dar o luxo de não pensar a longo prazo. Quero poder ser imediatista, priorizar a emoção à razão. Quero ser intuitiva e me deixar levar por sua aparência, sua energia, sua falta de compromisso com o mundo. Quero comer sem contar calorias e beber sem pensar no tamanho do porre. Quero pensar no hoje sem me preocupar com o amanhã. Quero não ter horários ou limites. Quero essa felicidade fugaz, arredia, surpreendente, original, genuína. Só por hoje.

XXX

terça-feira, 8 de maio de 2012

A quarta mulher



Duas amigas interessaram-se pelo mesmo cara. Interessante, charmoso, descolado e casado. Sim, ele era mal casado, mas casado. Já tinha se separado, voltado, e agora, diziam, estava para se separar novamente. Uma delas disse que o fato de ele ser casado não a incomodava, já que tudo o que queria era uma aventura. Ser casado era até uma vantagem, pois era garantia de que não haveria cobrança, exposição, aporrinhação. A outra já se inibiu, pois estava cansada das aventuras. De qualquer forma, ele sempre chamava a atenção das duas.

Eis que no fim de uma noite com bebida, música e muita conversa, no meio de uma rodinha de amigos, chega o dito com uma quarta mulher. Sim, a quarta mulher desta estória: as duas amigas, a esposa e agora, a amante. As duas amigas se entreolharam e olharam pra ele, que sorriu timidamente.

- Meu querido, que porra é essa? – perguntou a aventureira sem pestanejar. A gargalhada foi geral.

O rapazinho apenas sorriu, sem graça. Com a intimidade que lhe era permitida pelos anos de amizade ela continuou, puxando um outro amigo para um canto e perguntando baixinho:

- Sério, que porra é essa?

E o amigo respondeu:

- É a namorada dele.

- Namorada? Ele num é casado?

- É.

- E tem uma namorada?

- Tem.

- Amante, você quer dizer?

- Eu num tô dizendo nada...

Beberam mais, riram e o Don Juan foi embora com a namorada-amante-concubina-amancebada... diretamente para os braços da esposa. Porque homem casado volta para casa, certo? Talvez. E as duas amigas divertiam-se ao digerir a estória.

- Disputar com uma eu até encarava. Mas com duas?

- Eu não tô disputando nem com meia...

- E no caso de eu entrar no páreo, eu não vou ser a mulher, nem a namorada e nem a amante. Eu vou ser o que?

- A trouxa, amiga. A trouxa.



XXX