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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Respostas cretinas para perguntas imbecis

Quem pensava que MAD não era cultura, enganou-se redondamente. Aquela revista sabia das coisas.

Às vezes ouvimos o apito do trem mas não sabemos de onde ele vem. É o caso da idéia comentada por Camila Morgado em um programa de TV e depois desenvolvida por Martha Medeiros em um de seus textos. Ninguém sabe de onde veio o pensamento, mas é tão atual e pertinente, que talvez não precise.  

Diz Mario Quintana que "Há duas espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são nossos chatos prediletos". Essa portanto é dedicada a você, meu chato amigo, parente, conhecido predileto! Boa semana!



XXX

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Roteiro do episódio-piloto de "Metrópole"

Hoje eu quero agradecer a vocês que vem aqui, com regularidade, ler meus 'devaneios' : ) Fiquei muito feliz em ver que o número de visualizações deste blog triplicou do ano passado para este ano. Leio todos os comentários, abertos e privados, embora não consiga respondê-los no mesmo local (não sei se o blog tem essa ferramenta, possívelmente tem e sou eu que não sei usar). Venho sim tentando escrever com mais frequência, sempre! E hoje vou fazer uma postagem diferente: o roteiro do episódio piloto do Metrópole – “Apresentações”:


CENA 1 – INTERNA/BAR/NOITE

O local é um bar-restaurante bem decorado e acolhedor. Há pequenas mesas, um balcão com bancos altos e puffs coloridos. Em uma mesa, Duda toma cerveja e lê o jornal. Ana entra falando ao celular, carregando muitas sacolas e chorando, senta no balcão.

ANA: (NO CELULAR) Aí ele disse que nossas expectativas de vida eram diferentes, que ele não merecia a mulher maravilhosa que eu sou... Hã? Ele não é a escória do universo! Pelo menos me fazia acreditar que não ia morrer sozinha, cuidando dos meus gatos! (...) Eu não vou me livrar dos gatos! Não, não espanta! E pensar que eu nem tive chance de mostrar a lingerie temática que eu comprei. (DUDA COMEÇA A SE INTERESSAR PELA CONVERSA) Não, a lingerie não é de gatos. É de... (COCHICHA. DUDA SE ESFORÇA PARA OUVIR), com uma renda preta na... (COCHICHA), e uns bordadinhos vermelhos em forma de... (COCHICHA). Agora me diz, o que que eu faço com ela? (...) Eu não tô sendo pessimista, sou realista. (...) Tá bom. Não, eu não vou atrás dele. Nem mandar o carro do disk emoções. Nem entupir a secretária eletrônica dele (...) Já, ele já mudou o número. Tá, a gente se fala amanhã, então. Beijo.

DUDA VAI AO BALCÃO. SENTA AO LADO DELA.

DUDA: E aí, tudo bem?

ANA: (RINDO TIMIDAMENTE) Mais ou menos.

DUDA: Terminou com o namorado, é?

ANA: Pois é.

DUDA: Não fica assim não. A vida é assim. Uns vão, eu venho. (ENTREGANDO UM LENÇO PARA ELA) Você vem sempre aqui?

ANA: Não, não conhecia aqui. Eu tava saindo pouco desde que comecei a, a, (SOLUÇANDO) namorar e...

O GARÇON SE APROXIMA PARA SERVI-LOS. REAGE QUANDO DUDA DIZ QUE É NOVO NA CASA.

DUDA: Um sujeito que dispensa alguém como você não merece essas lágrimas. Você estava dizendo que costuma vir com as amigas, é? Eu sou novo por aqui, não conhecia o lugar. Meu nome é Eduardo. E o seu?

ANA: Ana.

DUDA: Ana. Nome bonito. Igual a dona. Então Ana, eu tava pensando, a gente podia sair qualquer dia desses, (OLHANDO PARA OS PACOTES) quem sabe você me mostra a, a, as redondezas, uns barzinhos novos!

ANA: Claro, quem sabe. Fica com meu telefone. Me liga, a gente combina.

DUDA: Combina, combina sim... (OLHANDO-A DE CIMA EMBAIXO).

ANA: Bom, eu acho que desencontrei da pessoa que eu tava esperando. Já vou indo. A gente se fala então, Eduardo. Prazer, tchau.

DUDA RETORNA À MESA, GUARDANDO O TELEFONE ORGULHOSO DE SI MESMO. KAROL SAI DO BANHEIRO LIMPANDO SUA BLUSA E SENTA NA MESA AO LADO DA DE DUDA. OLHA EM VOLTA, E DEPOIS O RELÓGIO, COMO SE ESPERASSE ALGUÉM. SINALIZA AO GARÇOM PEDINDO UM CHOPE, E ENQUANTO ESTE A SERVE ELA REPARA EM DUDA, QUE ESTÁ LENDO O JORNAL. COLOCA A BOLSA COM FORÇA NA CADEIRA, PARA FAZER BARULHO E CHAMAR A ATENÇAO. DUDA NÃO OLHA. REPETE O ATO COM O CELULAR SOBRE A MESA, ELE CONTINUA LENDO O JORNAL. ELA OLHA O RELÓGIO NOVAMENTE, E COMEÇA A DEDILHAR NA MESA, IMPACIENTE. KAROL PEGA UM PEDAÇO DE GUARDANAPO, MOLHA NO CHOPE, EMBOLA E JOGA NO JORNAL DE DUDA. ELE OLHA PARA OS LADOS, PRA CIMA E VOLTA PRO JORNAL. ELA REPETE O ARREMESSO, ELE OLHA PROS LADOS E FINALMENTE A NOTA, INCRÉDULO. ELA SORRI PRA ELE. ELE SORRI DE VOLTA E VOLTA A LER O JORNAL.

KAROL: (V.O. - voz em off) É tímido! (LEVANTA E SENTA NA MESA DELE)

DUDA: (PERCEBENDO A MOVIMENTAÇÃO ABAIXA O JORNAL LENTAMENTE E A VÊ SENTADA EM SUA MESA, SORRINDO)

DUDA: Oi.

KAROL: Oi! Tudo bem? Se importa se eu sentar aqui?

DUDA: Não, fica à vontade.

CENA 2 – INTERNA/APTO MALU & EDGAR-SALA/NOITE

O apartamento é simples e pequeno. Livros e revistas predominam na decoração. Uma grande luneta com pedestal está posicionada próxima à janela. A mesa está posta para o jantar. Malu está olhando pela luneta.

MALU: Hum, seu Manuel já chegou? Já. Hoje é dia da cortina fechar mais cedo, heim Dona Vanda! É isso aí, uma rapidinha durante a semana não faz mal a ninguém. (/T) E o casalzinho-arranca-rabo, será que fez as pazes? (/T) Não, ninguém em casa ainda.

EDGAR ENTRA.

EDGAR: Bisbilhotando a vida dos outros de novo, Malu?

MALU: Bisbilhotando não, pesquisando. É bem diferente. (SAI DA LUNETA, BEIJA EDGAR, VAI ATÉ A COZINHA E VOLTA COM 2 CERVEJAS). Você sabe que eu preciso de inspiração para escrever, e a natureza humana é um poço de...

EDGAR: (OLHANDO PELA LUNETA) Gordura. Meu Deus, como a Dona Vanda aguenta o peso desse homem?

MALU: Tá com fome?

EDGAR: (VINDO PARA A MESA ONDE MALU ESTÁ ARRUMANDO OS PRATOS) O que temos?

MALU: O que você quer?

EDGAR: Depende do que temos.

MALU LANÇA UM OLHAR AMEAÇADOR.

EDGAR: O que tiver tá bom. E o seu livro, como está? Conseguiu prorrogar o prazo com a... (COMEÇA A RIR)

MALU: Você não perde a chance de sacanear com o nome da mulher, né?

EDGAR: (RINDO) Desculpa. Mas quem se chama Lupita?! De onde a mãe dela tirou esse nome?

MALU: Ela é mexicana. E o nome é Guadalupe. (/T) Enfim, a agência prorrogou o prazo, mas disse que se eu nao tiver pelo menos 30 páginas até o final do mês vou ter que pegar outro projeto, e tocar o livro em paralelo.

EDGAR: E quanto você escreveu até agora?

MALU SORRI.

EDGAR: Quantas páginas?

MALU: Não se pode medir o progresso de um trabalho por...

EDGAR: Quantas linhas, Maria Luiza?

MALU: Depende. Incluindo o título, foram três.

EDGAR: Três linhas? Você passou a tarde inteira em casa e escreveu três linhas?

MALU: Ah, Edgar, eu tava fazendo pesquisa, buscando idéias, mas não saiu nada. (PÁRA E PENSA) Mas sabe que eu descobri por onde as formigas estão chegando lá no quarto? Você não vai acreditar...

EDGAR: Você anda com muito tempo livre.

MALU: Odeio estes dias que não sai nada! A inspiração não vem!

EDGAR: Bom, o importante é quando ela vir te encontrar trabalhando.

MALU: Tem uma citação que diz isso. (/T) “A inspiração existe, mas tem que te encontrar trabalhando”. De quem é mesmo?

EDGAR: Minha, ué.

MALU: “A inspiração existe, mas tem que te encontrar trabalhando”. É de Picasso! Já li em algum lugar.

EDGAR: Porque você não escreve sobre uma coisa bem diferente, tipo a extinção dos mamutes siberianos, ou a origem do mito da superioridade masculina, ou a importância do golfe na tomada de decisões corporativas?

MALU: Sabe outra coisa que Picasso disse? Que não se pode fazer nada sem solidão...

CENA 3 – INTERNA/BAR/NOITE

(Continuação da cena anterior) Duda e Karol sentados à mesa conversando.

KAROL: Mas vem cá, você tá esperando alguém?
DUDA: Não, vim tomar um chope antes de ir pra casa. (/Tempo) E você, tá sozinha?

KAROL: Sozinha, abandonada, careeente. Acho que levei um bolo. (/T) Você trabalha por aqui? Faz o que?

DUDA: Eu sou designer.

KAROL: Eu tenho um salão de beleza, aqui pertinho. Se quiser passar lá qualquer hora dessas, eu te dou um trato.

DUDA SORRI, SOLTA O JORNAL EM CIMA DA MESA E A OLHA DE CIMA A BAIXO.

DUDA: Sei. Olha que eu vou, heim? Mas me diz uma coisa, é pré-requisito ser bonita assim como você pra trabalhar lá?

KAROL: Não, pré-requisitos comigo só pros bofes. E quer saber? Você se encaixa em muitos deles.

DUDA: Não diga. E o que mais você gosta de fazer, além de se apresentar assim, de forma tão convencional?

KAROL: Ah, eu gosto de festa. Sair, conversar com as pessoas, saber da vida delas, perseguir as celebridades...

DUDA: Como?

KAROL: Você sabe, são os artistas que lançam as modas, né? Parar de comer carboidrato, por exemplo, já ta out. In agora é dieta ortomolecular. Eu preciso acompanhar as tendências.

DUDA: Sem dúvida. E você mora por aqui?

KAROL: Moro, duas ruas aqui pra cima. E você?

DUDA: Meu escritório é aqui do lado. Costumo dar uma passadinha aqui quando eu saio. Sabe como é, despressurizar antes de ir pra casa.

KAROL: Sei. E normalmente você se despressuriza assim, sozinho?

DUDA: Não, eu prefiro me despressurizar acompanhado. (OS DOIS RIEM) Sabe que eu gostei de você? Desinibida, segura, autêntica.

KAROL: Ah, as mulheres hoje em dia são muito presas! Eu faço o que bem entendo, sou eu, eu mesma.

DUDA: Adoro mulheres independentes. A gente podia sair qualquer dia desses, ia ser ótimo saber mais sobre você, você mesma.

KAROL: Me dá seu telefone então.
DUDA: (PASSANDO UM CARTÃO ENQUANTO ELA SE LEVANTA) Espera, e seu nome?

KAROL: Karol. E você vai me ver mais cedo do que pensa, (OLHANDO O CARTÃO) Eduardo!

DUDA: Por quê?

KAROL: Intuição.

KAROL SAI. DUDA A OBSERVA E PENSA NO QUE ELA DISSE.

CENA 4 – INT/APTO MALU E EDGAR-SALA/NOITE

(Continuação da cena anterior) Malu e Edgar estão sentados à mesa. Há pratos, copos, duas garrafas de cerveja, uma cesta de pão e uma caixa de ceral com um brinquedo de montar ao lado.

EDGAR: Tem uma festinha do trabalho pra gente ir na sexta-feira.

MALU: Festa de que?

EDGAR: Homenagem ao Almeida.

MALU: Como esse seu chefe sobrevive dentro da empresa?

EDGAR: Não só sobrevive como é promovido.

MALU: Mas como é que pode? Você vive falando que o cara é um mané, que toma crédito pelo trabalho dos outros, que só fala com figurão...

EDGAR: E é isso mesmo. Mas no mundo corporativo não importa quão medíocre você seja, desde que seja um medíocre com contatos.

MALU: Não liga, não. A sua vez vai chegar, acredita. Eu tenho certeza.

EDGAR: É, pode ser. (ENQUANTO FALA EDGAR MONTA O BRINQUEDINHO DA CAIXA DE CEREAL). Eu sei que essas festas são um porre pra você, mas é nessas horas que se conhece as pessoas certas. E afinal de contas tenho que mostrar a minha senioridade como um executivo bem sucedido, responsável, maduro, perfeito para alçar vôos mais altos na empresa e...

MALU O OBSERVA MONTAR O BRINQUEDINHO. EDGAR DISFARÇA E LARGA O BRINQUEDO.

MALU: Entendi. Ah! Deixa eu te falar outra coisa. Lembra que comentei que a Ana e o Maurinho terminaram o namoro, que ela tava arrasada e tal?

EDGAR: Lembro.

MALU: Já sei o que a gente vai fazer pra ajudar!

EDGAR: A gente?

MALU: Nós, e o Duda.

EDGAR: O que o Duda tem a ver com isso?

MALU: Vamos apresentá-lo para ela.

EDGAR: Isso nunca dá certo, Malu...

MALU: A gente chama a Karol também, como se fosse uma festinha aqui em casa. Aí ele e a Ana se conhecem, com naturalidade, sem pressão.

EDGAR: Isso se a Karol não atacar antes.

MALU: Eu invento alguma coisa pra ela, digo que ele já é comprometido.

EDGAR: Igual você fez quando me apresentou a ela, né?

MALU: Não, você eu disse que era gay.

CENA 5 – INT/SALÃO DE KAROL/DIA

Salão de Beleza de Karol. Karol está sentada no balcão, Malu está sentada em uma cadeira baixa, onde uma manicure faz sua mão. Ana chega depois.

KAROL: Mas foi isso, não dei nem tempo do bofe pensar. Cheguei, sentei e me apresentei. Comigo agora o negócio é assim: (ESTALANDO OS DEDOS) Atitude! Ação!

MALU: (REPETINDO O GESTO DELA) Alucinação!

KAROL: Não sei porque. Eu não tinha nada a perder!

MALU: Pode ser. Só tem que ter a sorte de não pegar um cara mais conservador.

KAROL: Conservador, Maria Luiza? Se liga.

MALU: Tá bom, um cara mais tradicional, por exemplo. Se eu fizesse um negócio desse com o Edgar, era bem capaz de ele levantar da mesa me achando uma louca.

KAROL: E ele não acha?

MALU: Acha agora, depois de dois anos de casados. Você acha que eu era assim? Que ele era assim? No início tudo são flores, minha amiga, a vida é um grande jardim!

KAROL: E não é mais?

MALU: É, mas às vezes aparecem uns espinhos.

ANA CHEGA, DESANIMADA.

ANA: (MELANCÓLICA) Oi, gente.

KAROL: Meu Deus, quem morreu?

ANA: Eu morri. Com uma bala certeira no coração, disparada pelo Maurinho.

KAROL: (PARA MALU) Isso sim é conservador. Piegas, brega, cafona no último!

ANA: Só levantei da cama hoje porque pior que um pé na bunda é ouvir minha mãe enumerar pela milionésima vez as razões por quais eu não consigo prender um homem. (/T)

MALU: Pra começo de conversa a estratégia já está errada. Homem não é bicho pra ser preso!

KAROL: Ou seja, é bicho sim, mas tem que deixar solto.

MALU: Não! Não é bicho e não pode ficar preso. Senão foge.

ANA: Que importa se é pra deixar solto ou deixar preso? O único bicho que eu tenho é o meu gato.

KAROL: Outra cafonice.

ANA: Deixa meu gato fora disso, Karol. Vem cá, onde você se enfiou ontem? Fiquei plantada lá no bar e você não apareceu!

KAROL: Apareci sim, senhora. Peguei uma mesa, esperei quase meia hora lá dentro.

ANA: Ué, então a gente desencontrou. Mas sabe que foi até bom? Vocês não imaginam o que aconteceu.

KAROL: Não mesmo. Tava falando agora pra Malu que...

MALU: Ah! Eu também tenho uma novidade pra vocês!

KAROL: Peraí então. Primeiro as notícias mais interessantes. Falo eu, depois a Ana e depois você, Malu.

MALU: Por que eu por último?

KAROL: Você é casada. Se não tá grávida, separando ou ganhou a mega-sena, nada pode ser tão interessante assim.

CENA 6 – INT/BAR/DIA

Edgar e Duda sentados no balcão, conversando enquanto tomam um café.

DUDA: Te juro que foi assim. Eu tava aqui sentado, quieto, tomando um chopinho inofensivo antes de ir pra casa...

EDGAR: E do nada duas mulheres pulam em cima de você!?

DUDA: Não. A primeira fui eu que pulei em cima. Ela me intrigou. Entrou de repente, igual uma doida, chorando! Nem olhou pra minha cara, o que é estranhíssimo. Afinal eu sou um cara notável. Sentou lá no balcão. Falava sem parar no telefone, um papo de lingerie... Eu tive que ir até lá, né?

EDGAR: (DEBOCHANDO) Claro, imagina. Uma mulher carente? Tudo que ela precisava era uma figura compreensiva e desinteressada como você...

DUDA: Pior que tava carente, cara. O que que tá acontecendo com essa mulherada? Isso é normal aqui? Lá na Espanha num era assim não. Muito tempo fora, tenho que me atualizar...

EDGAR: Quanto tempo você ficou lá?

DUDA: Cinco anos. To morrendo de saudades das brasileiras... e Malu? Amiguinhas?

EDGAR: Olha, as amigas da Malu perguntam a mesma coisa sobre os homens. Aquela ladainha de 'o que está havendo com os homens', 'por que não querem compromisso', etc, etc. Eu particularmente acho que é um problema de alinhamento de expectativa.
DUDA: (DEBOCHANDO) Que com um plano de ação adequado, executado em 3 fases, com a devida avaliação de desempenho, se resolveria?

EDGAR: Sem dúvida.

DUDA: Mas então, conversa vai, conversa vem, eu comecei a elogiar, levantei a auto-estima dela...

EDGAR: O que não deve ter sido difícil, já que ela tava chorando...

DUDA: Não importa. Uma mulher confortada, um telefone no bolso.

CENA 7 – INT/SALÃO DE KAROL/DIA

(Cont. cena anterior) Karol, Malu e Ana conversam sem saber que falam da mesma pessoa.

KAROL: Conheci o maior (DEBOCHANDO) pitel ontem! Sem sacanagem, gatíssimo.

ANA: Eu também conheci uma pessoa! Lá no bar! Tão romântico... Disse que o Maurinho não merecia minhas lágrimas.

MALU: Lágrimas? Você contou a ele do Maurinho?!

ANA: Ele percebeu.

KAROL: Como?

ANA: Digamos que meus sentimentos estavam um pouco expostos...

KAROL: Você chorou em público de novo?!

ANA: Isso não vem ao caso. O que interessa é que eu gostei de ele ter chegado junto, sabe? Ele conduziu a aproximação. E vocês sabem, isso é totalmente necessário comigo.

MALU: E aí?

ANA: Pediu meu telefone. Vamos ver se vai ligar. Ultimamente parece que ando emitindo ondas de repelência.

KAROL: Tá vendo porque eu prefiro agir logo? Não fico nessa angústia por causa de homem, não. Comigo, quem decide se vai ligar ou não sou eu. Eu pego o telefone, não dou. E foi assim ontem. A presa estava lá, quieta, indefesa, lendo um jornal. Silenciosamente eu me aproximei, envolvi, distraí... e pá! Bofe seduzido, situação definida.

CENA 8 – INT/BAR/DIA

(Cont. cena anterior) Edgar e Duda sentados no balcão, Duda conta a Edgar como conheceu as duas garotas no bar.

EDGAR: E a outra menina, como você conheceu?

DUDA: Foi uma ir embora pra outra aparecer.

EDGAR: Essas coisas não aconteciam quando eu era solteiro!

DUDA: E agora?

EDGAR: Também não.

DUDA: Mas então, eu estava distraído lendo o jornal, quando vi a mulher tava sentada na minha mesa!

EDGAR: Que louca, e estranhamente familiar...

DUDA: Primeiro estranhei, achei que fosse doida mesmo. Mas depois gostei. É aquele tipo de mulher segura, que sabe o que quer. Eu gosto de mulher assim.

EDGAR: Você gosta de todo tipo de mulher, Duda. Falando nisso, a Malu quer dar uma festinha lá em casa esse fim de semana. Vai chamar umas amigas, pediu pra você aparecer.

DUDA: Beleza. Que dia vai ser, sexta?

EDGAR: Não, sábado. Sexta eu tenho uma parada do trabalho.

DUDA: Roubada?

EDGAR: Nem fala, vai me custar caro levar a Malu pra me ajudar a bajular o meu chefe.

DUDA: Custar caro?

EDGAR: Duda, deixa eu te explicar uma coisa. Uma coisa muito séria, presta atenção. Tudo o que você faz pra uma mulher é implacavelmente registrado e debitado dos seus desejos sexuais no futuro. Você faz a merda, esquece...

DUDA: Ou não percebe que fez.

EDGAR: Ou não percebe que fez, exatamente. Aí ela sorri, como se também não tivesse percebido. Passam horas, dias, e de repente, pá! Tá lá!
DUDA: O que?

EDGAR: A merda! Quando, onde e porquê você fez. Ela resgata a estória em detalhes e você, que já nem se lembrava da parada, fica vendido. Não quero te assustar não, cara, mas quando você fica com a mesma mulher por mais de três meses passa a existir uma nova moeda na tua vida.

DUDA: Três meses???

CENA 9 – INT/SALÃO DE KAROL/DIA

(Cont. cena anterior) Karol, Malu e Ana conversam sem saber que falam da mesma pessoa.

MALU: E aí, falta contar de mais alguém que conheceram ou posso falar agora?

KAROL: Mais? Duas saídas, dois encontros, a gente ta acima da média, flor!

MALU: Ótimo. Então podem acrescentar mais um na lista!

ANA E KAROL: Quem?

MALU: Quero que vocês conheçam um primo do Edgar. Na verdade eu tinha pensado em apresentar ele para Ana, que tava mal por causa do Maurinho. Mas já que as duas estão tão bem encaminhadas...

KAROL: A gente pode jogar ele pro alto e vê quem pega primeiro!

ANA: Ou ver quem ele escolhe.

CENA 10 – INT/FESTA DO TRABALHO DE EDGAR/NOITE

A festa acontece em um restaurante, com várias mesas arrumadas para um jantar. Música alta, garçons circulando, pessoas dançando e se divertindo. Malu e Edgar chegam e circulam pelas mesas.

MALU: É open-bar pelo menos?

EDGAR: Não sei, mas pega leve. Num vai perder a linha com bebida aqui.

MALU: (GRITANDO, AO VER O GARÇON PASSAR COM UM COCKTAIL DE CAMARÃO) Olha o tamanho daquele camarão!

EDGAR: Nem com comida, Malu, nem com comida.

EDGAR E MALU SÃO ABORDADOS POR ALZIRA, COLEGA DE TRABALHO DE EDGAR.

ALZIRA: (BÊBADA) Edgar! Que bom que você chegou! Só faltava você...

EDGAR: (PARA MALU) Open-bar, definitivamente. Oi Alzira! Essa aqui é a Maria Luiza.

MALU SORRI E ESTENDE A MÃO.

ALZIRA: (DEIXANDO MALU COM A MÃO ESTENDIDA) Vamos dançar Edgar? O pessoal já tá lá. Tá tooooooodo mundo dançando! Bora lá!

MALU: (RECOLHENDO A MÃO) Muito prazer em te conhecer também.

EDGAR PUXA MALU PARA SENTAR EM UMA MESA, DEIXANDO ALZIRA SOZINHA.

EDGAR: (AJEITANDO A ROUPA) E aí, tô com cara de executivo promissor?

MALU: Pela reação da galinácea está com cara de executivo fácil.

EDGAR: A Alzira é maluca. Teve um caso com o Fernando no ano passado e quando terminaram a mulher pirou. Só quer saber de homem casado. Não é nada pessoal.

MALU: É, é conjugal.

EDGAR: Olha lá, lá vem o homem. (MALU E EDGAR SE LEVANTAM). Veio sem a esposa! Senão você podia ficar amiga dela e...

MALU: (DEBOCHANDO) Que pena!

PASSA O GARÇON, EDGAR E MALU PEGAM UM COPO DE CAIPIRINHA CADA UM.

ALMEIDA: (TAMBÉM VISIVELMENTE ALTERADO COM A BEBIDA) Edgar, mas que bela acompanhante você trouxe dessa vez!

MALU: (PARA EDGAR) Dessa vez?

EDGAR: Almeida, essa é minha esposa, Maria Luiza. Vocês se conheceram na...

ALMEIDA: Neste minuto. Eu jamais me esqueço um rosto. Como vai minha querida? (VIRA-SE PARA UM GARÇON PARA DEVOLVER SEU COPO VAZIO)

MALU: (PARA EDGAR) Tem certeza de que a festa era às 9 da noite? Esse povo parece estar bebendo desde às 9 da manhã!

EDGAR: (PARA ALMEIDA) O que está achando da festa?
ALMEIDA: Cara! (RI) Mas como a verba não sairá do meu orçamento...(RI ESCANDALOSAMENTE. EDGAR E MALU RIEM FORÇADAMENTE).

ALMEIDA: Edgar, meu caro, se incomodaria de pedir àquele garçon ali atrás de você um uisquinho pra mim?

EDGAR: Volto já.

EDGAR SAI.

MALU: Linda festa. As pessoas parecem animadas e...

ALMEIDA: (TIRANDO O COPO DA MÃO DE MALU) Linda é você, minha querida. Linda demais para ficar aqui cercada por estes bajuladores. Que tal a gente sair daqui agora e tomar um espumante, ao invés dessa caipirinha cor de....
MALU: Imagina, a caipirinha está ótima! (TENTA PEGAR O COPO DA MÃO DELE, QUE NÃO SOLTA. O COPO BALANÇA E CAI SOBRE O VESTIDO DE MALU)

ALMEIDA: Mas que desastrado que eu sou! Deixa eu te limpar... (PEGA UM GUARDANAPO SOBRE A MESA E TENTA LIMPÁ-LA, MALICIOSAMENTE. MALU FICA IMÓVEL, ESTARRECIDA)

CENA 11 – INT/SALÃO DE KAROL/NOITE

Uma cabeleleira faz o cabelo de Ana enquanto Karol canta e dança em frente ao espelho, com um aplique roxo no cabelo. A música está alta. Outra cliente está sentada próxima fazendo as unhas e prestando atenção nas duas.

ANA: Você vai amanhã encontrar a galera?

KAROL: Que?

ANA: Você vai amanhã encontrar a galera?

KAROL: Não entendi!

ANA: (GRITANDO) Você vai amanhã encontrar a galera?!

KAROL: (CONTINUA DANÇANDO) Também acho! Tô a cara da Cristina Aguilera!

A CLIENTE ENTREGA UMA ESCOVA PARA KAROL SIMULAR UM MICROFONE E BATE PALMAS ACOMPANHANDO A MÚSICA. KAROL BRINCA MAIS UM POUCO, ABAIXA O SOM E VAI ARRUMAR UM CABIDE CHEIO DE PERUCAS.

ANA: Amanhã tem o lance lá na casa da Malu, ne? Você vai?

KAROL: Claro. Ela não quer apresentar o bofe pra gente?

CLIENTE: Olha, sem querer me meter no papo de vocês, você tá certíssima. A situação tá feia, num tá dando pra dispensar não. Se tá solteiro, ataca logo.

ANA: (PRA KAROL) Que roupa você vai usar? Alias, como será esse primo do Edgar, heim?

CLIENTE: Como todos os homens. Um príncipe no início, um sapo papudo no final. O negócio é aproveitar logo, antes de as coisas irem pro brejo.

KAROL: O Dona Cecília, desculpe perguntar, mas com toda essa sua sabedoria, como é que a senhora nunca se casou?

CLIENTE: E quem disse que nunca casei? Casei sim, quatro vezes. Mas não deu certo.

ANA: Quatro vezes? A senhora tem alguma apostila...

CLIENTE: Os homens não aceitam ouvir a verdade, minha filha. Eles gostam de mulher burra. Burra e quieta. Quanto mais tapada melhor. Mas tem que ser tapada mesmo, daquele tipo que vê, finge que não viu e ainda se sente culpada por ter visto.

KAROL: (VESTINDO UMA PERUCA DESGRENHADA) E com essa peruca, a senhora acha que eu vou parecer tapada o suficiente pro sapo?

ANA: Que sapo?

KAROL: O primo do Edgar!

CLIENTE: Hum, essa peruca está ótima, mas por via das dúvidas põe as pernas de fora.

KAROL: Essa aqui também é um arraso! (PÕE UMA PERUCA IGUAL DA TINA TURNER).

ANA: Tá igual a Tina Turner.

KAROL: (TIRANDO A PERUCA) Que horror! Tina Turner tá over total.

O TELEFONE TOCA E A CABELELEIRA QUE ESTÁ COM ANA VAI ATENDER (EM OFF). KAROL SE APROXIMA DE ANA E COMEÇA A EXPERIMENTAR VÁRIAS PERUCAS NA CABEÇA DE ANA.

ANA: Eu tô na dúvida. Não sei se vou ousada ou se uso algo mais recatado, tipo Lolita. O que que a senhora acha?

CLIENTE: Qualquer um dos dois extremos está bom. Só não fique no meio do caminho, senão vai parecer banal.

KAROL: Vamos ver. Ousada. (PÕE UMA PERUCA ESPALHAFATOSA). Recada. (PÕE UMA PERUCA CHANEL COM FRANJA. FAZ CARA DE QUE NÃO GOSTA DE NENHUMA, EXPERIMENTA OUTRAS ATÉ VOLTAR PARA A CHANEL)

KAROL: Vai Lolita. Assim não tem chance do bofe ficar na dúvida. Ele vai ter a santinha recada... (PÕE A PERUCA) ...ou a saidinha depravada! (PÕE EM SI MESMA A ESPALHAFATOSA).

ANA: Deus me defenda!

KAROL: Defender de que, Ana? Só se for do seu vocabulário. (IMITANDO-A) “Tiro certeiro no coração”, “Deus me defenda”, só tá faltando soltar um “Cruzes”!

ANA: Ai, Karol... (T/) Vem cá, e aquele outro cara que você conheceu? Ligou pra ele?

KAROL: Ainda não. Estou esperando o momento ideal. Quando a auto-estima dele estiver em baixa e ele se perguntando o porquê de eu não ter ligado.

ANA: Karol!

CLIENTE: Este é o espírito minha filha. Você terá muitos casamentos.

KAROL: Tá vendo? É assim que se trata os homens. Aí quando a gente liga, eles só faltam abanar o rabinho.

ANA: O que eu conheci ainda não ligou. Será que ele tá fazendo a mesma coisa comigo?

KAROL: Claro que não! Homens não têm estratégia de aproximação. Ou a mulher é interessante e eles ligam logo... (PERCEBE O FURO) ...ou eles perdem o telefone, o que provavelmente foi o seu caso!

CENA 12 – INT/FESTA DO TRABALHO DE EDGAR/NOITE

(Cont. cena anterior) Malu encontra Edgar e conta que o chefe dele deu em cima dela.

MALU: Onde você se meteu?

EDGAR: Fui atrás do whisky pro homem. Não estavam servindo, tive que buscar na cozinha e... (OLHANDO MALU MOLHADA) O que aconteceu?

MALU: O seu chefe aconteceu.

EDGAR: ?

MALU: Me convidou pra ir tomar champanhe com ele! Me derramou a bebida e ainda quis limpar!

EDGAR: Mas, mas, que filha da...!

MALU: Deixa quieto, num vai se indispor com o homem. Finge que não te contei e...

ALMEIDA OS ENCONTRA.

ALMEIDA: Aí estão vocês!

EDGAR: (OFERECE O COPO RISPIDAMENTE) Seu whisky.

ALMEIDA: (JÁ COM UM COPO NA MÃO) Obrigado, meu caro, mas já consegui a minha dose.

EDGAR, P. DA VIDA, BEBE O WHISKY DE UMA SÓ VEZ

MALU: O senhor não nos leve a mal, mas vamos ter que ir embora. Vou ter que trocar este vestido e...

ALMEIDA: Sem problemas, fiquem à vontade. Quanto a você Edgar, passe na minha sala na segunda-feira. Temos alguns assuntos pra tratar.

EDGAR: (LEVANTANDO O DEDO) O que eu vou tratar com o senhor é...

MALU VÊ ALZIRA PASSANDO E A PUXA PELO BRAÇO.

MALU: A Alzira queria muito conhecer sua esposa, Sr. Almeida e... Ah! Ela não pôde vir, não é mesmo? (EMPURRA A MULHER PRA CIMA DELE). Que pena, mas tenho certeza que a Alzira vai adorar lhe fazer companhia. (PARA EDGAR) Vamos embora? Essa festa já deu o que tinha que dar.

EDGAR: Ele dá em cima de você, diz que fala comigo segunda e fica por isso mesmo?!

MALU: Você também pode brigar com ele agora e procurar emprego na segunda.

MALU PUXA EDGAR, QUE SAI A CONTRA-GOSTO OLHANDO O CHEFE COMO SE PLANEJASSE VINGANÇA.

CENA 13 – INT/CASA DE MALU E EDGAR-SALA/NOITE

Malu está pronta arrumando a sala para receber o pessoal. Edgar está no quarto trocando de roupa.

EDGAR: (GRITANDO DO QUARTO) Que roupa eu ponho?

MALU: A que você quiser, amor.

EDGAR APARECE COM UMA CAMISA DO HOOTERS COM DOIS PEITÕES DESENHADOS. MALU OLHA PRA ELE COM REPROVAÇÃO.

EDGAR: (VOLTANDO PRO QUARTO) A que eu quiser...

EDGAR VOLTA RINDO COM UMA CAMISA DE PORTO DE GALINHAS, COM ESTAMPA DE UMA GIGANTE GALINHA RELAXADA E OS DIZERES: “XÔ STRESS”. A CAMPAINHA SOA.

MALU: (PARA EDGAR ENQUANTO VAI ABRIR A PORTA) Edgar, qualquer coisa que não agrida meus olhos...

MALU ABRE A PORTA E APARECE KAROL VESTIDA QUASE COMO UMA STRIPPER INTERGALÁCTICA.

MALU: (PRA SI MESMA AO OLHAR A ROUPA DE KAROL) ...o que parece que vai ser difícil essa noite.

KAROL: E aí, que tal? Diz aí se hoje eu não passo o rodo nesse primo do Edgar.

EDGAR VOLTA COM UMA CAMISA BRANCA.

EDGAR: É Karol, a concorrência vai ser injusta com a Ana.

MALU: A Barbarella vai beber o que?

A CAMPAINHA SOA NOVAMENTE. MALU ABRE A PORTA E ENTRA ANA VESTIDA COMO UMA COLEGIAL.

ANA: E aí, pessoal!

MALU: (OBSERVANDO A ROUPA) Vocês entenderam que eu queria apresentar um amigo, não é? Que não é o Duran Duran nem o Humbert Humbert...

KAROL: Por que? Eles não puderam vir vir?

EDGAR: Duran Duran é da estória da Barbarella, o outro não faço idéia.

MALU: É o algoz da Lolita, personagem do Nabokov. Karol: menos Caras, mais literatura, por favor.

ANA: A gente combinou de vir assim pra facilitar a escolha do seu primo, Edgar. São tipos opostos, de um deles ele deve gostar.

EDGAR: Um deles?

KAROL: E a festa que vocês foram ontem, como foi?

MALU: Você nem imagina. A gente ta vivendo numa selva, uma selva social. Em 1 hora que a gente ficou na festa, você acredita que deram em cima do Edgar, de mim, na maior cara dura? Como se ser casado hoje em dia fosse um detalhe!

EDGAR: E o engraçadinho que deu em cima da Malu foi o meu chefe. Num dá pra engolir...

KAROL: Inteligência emocional, Edgar, você não só tem de engolir como tirar proveito.

ANA: Ninguém é de ninguém. É uma selva mesmo, com as tribos se engalfinhando. Se bem que no meu caso tá mais pra: (CANTANDO) “Não sou de ninguém/tô sozinha no mundo e você vai sumir também!”

KAROL: Se eu fosse você, Malu, amarrava o Edgar no pé da mesa. O negócio tá feio mesmo.

(OLHANDO PARA EDGAR, KAROL SIMULA UMA CHICOTADA NO AR. EDGAR A OLHA DESCONFIADO)

EDGAR: Mas hoje vocês vão conhecer a pessoa certa! O meu primo é um cara que, sabe como é que é, né? Sentou no meio fio, encostou o pé no chão, ele tá pegando. Se é que vocês me entendem...

MALU: Falando assim até a mesa te entende, Edgar.

KAROL: Como ele é?

MALU: É alto, loiro, bonito, descoladão.

EDGAR: Trinta anos, corpo atlético.

MALU: (PARA EDGAR) Quer ele pra você? (VOLTANDO PARA AS MENINAS) Ele é ótimo, tem uma cabeça aberta, é divertido.

ANA: E o que ele faz da vida?

A CAMPAINHA SOA.

EDGAR: (LEVANTANDO PARA ABRIR A PORTA) Ele mesmo te responde.

EDGAR ABRE A PORTA. DUDA ARREGALA OS OLHOS AO VER AS DUAS LÁ DENTRO.

ANA/KAROL: Eduardo?

DUDA: Oi meninas...

EDGAR: (SE TOCANDO DO QUE ACONTECEU) Eu sabia que tinha algo de familiar na descrição que você fez daquelas duas!

MALU: Vocês se conhecem?

DUDA: Conheci outro dia no bar.

MALU: Quem?

DUDA: As duas.

MALU: Já que o trabalho de apresentá-lo está feito, entra Duda.

KAROL: Pra mim não muda nada. (DIRIGINDO-SE A ANA) Par ou ímpar?

ANA: Pelo amor de Deus, Karol.

DUDA: Sinceramente, me desculpem a situação. Eu não podia imaginar que...

ANA: Tudo bem. (OLHANDO PRO ALTO COMO QUE FALANDO COM DEUS) Você tá de sacanagem comigo, né?

MALU: Ótimo, de uma só vez conseguimos acabar com a possibilidade de encontro das duas.

EDGAR: Te falei que isso nunca dá certo.

MALU: (PRA SI MESMA) Daria, se o Duda não atirasse até nas paredes...

EDGAR: Senta aí, cara. Cervejinha?

KAROL: Mas e aí Duda, tem amigos pra apresentar pra gente?

OS CINCO SENTAM E COMEÇAM A RIR E CONVERSAR EM OFF. ENTRA MÚSICA DE ENCERRAMENTO.

CENA 14 – (CRÉDITOS FINAIS) INT/DENTRO DE UM TAXI/ NOITE

Ana, Duda e Karol dividem o táxi saindo da casa de Malu e Edgar.

DUDA SENTADO NO TAXI ENTRE ANA E KAROL.

ANA: Copacabana!

KAROL: Leblon!

O MOTORISTA INDECISO OLHA PARA DUDA.

DUDA: Ipanema, por favor. (ABRAÇANDO AS DUAS) O convite para conhecer meu apartamento ainda tá valendo...