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segunda-feira, 18 de junho de 2012

O sítio arqueológico de Palenque


Mais um trechinho do livro novo!

(...) Uma hora após o jantar um dos irmãos de Consuelo acendeu a fogueira, e toda a família se reuniu em volta dela. Ninguém sentava muito próximo às chamas, Palenque era uma região absurdamente quente e a única finalidade da fogueira era iluminar aquele lugar onde a eletricidade nunca chegou. O último a se juntar a nós foi o homem que parecia ser o mais velho do grupo, embora nem um fio de cabelo branco tivesse. Era a pele enrrugada, o aspecto cansado, a lentidão em se locomover que revelavam sua idade. Quando o senhor se sentou Consuelo dirigiu-se a ele, falando algumas poucas palavras ao seu ouvido. Ele olhou pra mim e voltou a escutar Consuelo.

- O que você disse a ele? – perguntei a ela quando voltou a seu lugar, ao meu lado.

- Que a senhora quer conhecer o Popol Vuh, o livro sagrado dos Maias – disse ela diretamente.

E assim, com a tradução simultânea baixinha de Consuelo, descobri que o Popol Vuh era a bíblia Maia, o mais antigo documento escrito da América e única fonte de informação sobre a mitologia Maia. Era o livro através do qual os Maias descobriam sobre sua própria origem e os fenômenos da natureza. Também chamado de Livro da Comunidade, o Popol Vuh contava a estória dos Deuses Gêmeos Hunahpú e Ixbalanqué.

- Um dos que Pacal assumiu a identidade para chegar a imortalidade? – interrompi curiosa.

- Este mesmo – continuou Consuelo.

Os Deuses Gêmeos haviam nascido do encontro entre Hun-Hunahpú e a donzela Ixquic nas cavernas de Xibalbá, o inferno na religião Maia.

- Eles se conheceram no inferno? O que faziam lá? – interrompi novamente.

Consuelo ignorou a pergunta e prosseguiu. Ixquic havia engravidado pela saliva da Árvore de Jícara, onde estava a caveira de Hun-Hunahpú, e logo subiu ao mundo exterior fugindo dos senhores de Xibalbá.

- Agradeço se pudermos não passar perto desta árvore...

Sorrindo, Consuelo continuou: Ixquic foi aceita por Ixmukané, que já criava os dois filhos mais velhos de Hun-Hunahpú, antes de eles serem transformados em macacos pelos irmãos menores.

- Espera. Quem transformou quem em macaco?

Os filhos mais novos de Hun-Hunahpú transformaram os filhos mais velhos, seus irmãos, em macacos.

- Por que, meu Deus?! Como eles faziam isso?

São Deuses senhora, Deuses podem tudo. E a transformação foi feita porque os mais velhos pertubavam o sossego dos mais novos, Hunahpú e Ixbalanqué.

- Paciência não é muito o forte dos Maias, não é, Consuelo? Nem hierarquia...

Hunahpú e Ixbalanqué encontraram o campo de jogo de bola Maia que havia sido construído por seu pai, e ao jogar enfureceram os Senhores de Xibalbá, pelo que foram chamados a visitar o Inframundo, onde passaram por ínúmeras provas e venceram os Ajawab, os todo poderosos de Xibalbá. Assim, Hunahpú se converteu no Sol e Ixbalanqué se converteu na Lua!

E daquela forma lúdica a mitologia Maia explicava a criação do Sol e da Lua. Eram mitos tão ricos e cheios de curiosidades que eu escutaria aquelas estórias a noite inteira. Mas eu já estava tão integrada à cultura deles que Xibalbá não me saía da cabeça. Como podia permanecer ali sentada se o cenário daquelas estórias estavam, segundo Consuelo, a alguns metros dali? Por mais estranho que isso soasse, eu queria conhecer o inferno. (...)


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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tequila e pimenta

Mais um trechinho do livro!

(...)
"A princípio a comida mexicana parece excessivamente temperada e gordurosa, mas sua variedade de texturas, cores e sabores simplesmente seduzem. Os pratos principais do dia a dia dos Tabasquenhos, e possivelmente da maioria dos mexicanos em outras partes do país, são baseados em milho, tortilha e feijão. O feijão pode ser servido em quase todas as refeições, como sopa de entrada ou refrito, esse último se assemelhando ao nosso tutú. Eles também preparam o arroz branquinho, mas cozido apenas em água e nunca combinado com o caldo do feijão. Um dos meus pratos favoritos de café da manhã, em hotéis ou em festividades mexicanas, era o Tamal coberto com molhinho de tomate acompanhado dos frijoles refritos com um queso quebrado por cima e bananas fritas ao lado. O Tamal é parecido com a pamonha brasileira, só que preparada com sal e recheio de carne de porco desfiada. Vem envolto em uma folha verde escura semelhante à folha de bananeira. Sucos e frutas também são oferecidos de entrada pela manhã, mas o prato quente era invariavelmente o hit da refeição matinal. Também pela manhã ou acompanhando de una rica carne asada (o churrasco), eram servidas as quesadillas, que nada mais são do que um queijo quente feito com tortillas de trigo. As tortilhas são um capítulo à parte na vida mexicana. Equivale ao nosso pãozinho francês de cada dia, quando não faz as vezes do arroz. Os mexicanos “da gema” preferem as tortilhas de milho para os tacos e as de farinha de trigo para as quesadilhas. A variedade de tacos e chiles também me conquistou. Eu que não comia carne de porco antes de chegar ao México jamais consegui resistir aos Tacos de Cochinita: tortilhas de milho que envolvem carne de porco desfiada em suculento molho vermelho. Depois vieram os tacos de pulpo (polvo) e os de salpicón (cujo recheio é frio à base de carne de vaca desfiada, cebola, alho, suco de limão, coentro e pimenta). Por seu perfume e sabor o coentro é um dos ingredientes favoritos das donas de casa. Pimentas e pimentões são outro capítulo importante da comida mexicana, senão o principal. Considerados por muitos herança indígena, os famosos chillis são parte indissociável da vida dos mexicanos. Em minha primeira visita ao Wallmart local percorri espantada um corredor inteiro repleto de chiles: Jalapeños, Serranos, de Arbol; em molho, natural ou em conserva, uma diversidade sem fim. Deleite para visão e paladar.

Sabores inusitados vez ou outra apareciam também. Uma vez, um casal de amigos mexicanos nos convidou para ir ao que eu entendi que seria um churrasco de família. Foi num rancho bem afastado da cidade, com muita música, comida e bebida – como qualquer festa mexicana que se preze. A mesa com as comidas me pareceu diferente, mas ainda achava que comeríamos carne de boi. Conversa vai, conversa vem, e finalmente fui avisada de quera tudo de porco. Inclusive uma porção que me servi pensando ser feijão, que era sangue de porco preparado. Por sorte - e delicadeza - meu vizinho me avisou antes de que eu provasse. Marlene e Francisco foram grandes vizinhos e amigos. Na madrugada em que a cidade inundou, em 2007, foram eles que nos tiraram da cama às três da manhã avisando que havia ordem de evacuação no bairro. E eles não só nos avisaram como nos deram abrigo. Conseguiram que ficássemos na casa de amigos deles, em uma área alta da cidade, até a situação se resolver. Desde que nos conhecemos, por acaso no condomínio onde morávamos, eles nos convidavam para suas principais festas pessoais e familiares. O mexicano é um povo muito família e temente a Deus. Se não me engano, setenta por cento do país é católico. São vervorosos e intensos, em tudo que fazem.

Encontrando com as mães da escola toda semana acabei entrando pro grupo delas. Um grupo criado para resolver questões da escola e que acabou ficando amigo. Fazíamos regularmente cafés da manhã, porque era o turno de funcionamento de todas as escolas da cidade, e porque para o mexicano o café da manhã é uma refeição nobre. O grande programa do cidadão de Villahermosa no fim de semana, domingo geralmente, é ir tomar café da manhã em família nos grandes hotéis. Também é comum festas infantis acontecerem sábado de manhã, onde os buffets oferecem café da manhã com cara de brunch, servido em um salão de festa ou nas palapas das piscinas. Voltando as mães, uma delas uma vez muito esfuziante e simpática se vestiu de Princesa para o aniversário da filha, Claudia Renata. (A mãe era Claudia e a filha Claudia Renata. O hábito de colocar o mesmo nome da mãe na filha, como fazemos no Brasil com pais e filhos, foi outra coisa que no início eu estranhei). Estava a mãe da menina vestida de princesa de ‘A Pequena Sereia’ e as tias de Cinderela, Branca de Neve e Jasmine. Todas arrumadas com a classe das princesas Disney: cabelo e maquiagem impecáveis, fantasia sob medida. Animadores e personagens são comuns nas festas, mas nunca tinha visto tais papéis desempenhados pela família do aniversariante. Os mexicanos, assim como os venezuelanos, os panamenhos e a grande maioria dos latinos, é um povo muito festeiro e musical. Nas festas corporativas em que fui durante os quadros anos em que estive em Villahermosa tocava predominantemente Salsa. E eles dançavam borrachos y felices noche adentro. A famosa tequila com limão e sal é realmente imbatível. E inesquecível - principalmente no dia seguinte."  (...)

sábado, 31 de julho de 2010

Os Maias

Um trechinho do livro novo!

"(...) A única coisa boa desse passeio foi ter encontrado a Consuelo. Consuelo trabalhava na lanchonete do parque, mas por algum motivo naquele dia estava brincando com as crianças no teatro de fantoches. Começamos a conversar, ela comentou que tinha interesse em sair dali, eu comentei que tinha interesse em arrumar uma “muchacha” e algumas referências depois ela estava instalada em minha casa. Consuelo era Maia.

Os Maias habitaram as florestas tropicais do Norte da América Central no século IV a.C., região onde hoje é a Guatemala e Honduras, e o sul do México, onde hoje é a Península de Yucatán, formando uma região de grande riqueza cultural e diversidade étnica. Poucas pessoas sabem que para cada pirâmide egípcia foram construídas dez pirâmides Maias.

Consuelo tinha os traços típicos dos Maias. Era baixa, de pele escura amorenada e um nariz alongando que quase sobressaía entre os olhos. Não pude deixar de perguntar o porquê de ela ter me contado, ainda em nossa primeira conversa, sua origem. Porque nuestro pueblo aún vive. No somos índios - respondeu ela. Chamar alguém de índio no México é extremamente ofensivo. É como dizer que se trata de um bronco, de um animal. Consuelo queria apenas respeito, desde o princípio. Contou-me que ao contrário do que muitos pensam, os Maias não desapareceram por completo com a chegada dos colonizadores europeus ou com os frequentes combates internos entre os demais povos da terra, como foi a tomada da região pelos Toltecas, no séc. IX. Muitos Maias ainda viviam da mesma forma em que os encontraram os espanhóis, em 1697: em pequenas cabanas coberta de sapê, mantendo a tradição de seu velho modo de vida. Eles viviam em harmonia com a natureza e com a invasão por seus algozes perderam grande parte do que tinham de mais valioso: a identidade cultural. O dialeto Maia sobrevivera infimamente, como escutei casualmente meses depois em uma ida ao supermercado. Algumas das cidades mais elaboradas do continente haviam sido construídas pelos Maias, que em seu tempo inovaram em inúmeras áreas além da matemática, astronomia, arquitetura, a escrita e principalmente a ciência do México antigo. (...)


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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Estranho convidado


Quando digo que as lagartixas formam parte indissociável da população de Villahermosa (México) as pessoas acham que há exagero. Não há. Vejam quem nos brindou singela presença na noite de Reveilon - com sua ceia a postos, claro.


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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Novo Livro

Acabei de ler Comer, Rezar, Amar, best-seller de Elizabeth Gilbert. Pra quem não conhece, foi um fenômeno que teve mais de 4 milhões de cópias vendidas no mundo. Além de o livro ser excelente, me surpreendi com o estilo simples de narrativa da escritora. Modestamente, considerando minha ainda pouca experiência, senti muita familiariedade com sua forma de contar estória. Por isso retomei meu empoeirado projeto do segundo livro. Segue um trecho pra vocês:

(...) O embarque no aeroporto de Guarulhos, São Paulo, se deu entre olhos marejados e fala apertada. Ninguém queria admitir que estava triste com a viagem. Eu constatava como é possível estar feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz em morar fora do Brasil pela primeira vez na vida. Triste em me afastar do meu país e da minha família mais uma vez.

Eu nunca tive o privilégio de almoçar na casa dos avós no fim de semana, ou sair pra tomar sorvete com uma prima depois da escola. Essas atividades corriqueiras para tantas pessoas, para mim sempre foram uma raridade. Cresci em Friburgo, uma cidade pequena de serra há duas horas do Rio de Janeiro. Na maior parte do ano, minha família era meus pais, eu e meus irmãos. A família da minha mãe vivia em São Paulo, e a do meu pai, com quem tínhamos pouco contato, em Niterói. Encontrá-los era ocasião de uma ou duas vezes no ano, quase sempre no Natal e nas férias de Julho. O lado bom da distância é que visitá-los era sempre uma festa, aguardada ansiosamente, mês a mês, até a chegada da viagem. Íamos felizes no velho Corcel Dois dourado do meu pai, pela Dutra, num calor desgraçado. Eu e meus irmãos viajávamos livres, leves e soltos no banco de trás - naquele tempo não eram comuns as cadeirinhas de criança. Se a bagunça era muita e os pedidos de calma não atendidos, meu pai metia a mão por entre os bancos e beliscava a primeira perna que alcançasse. Era um tal de perna pra cima, risadas abafadas e choro do que fosse contemplado com o beliscão. Uma vez minha mãe meteu a cabeça pra fora do carro, para olhar não sei o que, e seu óculos de sol saiu voando. Ela ficou alguns minutos olhando o óculos quicar no asfalto quente, e só depois acordou. Olhou pra gente e começou a rir, a típica aquariana.

Depois disso, aos dezessete anos, fui morar sozinha no Rio para fazer faculdade. Eu dividia o apartamento com amigas e não havia nem um adulto responsável por perto. Nós havíamos nos tornado as adultas responsáveis (ao menos assim se supunha). Eu via minha família primeiro nos fins de semana, depois a cada quinze dias, logo uma vez por mês. Naturalmente minha vida foi se construíndo no Rio, e no último ano de faculdade chegava a passar meses sem subir a serra. Casei com Edgar, que também não tinha família no Rio. Quando ele foi transferido para São Paulo eu já estava grávida do Pedro. Fiquei feliz porque apesar de estarmos longe dos meus pais, estaríamos perto dos pais dele, dos meus avós e finalmente teríamos os singelos almoços de domingo na casa de parentes. Doce ilusão, nossa estada em São Paulo duraria exatos seis meses.



Eram dez horas da noite quando ouvimos a última chamada para o vôo 14 da Aeroméxico. Meus pais, avós, sogra, cunhados, todos foram se despedir. Muitas recomendações e cuidados com o primeiro netinho que sequer caminhava quando partiu. Pedro observava tranquilo o movimento, alheio ao seu destino. Nos olhos de cada um eu podia ver um pensamento diferente: Será que voltam? Será que ficam? Pedro não vai deixar ninguém dormir no avião. Mandem notícias. (...)

Depois tem mais. Um beijo!


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sábado, 18 de outubro de 2008

Peculiaridades do México



Retomando os relatos de minha percepção dos hábitos mexicanos, não posso deixar de comentar as peculiaridades que me chamam atenção por aqui.

Além das iguanas, que mereceram um post à parte logo de minha chegada ao México (Tá lá no início do blog, nos posts de 2006), não posso deixar de comentar os jacarés. Ou crocodilos, como eles dizem por aqui.  Em Villahermosa, ao contemplar qualquer laguinho mixuruca, cuidado! Um jacaré pode vir te saludar. Aparentemente eles não tem o menor problema conosco, vide o jacaré da foto nadando serelepe pela lagoa, bem próximo à margem do prédio onde vivem umas amigas brasileiras. Na mesma margem onde brincam crianças (!?) e mascotas (animaizinhos de estimação), me pergunto se algum jacaré já teve o seu McLanche Feliz. Ojalá, não!

Além dos jacarés, existe uma outra espécie bem curiosa por aqui: o vendedor-preguiça. Desconheço qualquer parentesco com os bahianos, mas caso exista posso garantir que os mexicanos foram os precursores honorários. E não é só em lojinha pé-de-chinelo, não - porque nessas além de não te atenderem, pedem delicadamente para você vazar, caso seja hora do almoço, do café, da saída, da entrada, de falar ao telefone, ou se tiverem a fim. Em loja grande também acontece. Por exemplo: tem um balcão enorme, uma vendedora, e DUAS clientes (não são dez, só duas). Se a vendedora atende a primeira cliente e a segunda pergunta o preço de algo, que está ali, do ladinho dela, ela vai dizer pra coitada esperar a sua vez no atendimento. E assim sucessivamente, não importando se são dois esperando ou dez, se você só quer fazer uma pergunta ou experimentar a loja inteira. E essa espera pressupõe que a primeira cliente conte o número de pedrinhas que tem no detalhe da bolsa, defina o tom que melhor combine com o vestido que ela comprou tal dia... (ah sim, esta, mexicana, também conta toda a estória do vestido, afinal, prá que pressa?). A vendedora é capaz de perder mais tempo te explicando por que não vai te atender do que virando a porra da etiquetinha pra você ver o preço do produto. Fazer duas coisas ao mesmo tempo, nem pensar. Afinal, ela tem duas mãos, dois ouvidos, dois olhos, mas apenas um neurônio! Ganho por comissão? Ou não existe ou eles realmente têm problemas...


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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Mulher expatriada


Pra quem acha que vida de mãe e dona-de-casa expatriada como eu é só "frozô" pra lá e pra cá, acertou!

Prova isso o último evento da SSA - Schlumberger Spouses Association (quer mais frozô do que essa associação?????).

Normalmente nos reunimos 1 vez por mês para um café da manhã em um hotel bacana bancado pela empresa. É uma delícia! Conversamos, comemos e muitas trabalham em obras beneficentes. Eu infelizmente ainda não tive essa oportunidade, pois com duas crianças pequenas, sem empregada e sem família por perto quem tem precisado de caridade sou eu.

Esta foto foi tirada no Dia Internacional dos países (ou alguma coisa assim), onde cada país montou uma mesa com comidas típicas e fez uma apresentação sobre a cultura de seu país. As colombianas foram vestidas a caráter, com saia rodada, flores por todos os poros e muita cor. As equatorianas, também vestidas a caráter, cantaram e dançaram três músicas, podendo ter parado na primeira... As mexicanas apresentaram o que na minha opinião o méxico tem de melhor: a comida! As argentinas... ficaram bem longe da gente!!! E dessa vez não teve briga quanto à origem do pão de queijo. E nós, brasileiras, arrebentamos com a mesa melhor decorada e uma super apresentação cobrindo o Brasil por regiões, e finalizada com o hino nacional cantado em diferentes ritmos brasileiros. Vale a pena checar esta versão do hino no YouTube, é emocionante. (http://br.youtube.com/watch?v=ppOIMD5hCH4).



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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Natureza em fúria


Por incrível que pareça estamos ameaçados por uma nova enchente aqui em Vilahermosa, México. Como se não bastasse a do ano passado, que devastou boa parte da cidade - meu condomínio inclusive (foto) - mais uma vez a natureza vem cobrar o seu preço.

Se chover pra valer, alaga de novo. Nada foi feito, nem uma obrinha sequer. Para quem acha que o serviço público do Brasil é uma merda, é porque não conhece o do México. Aqui a corrupção impera, pior que no Brasil. E o que que eu ainda estou fazendo aqui? Também não sei.

Talvez a comida deliciosamente picante me encha os olhos, ou o hábito do café da manhã em grande estilo tenha me seduzido... Talvez ter um filho mexicano conte um pouco, e o trabalho do meu marido conte muito. E definitivamente, a "buena onda" do povo mexicano sempre valerá a pena.

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segunda-feira, 7 de maio de 2007

Diário de Bordo 3: Vivendo no México

Queridos amigos,

Ontem fizemos um “passeio” que não posso deixar de relatar para vocês. Trata-se do Yumka, uma área a 10Km do centro de Villahermosa, Tabasco-México, que sofre de crise de identidade. Não é nem zoológico, nem safari, nem parque. Ou melhor, de acordo com os meus parâmetros e amor ao conforto e à comodidade, pode sim ser considerado um safari (já não preciso ir a África).

Saio eu, linda, morena e escovada de minha casa climatizada, acreditando que este "passeio" seria feito dentro de um ônibus com ar condicionado (como me informou um ser bestial num hotel). Eis que o safari começa no estacionamento do local. Ao percorrer cerca de 5m entre nosso Ecosport (também climatizado) e a portaria do lugar - sob um sol de 50 graus - já estavamos todos enxarcados, sedentos e exaustos. O meu filho, coitadinho, suava tanto que parecia que ia sumir debaixo do boné - que já era tão maior que sua cabecinha de melão.

Olho para os lados e não vejo ônibus algum com vidros fumê e ar condicionado ligado. Vem a primeira surpresa: o "passeio" inicia-se com uma caminhada por uma mata que esconde jaulas de bichos diversos.

Como se caminhar sob sol escaldante já não fosse diversão garantida - além do saltinho que eu usava sobre a trilha de seixo rolado - um guia equipado com um potente megafone ia berrando em nossos ouvidos a estória de cada bicho visto. O curioso foi ver que uma trilha de formigas enlouquecidas (acho que fugiam do guia) também fazia parte da narrativa do homem. Será que eles consideram formiga um bicho selvagem? Faz sentido, se iguana é domestico...

Chegamos então à ponte-do-rio-que-cai (isso mesmo, igualzinha àquela do Faustão). Aí vocês pensam: moleza, basta segurar no corrimão. Aí eu digo: vai atravessar uma ponte dessas com uma crianca de 1 ano! Eu e meu marido só tínhamos que segurar o carrinho de criança, a criança, a câmera, duas bolsas, duas garrafas d’água, e nós mesmos, é claro. Essa parte não posso negar que foi divertida. Ver meu marido se equilibrando, empurrando o carrinho com uma mão, apertando a criança na outra (com medo de o moleque cair no rio), tudo isso com um sorriso forçado nos lábios (admitir que era roubada? Nunca!), não tem preco! E eu fui na frente, com a câmera em punho registrando tudo. Verdade que a câmera quase foi pro rio, mas que importa? Não perderia essa cena por nada.

Terminando a ponte chegamos a uma espécie de trem/jipe aberto. A-B-E-R-T-O. Não havia ar condicionado e a poeira que comi durante todo o percurso comprovou isso. Neste trem andamos por um descampado que parecia o deserto. Vimos zebras, girafas, avestruz, viadinhos, macaquinhos, entre outras bichices. O meu filho adorou o passeio, exceto pelas araras. Ele fica perto do tigre, mas tem horror a araras!

E como a estória pedia um gran-finale, quando descemos do trem e chegamos em uma espécie de Choupana, com bar, banheiros e lojinha de lembrancas; adivinha o que nos esperava?

Um teatro de fantoches infantil! Sim, com alto-falantes! E muitas, muitas criancas!

Foi de fato uma experiência única. E se isso não for considerado um safari, nada mais é. Mas não se preocupem, prometo não metê-los nesta roubada quando vierem nos visitar.

Saludos poeirentos a todos. Saudades.

Mai/2007


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terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Diário de Bordo 2 - Se adaptando ao México

Nossa saga em Villahermosa continua. O neném está uma graça, comendo bem, fazendo gracinhas para tudo e para todos. Começa a engatinhar. Às vezes vai igual uma minhoca, pára, olha pra gente e dá risada. Nós também estamos bem, nos adaptando aos poucos ao calor e aos costumes das terras Tabasquenhas (que para mim continuam sendo um pouco estranhas.)

Os mexicanos têm mania de grandeza. Os carros, as casas, as embalagens dos produtos, tudo aqui é gigante – curioso para um povo tão pequeno. Além da baixa estatura, eles são muito parecidos entre eles: pele morena, cabelos lisos e negros, cara redonda, fortes traços indígenas.

Descobri como é feita a contagem de 1 milhão de habitantes da cidade! Lembra que eu havia comentado na última crônica? Então, pelo menos 500 mil habitantes são iguanas. Sabe aquela lagartixa pavorosa, preta, que vive na pedra? Deve haver uma para cada habitante, no barato. Assim fez sentido:

500 mil mexicanos + 500 mil largatixas = população de Villahermosa.

Depois de 1 mês no hotel, finalmente encontramos uma casa para morar. E não foi fácil. Vimos várias casas: ou eram caras, ou eram quentes, ou eram escuras, ou eram inseguras, ou tinham bichos... Com as largatixas medonhas eu já estava me acostumando, mas em uma das casas um pequeno camundongo veio nos recepcionar na sala, olha que meigo! Foi um longo processo até chegarmos a casa que estamos hoje, de 3 quartos, num condominio bonitinho, preço justo e nenhum outro ser vivo além de nós (e as iguanas, claro).

Casa encontrada, o próximo desafio foi encontrar uma empregada. No início era só eu, o neném e a casa enorme. Além de trabalhar como uma moura, o danado do moleque às vezes me tirava do sério. Houve dias em que o desespero com seu choro, a casa zoneada, eu suja de papinha (ou coco, ou os dois) era tanto que eu sentava na cama e chorava - e ele me olhava e ria, na sua doce ignorância. Outros dias era a pessoa mais feliz do mundo por ter a oportunidade de morar fora, ter uma casa boa, uma família feliz e saudável. Sou 8 ou 80, e vivo oscilando entre estes dois estados...

Contratei uma agente, aí no Brasil, para fazer a crítica do meu livro, e se possível for, me ajudar a publicá-lo. Paralelamente a isso, trabalho nuns roteiros de seriado. Na verdade eu estava trabalhando nos roteiros até a reviravolta acontecer: mudar para São Paulo, ter um filho, e agora essa PEQUENINA mudanca para terras Tabasqueñas. Obviamente aqui - onde eu mal consigo ir no banheiro em paz - está mais difícil sentar para escrever. Antes eu tinha tempo mas não tinha inspiração, agora tenho inspiração mas não tenho tempo. Curioso como a vida dá de um lado e toma do outro.

Fico por aqui. Saudades, um beijo e até breve.

Nov/2006

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Diário de Bordo 1 - Chegando no México

No ultimo sábado finalmente aterrizamos em Villahermosa, capital do estado de Tabasco, México. A vista do avião era belíssima: céu azul sem uma nuvem, terra muito verde, lagos, casas... e nenhum prédio?! Isso mesmo, embora diga-se que a cidade tenha 1 milhão de habitantes, nao é comum ver edíficios. (Não me perguntem onde está esse milhão de pessoas, talvez enterrados no solo fugindo do calor senegalês que faz por aqui).

Os mexicanos são um povo curioso. No restaurante, só tomam refrigerante ou suco de canudo; e se você esquecer de pegar o guardanapo, o garcom taca-o no seu colo sem o menor pudor. Tomar água mineral foi uma conquista: eles chamam água com gás de água mineral e água mineral de água natural. Como descobrimos isso? Tomando MUITA água com gás.

É um povo elegante e cafona ao mesmo tempo. As mulheres já acordam coloridas, nas roupas e no rosto - é tanta sombra, tanto lápis de olho que até eu estranhei (e olha que eu gosto de maquiagem). Por outro lado, no fim de semana, não se vê um mexicanozinho que seja sem camisa social. Das ruas ao aeroporto, todos – inclusive menininhos de 10, 11 anos - usavam suas camisas sociais para dentro da calca. Falando em aeroporto, inexplicavelmente, o aeroporto e o shopping de Villahermosa são mais bonitos dos que os da Cidade do México (como se o shopping de Macaé fosse melhor que o do Rio, ou o de Campinas melhor que o de São Paulo).

Nossa epopéia continuou ao reservarmos um apart pela internet. Quando chegamos no ditocujo - um moquifão no meio do nada – meu marido teve que pular o portão do estabelecimento, pois mesmo que tivesse alguém lá dentro (o que não foi o caso, felizmente), a campainha ficava do lado de dentro da grade (bem la no fundo eles devem ter uma raiz portuguesa). Chocados, pedimos ao taxista que nos deixasse em qualquer qualquer hotel que tivesse ar condicionado e um porteiro. Fomos parar no Western-qualquer-coisa, um 4 estrelas (na concepcao do fundador, provavelmente) com cara de lanchonete americana de beira de estrada. Pra resumir, as refeições neste hotel eram um tanto quanto mexicanas demais para nosotros, de forma que ou saíamos de lá ou nao saíamos do banheiro.

Foi então que cruzamos o portal do paraíso. De longe avistamos o letreiro do Hyatt, e tudo o que pudemos fazer foi seguir em sua direcao para achar “a zona sul” da cidade. Finalmente um hotel (de fato), um shopping, e a alegria de encontrar nele meus amigos Calvin Klein, Helena Rubstein, M.A.C...

Neste mesmo fim de semana ainda encontramos tempo para alugar um carro, conhecer um pouco da cidade (nos limites da zonal sul, obviamente), e visitar uma primeira casa para alugar... mas isso é papo para uma outra vez.

Set/2006


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