terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Diário de Bordo 2 - Se adaptando ao México

Nossa saga em Villahermosa continua. O neném está uma graça, comendo bem, fazendo gracinhas para tudo e para todos. Começa a engatinhar. Às vezes vai igual uma minhoca, pára, olha pra gente e dá risada. Nós também estamos bem, nos adaptando aos poucos ao calor e aos costumes das terras Tabasquenhas (que para mim continuam sendo um pouco estranhas.)

Os mexicanos têm mania de grandeza. Os carros, as casas, as embalagens dos produtos, tudo aqui é gigante – curioso para um povo tão pequeno. Além da baixa estatura, eles são muito parecidos entre eles: pele morena, cabelos lisos e negros, cara redonda, fortes traços indígenas.

Descobri como é feita a contagem de 1 milhão de habitantes da cidade! Lembra que eu havia comentado na última crônica? Então, pelo menos 500 mil habitantes são iguanas. Sabe aquela lagartixa pavorosa, preta, que vive na pedra? Deve haver uma para cada habitante, no barato. Assim fez sentido:

500 mil mexicanos + 500 mil largatixas = população de Villahermosa.

Depois de 1 mês no hotel, finalmente encontramos uma casa para morar. E não foi fácil. Vimos várias casas: ou eram caras, ou eram quentes, ou eram escuras, ou eram inseguras, ou tinham bichos... Com as largatixas medonhas eu já estava me acostumando, mas em uma das casas um pequeno camundongo veio nos recepcionar na sala, olha que meigo! Foi um longo processo até chegarmos a casa que estamos hoje, de 3 quartos, num condominio bonitinho, preço justo e nenhum outro ser vivo além de nós (e as iguanas, claro).

Casa encontrada, o próximo desafio foi encontrar uma empregada. No início era só eu, o neném e a casa enorme. Além de trabalhar como uma moura, o danado do moleque às vezes me tirava do sério. Houve dias em que o desespero com seu choro, a casa zoneada, eu suja de papinha (ou coco, ou os dois) era tanto que eu sentava na cama e chorava - e ele me olhava e ria, na sua doce ignorância. Outros dias era a pessoa mais feliz do mundo por ter a oportunidade de morar fora, ter uma casa boa, uma família feliz e saudável. Sou 8 ou 80, e vivo oscilando entre estes dois estados...

Contratei uma agente, aí no Brasil, para fazer a crítica do meu livro, e se possível for, me ajudar a publicá-lo. Paralelamente a isso, trabalho nuns roteiros de seriado. Na verdade eu estava trabalhando nos roteiros até a reviravolta acontecer: mudar para São Paulo, ter um filho, e agora essa PEQUENINA mudanca para terras Tabasqueñas. Obviamente aqui - onde eu mal consigo ir no banheiro em paz - está mais difícil sentar para escrever. Antes eu tinha tempo mas não tinha inspiração, agora tenho inspiração mas não tenho tempo. Curioso como a vida dá de um lado e toma do outro.

Fico por aqui. Saudades, um beijo e até breve.

Nov/2006

XXX



Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Dani,
Que aventura você estão vivendo.
Quase um roteiro de Indiana Jones.
Com todas essas diferenças aí com certeza não faltará inspiração para muitos livros, seriados e tudo mais.
Beijos