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terça-feira, 5 de março de 2024

Maratona Oscar: Os Rejeitados

 


O último filme da maratona Oscar deste ano – e a primeira vez que consegui ver todos os 10 indicados, para dar meus pitacos com propriedade! – Os Rejeitados fechou com chave de ouro a maratona por adotar um estilo que eu gosto na vida: o simples bem feito.

O filme começando com meia dúzia de alunos com notas baixas retidos numa escola americana durante as férias de fim de ano até poderia levar a uma interpretação rasa de que “Os Repetentes” traduzisse melhor.  Mas Os Rejeitados é perfeito e não só no título.  É perfeito em emocionar com leveza, em divertir apesar do drama, em fugir da previsibilidade e em trazer atuações brilhantes. 

O filme do diretor Alexander Payne, que já venceu o Globo de Ouro e o Critics Choice Awards, concorre em 5 categorias do Oscar: filme, ator, atriz coadjuvante, roteiro original e montagem. E é uma daquelas produções em que o roteiro é ótimo mas as interpretações são tudo.  Dominic Sessa é um estreiante que de alguma forma nos é familiar (como pode?). Da'Vine Joy Randolph tinha tudo para fazer um personagem que já vimos, e não faz. E não será nenhuma surpresa se Paul Giamatti (que fez “O Resgate do Soldado Ryan”) levar o Oscar de melhor ator.


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domingo, 3 de março de 2024

Maratona Oscar 2024: American Fiction

 


Ficção Americana não é a “meta-narrativa arrebatadora de artista em conflito com a arte” (ZZZZZZZZZZZ...) como começa a crítica do Omelete sobre o filme.  Tampouco tem a ver apenas com inclusão de minorias e racismo, como a turma do Adoro Cinema colocou com o título genial de “Está preto o suficiente?”.  Indicado a 5 categorias do Oscar, e que apareceu no Prime esta semana de presente para os cinéfilos, o filme é a meta-narrativa de uma sociedade com tendência de consumir lixo - especialmente a sociedade americana, e logo também a nossa, já que o mundo segue colonizado culturalmente por eles.

Sátira dos modismos politicamente corretos, e por isso obviamente sem pretenções-palestrinha, o filme do diretor e roteirista também estreiante no Oscar, Cord Jefferson, tem passagens ótimas, como a regra n.1 das vendas: nunca subestimar o poder da idiotice.  Ou a falta de preocupação de pescarem uma armação literária porque “em Hollywood ninguém lê, eles só leem os resumos preparados pelas assistentes”.  Mas minha metáfora favorita foi a comparação das obras do protagonista (Jeffrey Wright, indicado para melhor ator e perfeito num papel que poderia destruir o filme se não tão bem executado) com os selos dos whiskies Johnnie Walker: O Red Label para consumo mais massificado, o Black Label para os mais sofisticados e o Blue Label para os fora da curva - caríssimos e raramente consumidos.  É louvável escrever para Black/Blue label mas as editoras querem o Red.  E voilà! Temos aí a metalinguagem perfeita que transcende o cinema e aterriza perfeitamente adivinhem onde?

#AmericanFiction #Oscar2024

sexta-feira, 1 de março de 2024

Maratona Oscar 2024: Vidas Passadas

Vidas Passadas é um filme da vida presente. Da vida como ela é, com todos os encontros e desencontros que temos com o passar dos anos, nesta vida.  A referência à reencarnação e a outras vidas, sugerida pelo nome do filme, é abordada muito sutilmente quando se apresenta a ideia de que pessoas que se encontram e permanecem juntas teriam um elo de predestinação.  

Mas o filme não é sobre predestinação, é sobre escolhas.  Escolhas, amor, afinidade.  Afinidade é um sentimento (ou uma série deles) que muitas vezes não deixa de existir.  Você pode escolher, ou ser forçada pelas circunstâncias, a não dividir mais a vida com uma pessoa, mas a afinidade, se genuína, não morre.  Adormece, iberna, tira longos períodos sabáticos, mas vive sujeita a crescer ou morrer, a depender de nossas escolhas. 

Afinidades permanentes em caminhos intermitentes, seria o resumo – sempre sem spoilers - deste filme que é a estreia da Sul-Coreana Celine Song na direção para cinema, concorrendo nas categorias de melhor filme e roteiro original no Oscar 2024. Que estreia!



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Maratona Oscar 2024: Pobres Criaturas

 Pobres Criaturas é um realismo fantástico bizarro e dos bons! Emma Stone está ótima como sempre mas o @markruffalo se superou! A cena deles dançando já vale o filme, que também tem uma fotografia linda, diálogos inteligentes e divertidíssimos! Vale conferir o perfil do diretor @yorgoslanthimos no Instagram, tão conceitual como sua direção.



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Maratona Oscar 2024: Zona de Interesse


Jamais pensei ser possível tratar temas espinhudos com sutileza no cinema. Espinhudos como os horrores do holocausto, muito menos. Por conta disso, a indicação para oscar de melhor direção, dentre os 5 outros que Zona de Interesse está concorrendo, talvez seja a mais merecida. O diretor inglês Jonathan Glazer traz uma sutileza atípica: aquela que acaba te dando um tapa na cara, com delicadeza.

É um filme que mora no entorno. Mora nos detalhes, numa banalidade genial (que explica o favoritismo para a indicação de melhor filme internacional, quizas melhor filme). Mora na música, nos sons perturbadores (indicação mixagem de som), mora na simplicidade de mostrar o lado B em uma película “em negativo” enquanto o lado A é colorido e bucólico. Uma direção original que consegue fazer uma releitura imprevisível de um roteiro adaptado. (Indicação roteiro adaptado). Sandra Hüller, indicada para melhor atriz por Anatomia de uma queda, também poderia estar indicada por Zona de Interesse, que protagoniza na medida certa, que atriz! Acho que veremos muita coisa dela daqui pra frente.

Dos muitos detalhes que estão no filme, o que eu só notei quando saí do cinema foi o cartaz, que está na imagem deste post: o contraste de um céu sem estrelas com um jardim primaveril já é uma dica do que observar.

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Maratona Oscar 2024: Anatomia de uma queda (a do cinema woke)


Enfileirando uma dezena de prêmios, dentre eles a Palma de Ouro e o Globo de Ouro, e com a indicação ao Oscar de melhor filme 2024 (e não de filme estrangeiro como se esperaria por ser um filme francês), Anatomia de uma queda, de Justine Triet, agrada pelo ritmo, pelas interpretações, pela originalidade na execução, pela sutileza e acima de tudo pelas analogias.  

Num mundo onde tudo precisa ser exaustivamente explicado, justificado e atenuado, assistir a um filme onde a audiência não é tratada como tola já envolve. A estória ser apresentada sem a habitual correria e frenesi do cinema americano, e sem as cotas wokes nas escolhas dos personagens, outra boa surpresa, que mostra uma liberdade de direção e produção que saem do padrão mainstream. Mas o pulo do gato são as analogias. O crime e o tribunal, aparentes motes principais, ficam pequenos perto do que se trata o filme de fato: relacionamento. 

É surpreendente como duas partes em um mesmo relacionamento podem ver a mesma situação de forma tão diferente.  Um se doa, puxa a responsabilidade para si, propõe por vontade própria caminhos que vão lhe exigir mais.  O outro concorda, assume que aquelas responsabilidades serão de fato do outro (afinal foi proposta dele) e segue com a vida.  Este último produz, evolui, cresce. O outro tropeça na confusão de caminhos que ele mesmo escolheu.  O conflito é inevitável.  Tem alguém errado? Uns verão errado o que concordou deixar o fardo maior nas costas do outro – é frio, egoísta, insensível.  Outros verão errado o que fez o plano, executou, fracassou e culpa o outro por sua infelicidade.  Evitando os spoilers, o filme trata brilhantemente sobre esta escolha de lados, sobre de que perspectiva você, e o juri, verão o problema.

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