segunda-feira, 7 de maio de 2007

Diário de Bordo 3: Vivendo no México

Queridos amigos,

Ontem fizemos um “passeio” que não posso deixar de relatar para vocês. Trata-se do Yumka, uma área a 10Km do centro de Villahermosa, Tabasco-México, que sofre de crise de identidade. Não é nem zoológico, nem safari, nem parque. Ou melhor, de acordo com os meus parâmetros e amor ao conforto e à comodidade, pode sim ser considerado um safari (já não preciso ir a África).

Saio eu, linda, morena e escovada de minha casa climatizada, acreditando que este "passeio" seria feito dentro de um ônibus com ar condicionado (como me informou um ser bestial num hotel). Eis que o safari começa no estacionamento do local. Ao percorrer cerca de 5m entre nosso Ecosport (também climatizado) e a portaria do lugar - sob um sol de 50 graus - já estavamos todos enxarcados, sedentos e exaustos. O meu filho, coitadinho, suava tanto que parecia que ia sumir debaixo do boné - que já era tão maior que sua cabecinha de melão.

Olho para os lados e não vejo ônibus algum com vidros fumê e ar condicionado ligado. Vem a primeira surpresa: o "passeio" inicia-se com uma caminhada por uma mata que esconde jaulas de bichos diversos.

Como se caminhar sob sol escaldante já não fosse diversão garantida - além do saltinho que eu usava sobre a trilha de seixo rolado - um guia equipado com um potente megafone ia berrando em nossos ouvidos a estória de cada bicho visto. O curioso foi ver que uma trilha de formigas enlouquecidas (acho que fugiam do guia) também fazia parte da narrativa do homem. Será que eles consideram formiga um bicho selvagem? Faz sentido, se iguana é domestico...

Chegamos então à ponte-do-rio-que-cai (isso mesmo, igualzinha àquela do Faustão). Aí vocês pensam: moleza, basta segurar no corrimão. Aí eu digo: vai atravessar uma ponte dessas com uma crianca de 1 ano! Eu e meu marido só tínhamos que segurar o carrinho de criança, a criança, a câmera, duas bolsas, duas garrafas d’água, e nós mesmos, é claro. Essa parte não posso negar que foi divertida. Ver meu marido se equilibrando, empurrando o carrinho com uma mão, apertando a criança na outra (com medo de o moleque cair no rio), tudo isso com um sorriso forçado nos lábios (admitir que era roubada? Nunca!), não tem preco! E eu fui na frente, com a câmera em punho registrando tudo. Verdade que a câmera quase foi pro rio, mas que importa? Não perderia essa cena por nada.

Terminando a ponte chegamos a uma espécie de trem/jipe aberto. A-B-E-R-T-O. Não havia ar condicionado e a poeira que comi durante todo o percurso comprovou isso. Neste trem andamos por um descampado que parecia o deserto. Vimos zebras, girafas, avestruz, viadinhos, macaquinhos, entre outras bichices. O meu filho adorou o passeio, exceto pelas araras. Ele fica perto do tigre, mas tem horror a araras!

E como a estória pedia um gran-finale, quando descemos do trem e chegamos em uma espécie de Choupana, com bar, banheiros e lojinha de lembrancas; adivinha o que nos esperava?

Um teatro de fantoches infantil! Sim, com alto-falantes! E muitas, muitas criancas!

Foi de fato uma experiência única. E se isso não for considerado um safari, nada mais é. Mas não se preocupem, prometo não metê-los nesta roubada quando vierem nos visitar.

Saludos poeirentos a todos. Saudades.

Mai/2007


XXX