segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Pensamentos soltos

Mulheres: quanto maior o grau de instrução, mais difícil a manutenção.

Em plena ebulição. Mudando de estado.

Por que a tristeza inspira? Alguma lei de compensação?

Saulo morreu nu, esfaqueado, numa cama redonda de motel: cena dantesca do folhetim Silvioabreuano.

Pérolas de um sábado à noite: "Vocês terminaram? Sim, eu entrei com a bunda e ele com o pé" 

Pérolas de um sábado à noite 2: "Quando a pessoa não se toca a gente tem que tocar ela"

Recomeçar cansa.

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tequila e pimenta

Mais um trechinho do livro!

(...)
"A princípio a comida mexicana parece excessivamente temperada e gordurosa, mas sua variedade de texturas, cores e sabores simplesmente seduzem. Os pratos principais do dia a dia dos Tabasquenhos, e possivelmente da maioria dos mexicanos em outras partes do país, são baseados em milho, tortilha e feijão. O feijão pode ser servido em quase todas as refeições, como sopa de entrada ou refrito, esse último se assemelhando ao nosso tutú. Eles também preparam o arroz branquinho, mas cozido apenas em água e nunca combinado com o caldo do feijão. Um dos meus pratos favoritos de café da manhã, em hotéis ou em festividades mexicanas, era o Tamal coberto com molhinho de tomate acompanhado dos frijoles refritos com um queso quebrado por cima e bananas fritas ao lado. O Tamal é parecido com a pamonha brasileira, só que preparada com sal e recheio de carne de porco desfiada. Vem envolto em uma folha verde escura semelhante à folha de bananeira. Sucos e frutas também são oferecidos de entrada pela manhã, mas o prato quente era invariavelmente o hit da refeição matinal. Também pela manhã ou acompanhando de una rica carne asada (o churrasco), eram servidas as quesadillas, que nada mais são do que um queijo quente feito com tortillas de trigo. As tortilhas são um capítulo à parte na vida mexicana. Equivale ao nosso pãozinho francês de cada dia, quando não faz as vezes do arroz. Os mexicanos “da gema” preferem as tortilhas de milho para os tacos e as de farinha de trigo para as quesadilhas. A variedade de tacos e chiles também me conquistou. Eu que não comia carne de porco antes de chegar ao México jamais consegui resistir aos Tacos de Cochinita: tortilhas de milho que envolvem carne de porco desfiada em suculento molho vermelho. Depois vieram os tacos de pulpo (polvo) e os de salpicón (cujo recheio é frio à base de carne de vaca desfiada, cebola, alho, suco de limão, coentro e pimenta). Por seu perfume e sabor o coentro é um dos ingredientes favoritos das donas de casa. Pimentas e pimentões são outro capítulo importante da comida mexicana, senão o principal. Considerados por muitos herança indígena, os famosos chillis são parte indissociável da vida dos mexicanos. Em minha primeira visita ao Wallmart local percorri espantada um corredor inteiro repleto de chiles: Jalapeños, Serranos, de Arbol; em molho, natural ou em conserva, uma diversidade sem fim. Deleite para visão e paladar.

Sabores inusitados vez ou outra apareciam também. Uma vez, um casal de amigos mexicanos nos convidou para ir ao que eu entendi que seria um churrasco de família. Foi num rancho bem afastado da cidade, com muita música, comida e bebida – como qualquer festa mexicana que se preze. A mesa com as comidas me pareceu diferente, mas ainda achava que comeríamos carne de boi. Conversa vai, conversa vem, e finalmente fui avisada de quera tudo de porco. Inclusive uma porção que me servi pensando ser feijão, que era sangue de porco preparado. Por sorte - e delicadeza - meu vizinho me avisou antes de que eu provasse. Marlene e Francisco foram grandes vizinhos e amigos. Na madrugada em que a cidade inundou, em 2007, foram eles que nos tiraram da cama às três da manhã avisando que havia ordem de evacuação no bairro. E eles não só nos avisaram como nos deram abrigo. Conseguiram que ficássemos na casa de amigos deles, em uma área alta da cidade, até a situação se resolver. Desde que nos conhecemos, por acaso no condomínio onde morávamos, eles nos convidavam para suas principais festas pessoais e familiares. O mexicano é um povo muito família e temente a Deus. Se não me engano, setenta por cento do país é católico. São vervorosos e intensos, em tudo que fazem.

Encontrando com as mães da escola toda semana acabei entrando pro grupo delas. Um grupo criado para resolver questões da escola e que acabou ficando amigo. Fazíamos regularmente cafés da manhã, porque era o turno de funcionamento de todas as escolas da cidade, e porque para o mexicano o café da manhã é uma refeição nobre. O grande programa do cidadão de Villahermosa no fim de semana, domingo geralmente, é ir tomar café da manhã em família nos grandes hotéis. Também é comum festas infantis acontecerem sábado de manhã, onde os buffets oferecem café da manhã com cara de brunch, servido em um salão de festa ou nas palapas das piscinas. Voltando as mães, uma delas uma vez muito esfuziante e simpática se vestiu de Princesa para o aniversário da filha, Claudia Renata. (A mãe era Claudia e a filha Claudia Renata. O hábito de colocar o mesmo nome da mãe na filha, como fazemos no Brasil com pais e filhos, foi outra coisa que no início eu estranhei). Estava a mãe da menina vestida de princesa de ‘A Pequena Sereia’ e as tias de Cinderela, Branca de Neve e Jasmine. Todas arrumadas com a classe das princesas Disney: cabelo e maquiagem impecáveis, fantasia sob medida. Animadores e personagens são comuns nas festas, mas nunca tinha visto tais papéis desempenhados pela família do aniversariante. Os mexicanos, assim como os venezuelanos, os panamenhos e a grande maioria dos latinos, é um povo muito festeiro e musical. Nas festas corporativas em que fui durante os quadros anos em que estive em Villahermosa tocava predominantemente Salsa. E eles dançavam borrachos y felices noche adentro. A famosa tequila com limão e sal é realmente imbatível. E inesquecível - principalmente no dia seguinte."  (...)

sábado, 31 de julho de 2010

Os Maias

Um trechinho do livro novo!

"(...) A única coisa boa desse passeio foi ter encontrado a Consuelo. Consuelo trabalhava na lanchonete do parque, mas por algum motivo naquele dia estava brincando com as crianças no teatro de fantoches. Começamos a conversar, ela comentou que tinha interesse em sair dali, eu comentei que tinha interesse em arrumar uma “muchacha” e algumas referências depois ela estava instalada em minha casa. Consuelo era Maia.

Os Maias habitaram as florestas tropicais do Norte da América Central no século IV a.C., região onde hoje é a Guatemala e Honduras, e o sul do México, onde hoje é a Península de Yucatán, formando uma região de grande riqueza cultural e diversidade étnica. Poucas pessoas sabem que para cada pirâmide egípcia foram construídas dez pirâmides Maias.

Consuelo tinha os traços típicos dos Maias. Era baixa, de pele escura amorenada e um nariz alongando que quase sobressaía entre os olhos. Não pude deixar de perguntar o porquê de ela ter me contado, ainda em nossa primeira conversa, sua origem. Porque nuestro pueblo aún vive. No somos índios - respondeu ela. Chamar alguém de índio no México é extremamente ofensivo. É como dizer que se trata de um bronco, de um animal. Consuelo queria apenas respeito, desde o princípio. Contou-me que ao contrário do que muitos pensam, os Maias não desapareceram por completo com a chegada dos colonizadores europeus ou com os frequentes combates internos entre os demais povos da terra, como foi a tomada da região pelos Toltecas, no séc. IX. Muitos Maias ainda viviam da mesma forma em que os encontraram os espanhóis, em 1697: em pequenas cabanas coberta de sapê, mantendo a tradição de seu velho modo de vida. Eles viviam em harmonia com a natureza e com a invasão por seus algozes perderam grande parte do que tinham de mais valioso: a identidade cultural. O dialeto Maia sobrevivera infimamente, como escutei casualmente meses depois em uma ida ao supermercado. Algumas das cidades mais elaboradas do continente haviam sido construídas pelos Maias, que em seu tempo inovaram em inúmeras áreas além da matemática, astronomia, arquitetura, a escrita e principalmente a ciência do México antigo. (...)


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sábado, 3 de julho de 2010

Férias? Há controvérsias

Quase sempre quando uma mãe de família viaja assume-se que ela está saindo de férias. Ela deixa sua casa onde há uma rotina estruturada, escola para o filho mais velho, babá para o mais novo. Mesa posta para o café da manhã, mamãozinho cortado e café passado. O almoco sai na hora certa, num piscar de olhos, bastando dizer à sua amada empregada o cardápio do dia. Até que o marido chega em casa com o que, a princípio, parece uma grande a idéia: vamos viajar? Rever a família, rever os amigos, ir à praia, subir a serra, pular carnaval? Vamos!

A maratona comeca antes mesmo do embarque. Arrumar as malas de duas criancas pequenas é praticamente uma viagem, já que uma mãe precavida precisa passar por todas as estações. Ao pai, muito prático, só resta reclamar do excesso de peso. Pega as malas, pega o carrinho, pega mamadeira. Leite, suquinho, biscoitinho, remedinho, brinquedinho. Tensão na hora de pesar as malas: vão cobrar excesso de peso? E a mala de mão que só não é vetada por boa vontade das comissárias.

Chega-se na casa da avó, onde empregada normalmente passa batida já que o movimento é pequeno e a dona exigente (com razão, ela já sabe fazer tudo e tem tempo para isso). Toca lavar roupa, estender, passar, guardar. Vê o almoço, dá comida pras crianças, recusa aquele choppinho-abre-apetite com os cunhados às duas da tarde porque simplesmente não combina com o horário dos filhos. E pra não ficar feio, ainda lava a louça e os 250 copos, colheres e pratinhos que seus filhos sujaram.  Escova as duas boquinhas (três se você tiver tempo de escovar a sua própria), põe pra dormir o mais novo, arranja atividade – silenciosa – para o mais velho. Tenta almoçar com calma, encosta no sofá para descansar e quando começa a pegar no sono, escuta: Manhêêêêêê! Se não for o pequeno chamando, certamente ele já acordou com o grito do outro. O importante é manter a mamãe em pé, não é mesmo?

Vem a maratona do banho, água pra todo lado e o cabelo escovado que vai pro espaço. Brinca, janta, põe pra dormir. Reza, conta estória, perde a novela, reza de novo para eles dormirem pelo amor de Deus. Cinema, shopping, restaurante? Só se uma boa alma se oferecer para ficar com as crianças, e aí vem a arte de depender dos outros. Mais difícil ainda se esses outros também se acham no direito de educar seus filhos. Escuta quieta se quiser passear...

Viajar? Nem pensar. Minha casa nunca foi tão confortável. E para aqueles que insistem em perguntar se vou tentar a menininha: só se ela nascer com 18 anos, lavar, passar e tomar conta de criança!


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terça-feira, 22 de junho de 2010

Implícito, mas óbvio

Eu sempre estive muito bem na minha ignorância ignorada. Percorria as manchetes do jornal me atendo às questões mais relevantes, lendo na maioria das vezes as quatro ou cinco linhas principais de cada matéria. Na época do vestibular, aprendi que pelo menos a primeira e a segunda página do jornal deveriam ser lidas na íntegra, diariamente. Mas nem isso eu fazia mais, um pouco pela pela pressa crônica do cotidiano, um pouco por preguiça. Eis que uma cena no Largo da Carioca muda tudo.

Eu passava apressava não sei pra que e vi uma menina com seus quatro ou cinco anos sozinha, agachada em frente a uma tenda de livros velhos armada na grade do prédio do BNDES, uma espécie de sebo ambulante. Ela se atinha a um livro de viagens. Com um esboço de sorriso e olhinhos curiosos, lia sem saber ler, absorvendo a estória por seus desenhos coloridos e sua imaginação.

Do mesmo jeito que o cego mascando chicletes perturbou Clarice, aquela cena me despertou para um dos muitos contrastes do comportamento humano que até então não tinha me ocorrido. Ela, ávida pelo saber, lia imagens. Eu, por excesso de informação, já não lia. Foi o suficiente para desencadear em mim o processo inverso. Começei a ler o jornal inteiro, depois dois, três jornais por dia. Logo passei a jornais, blogs e informativos pela internet. Os livros continuavam a ser um bom passatempo, mas agora eu lia com urgência, pensando já no livro seguinte. A escolha do próximo livro viria a ser um dilema, diante de tantos autores e diferentes obras. Começarei pelos clássicos, pensei, numa tentativa vã de não enlouquecer. Mas já era tarde. Os clássicos eram muitos e novos escritores produziam insanamente. A cada dia a lista de livros a ler, pesquisas, história, filosofia, pensadores crescia, me atropelando. Quanto mais eu lia, menos eu parecia saber, tanto havia ainda para ser descoberto, absorvido, explorado.

Voltei a procurar a menina do Largo da Carioca. Se ela havia iniciado aquele processo, talvez me ajudasse a sair dele. Nos três primeiros dias que voltei na tenda de livros, não a encontrei. No quarto dia, saindo do trabalho, a vi sentada na porta da estação do metrô, folheando um jornal velho. Uma menina mais velha, parecida com ela, sentava ao seu lado pedindo esmolas. Me aproximei da pequena e perguntei se ela sabia ler. Como eu imaginava, ela disse que não. Perguntei então o que ela via naquelas folhas. Com vocabulário pobre e dicção perfeita, ela me explicou que cada imagem era uma estória. Apontei a foto de capa da primeira página, a imagem de uma enchente. Ela disse que era a cidade dos peixes. Depois mostrei a foto de uma partida de futebol, e ela disse que era o time em que o irmão jogaria um dia. Por último mostrei a foto de um político danto entrevista, e ela falou que era o dono da cidade, dizendo que todas as crianças tinham que ir para a escola. Não foi preciso outras perguntas. A coerência da imaginação daquela menina pobre, sem perspectivas, me tranquilizara. O mundo não estava perdido com o excesso de informação. Havia ainda quem conseguia tirar conteúdo do que não estava escrito, do que era implícito mas óbvio. Voltei para casa. Ao deitar abri um livro, li apenas o primeiro capítulo e dormi.


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domingo, 20 de junho de 2010

Reflexão em tempos de cólera

Quando era menina e fazia com minhas amigas aquela brincadeira no papel que prometia revelar com quem casaríamos, quantos filhos teríamos e onde moraríamos, eu sempre estabelecia o ano 2000 como o ano do casamento. Eu teria 25 anos. Não sei o que era mais distante na minha cabeça: se a chegada de um novo milênio ou completar 25 anos. “Quase uma velha”, pensava na minha doce ingenuidade. Não lembro das minhas escolhas naquela época, mas certamente não coincidiram com a idade em que casei, o número de filhos que tive e muito menos os lugares onde morei. Daquele tempo sobrou pouca coisa de mim.

Sempre tive uma espécie de ressentimento com a geração seguinte a minha e com o processo de envelhecer em si. Se quando criança os mais velhos ditavam a hora de tudo, na adolescência eles continuavam a querer me controlar. E tudo acontecia rápido demais para eu entender. Tornando-me adulta achei que estaria no controle, mas era apenas aquela doce ingenuidade voltando a me visitar. O ressentimento com o fato de envelhecer tornou-se cólera quando percebi que o romantismo, o idealismo, e tantos sonhos vão se apagando com a maturidade. É um ceticismo involuntário e uma praticidade necessária que nos assoma, e passa por nossa vida como um trator. Sem contar os efeitos do tempo. Ah, os efeitos do tempo... Ficar triste por ganhar rugas não é um sentimento superficial, como muitos pensam. Ou ninguém se lembra do que sentiu quando viu aquele velho conhecido, o atleta lindo e badalado da escola, careca, barrigudo e acabado?

Primeiro pensei em tudo o que podia fazer para não ficar velha. Vendo que isso era impossível, pensei em tudo o que podia fazer antes de ficar velha. Na mescla de imaturidade e ignorância que tomava conta de mim, simplesmente quis entender como os mais velhos são felizes. E tive a resposta em uma situação corriqueira.

Um dia, ao descer para a academia do prédio, resolvi conversar com minhas companheiras do horário, pra ver se o tempo passava mais rápido na esteira. Duas senhoras modernosas na casa dos seus sessenta e poucos anos, pelo menos. Faziam esteira e depois musculação, conforme o manual de vida saudável que adotaram, no melhor estilo Lucília Diniz. Já as tinha visto tagarelar nas semanas anteriores. Falavam e davam risadas sem parar, às oito da matina. Nas primeiras vezes que as vi falando assim tão cedo, tentei fazer a engenharia reversa para descobrir a que horas teriam acordado para estar naquela rotação às oito. Não consegui concluir porque sua diversidade de assuntos me distraía. A pauta daquele dia era cinema. Os filmes que viram no passado eram vivas lembrancas, os vistos naquele mês alvo de duras críticas. Passearam um pouco por culinária, televisão, voltaram ao cinema, depois falaram em viagens, os malefícios do sol, e terminaram trocando receitas de salada. Pareciam felizes.

Em nenhum momento elas discutiram problemas familiares (que certamente tem), se lamentaram por qualquer coisa ou tocaram em assuntos densos. Tinham saúde e disposição, e todo o resto era pequeno demais para importar. Viviam um dia após o outro, com simplicidade. E a resposta me pareceu estar justamente na leveza da vida delas. Em priorizar o que lhes fazia bem, e não o convencionalmente mais importante. Na vida delas o destino era o que menos importava, a melhor parte era aproveitar o trajeto.


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sábado, 12 de junho de 2010

Say hi, Twitter!

Pra quem gosta de pequenos updates em menor tempo, também estou no twitter:

www.twitter.com/DaniellaRabello

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Para todas as mães do mundo

"No dia em que Deus criou as mães, um anjo apareceu-lhe e disse:
Por que esta criação está lhe deixando tão inquieto senhor?
E o Senhor Deus respondeu-lhe:
Você já leu as especificações desta encomenda?
Ela tem que ser totalmente lavável, mas não pode ser de plástico.
Deve ter 180 partes moveis e substituíveis, funcionar a base de café‚ e sobras de comida.
Ter um colo macio que sirva de travesseiro para as crianças.
Um beijo que tenha o dom de curar qualquer coisa, desde um ferimento até as dores de uma paixão, e ainda ter seis pares de mãos.
O anjo balançou lentamente a cabeça e disse-lhe:
Seis pares de mãos Senhor? Parece impossível?
Mas o problema não é esse, falou o Senhor Deus e os três pares de olhos que essa criatura tem que ter?
O anjo, num sobressalto, perguntou-lhe:
E tem isso no modelo padrão?
O Senhor Deus assentiu:
Um par de olhos para ver através de portas fechadas, para quando se perguntar o que as crianças estão fazendo lá dentro (embora ela já saiba); outro par na parte posterior da cabeça, para ver o que não deveria, mas precisa saber, e naturalmente os olhos normais, capazes de consolar uma criança em prantos, dizendo-lhe: Eu te compreendo e te amo! sem dizer uma palavra.
E o anjo mais uma vez comenta-lhe:
Senhor...já é hora de dormir. Amanhã é outro dia.
Mas o Senhor Deus explicou-lhe:
Não posso, já esta quase pronta. Já tenho um modelo que se cura sozinho quando adoece, que consegue alimentar uma família de seis pessoas com meio quilo de carne moída e consegue convencer uma criança de 9 anos a tomar banho...
O anjo rodeou vagarosamente o modelo e falou:
É muito delicada, Senhor!...
Mas o Senhor Deus disse entusiasmado:
Mas é muito resistente! Você não imagina o que esta pessoa pode fazer ou suportar!
O anjo, analisando melhor a criação, observa:
Ha um vazamento ali Senhor...
Não é um simples vazamento, é uma lagrima! E esta serve para expressar alegrias, tristezas, dores, solidão, orgulho e outros sentimentos.
Vós sois um gênio, Senhor! disse o anjo entusiasmado com a criação" - Autor desconhecido.
 
Feliz Dia das Mães, mãe.


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sábado, 17 de abril de 2010

Apenas escute

Umas das coisas que mais admiro nas pessoas de raça negra é a facilidade que tem de fazer música. Ninguém canta como os negros. Ninguém corre como os negros. Parece que eles canalizam toda a vitalidade de seu corpo e sua alma para a voz, e quando nos damos conta estamos diante de "B.B.Kings", de "Seals", de "Tracy Chapmans", de "Sades", de "Angie Stones", de "Jill Scotts", de "Ray Charles" e muitos brancos que inspirados neles enegreceram suas almas e fizeram miséria com a Black music contemporânea.

A Black music, estilo de música produzido ou inspirado por pessoas negras, tem origem essencialmente afro-norte-americana. É caracteriazada pela batida rítmica forte e refrões repetidos. Passou pelo Gospel quando os famosos cantos religiosos começaram a ser divulgados nas rádios, sendo reconhecida depois como a música cantada com a alma, a música Soul. Hoje abrange muitos outros gêneros musicais, entre eles os meus preferidos Rhythm and Blues, Folk e o próprio Soul.

O termo Rhythm and Blues (R&B) foi originalmente usado por gravadoras americanas nos anos 40 para descrever gravações comerciais voltadas “para o urbano, com balanço e uma pegada jazz com insistente batida pesada”. Em linhas gerais é uma combinação de blues e jazz, que tendo contribuído para o desenvolvimento do Rock and Roll nos anos 60, acabou incorporando depois o blues elétrico, o gospel e a soul music.

O Soul, como já mencionei, combina elementos do gospel com o Rhythm and Blues, e como o nome brilhantemente traduz, é a música cantada com a alma. O Folk surgiu no século 19 como uma espécie de aspecto musical do folclore, sendo definido como a “música transmitida de boca em boca, a música das classes mais baixas, a música sem compositor conhecido, que contrastava estilos clássicos e comerciais.”

São gêneros muito parecidos porque todos vem do coração negro. Ainda que às vezes sob pele branca, trazem a essência de um raça forte e absolutamente talentosa. Se te pareceu confuso entender todas estas definições, apenas escute. Com a alma.

1) The thrill is gone - B. B. King
 (http://www.youtube.com/watch?v=5HzqoNZMlNo)

2) Old love - Eric Clapton
(http://www.youtube.com/watch?v=loEW6Tod8Xc)

3) When it’s good - Ben Harper
(http://www.youtube.com/watch?v=qZtxCQLla7Y)

4) Time of the season - Zombies
(http://www.youtube.com/watch?v=oc7b62El_fk)

5) Why - Tracy Chapman
(http://www.youtube.com/watch?v=g4bBff9aBRw)

6) Give me one reason - Tracy Chapman
(http://www.youtube.com/watch?v=y2kEx5BLoC4)

7) Sitting, Waiting, Wishing - Jack Johnson
(http://www.youtube.com/watch?v=B8nHiDL22as)

8) Only Heart - John Mayer
(http://www.youtube.com/watch?v=mjqQhvGB_1k)

9) I heard it through the grapevine - Marvin Grave
(http://www.youtube.com/watch?v=hajBdDM2qdg)

10) Colors - Amos Lee
(http://www.youtube.com/watch?v=dv7Q8UWGO5g&feature=related)

11) Your love is king - Sade
(http://www.youtube.com/watch?v=Kgrj30aKuX4)

12) Never as good as the first time - Sade
(http://www.youtube.com/watch?v=NCihQPnma64&feature=fvst)

13) Stronger than me - Amy Winehouse
( http://www.youtube.com/watch?v=kOLJx0qoiNs)

14) Wish I didn’t miss you - Angie Stone
(http://www.youtube.com/watch?v=7QcMZ0gUcCo)

15) Put your records on - Corine Bailey
(http://www.youtube.com/watch?v=wkEeNpWMvgk)

16) Bedda at home - Jill Scott
(http://www.youtube.com/watch?v=kdttmuNMOTI)


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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Saudade, Nostalgia

Há diferença entre nostalgia e saudade? Como a saudade pode não constar no vocabulário de todos os outros idiomas além do português? Eu respeito a decisão de quem nem sempre quer definir com palavras o que sente (até me incluo neste grupo), porque na maioria das vezes não dá mesmo, ou por não sabermos o que sentimos ou por não ser conveniente falar. Mas não ter uma palavra para definir o sentimento de saudade é o mesmo que não ter meios para lembrar de um amor.

É pouco provável que americanos, espanhóis, chineses, franceses não sintam saudade de um momento marcante da infância, da juventude ou de uma grande paixão que tiveram. E quando lembram destes momentos, e o coração subitamente se aquieta, ou dispara, o que eles dizem sentir? Nostalgia?

A saudade que aqui menciono é definida pelo dicionário como “lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que nos vemos privados; pesar, mágoa que essa privação nos causa; lembrança, recordação, cumprimento”. Nostalgia é um “estado melancólico causado pela falta de algo”. Ou seja, é tudo a mesma coisa. Nostalgia só pode ser um pouquinho mais chique por vir do francês nostalgie, mas ainda assim a melancolia é a mesma.

A dúvida não se restringe à nomenclatura do sentimento, mas quão longe podem nos levar as lembranças. Entendo que o sentimento de saudade é normalmente agradável porque revivemos uma época, um sentimento ou um lugar bom.  Detendo-nos ao sentimento, haverá chance de recriar aquele “lugar bom” se os agentes foram os mesmos? E se o presente de uma hora para outra se mostra bem menos colorido e emocionante diante de fantasias passadas (im)possíveis? Trata-se de uma grande viagem onde nos falta apenas decidir se embarcar ou não.


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terça-feira, 6 de abril de 2010

Eu tô voltando pra casa

"Primeiro era vertigem
Como em qualquer paixão
Era só fechar os olhos
E deixar o corpo ir
No ritmo

Depois era um vício
Uma intoxicação
Me corroendo as veias
Me arrasando pelo chão

Mas sempre tinha
A cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa
Me espera no portão
Prá você ver

Que eu tô voltando pra casa
Me vê!
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez"

"Casa", Lulu Santos

É isso aí, eu to voltando pra casa!


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sábado, 30 de janeiro de 2010

A Melhor canção de rock de todos os tempos

Um amigo postou em seu blog que a sua melhor canção de Rock de todos os tempos é All along the watchtower, composta por Bob Dylan, cantada por Jimi Hendrix ( http://www.youtube.com/watch?v=14qTXRkAKr8 ).

Fiquei com vontade de registrar também a minha melhor canção de Rock de todos os tempos:
Gimme Shelter, dos Stones (http://www.youtube.com/watch?v=LJMnES7WoT4). Para quem não conhece muito dos garotos ingleses, vale começar pelos clássicos Jumping Jack Flash, Start me up, All down the line e, claro, Gimme Shelter - trilha incidental da cena inicial antológica, emblemética e arrepiante de Jack Nicholson em The Departed ("Os Infiltrados", versão cinematográfica norte-americana dirigida por Martin Scorsese e ganhadora do oscar de melhor filme em 2007).

Uma vida com muito Rock pra vocês também!


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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Estranho convidado


Quando digo que as lagartixas formam parte indissociável da população de Villahermosa (México) as pessoas acham que há exagero. Não há. Vejam quem nos brindou singela presença na noite de Reveilon - com sua ceia a postos, claro.


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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Tempo, tempo, tempo

Hoje eu não vou falar de livros. Aliás, pela primeira vez me sento aqui sem saber exatamente sobre o que vou escrever. Andei pensando em como a capacidade produtiva do ser humano é inversamente proporcional à sua disponibilidade de tempo. O que explica em um dia atarefado você conseguir realizar mais e melhor do que em um dia tranquilo, o qual você teoricamente tirou apenas para aquele determinado fim? Por que quando a gente tem tempo, não tem inspiração; e quando tem inspiração, você tem de escolher entre produzir ou alguma necessidade básica, como dormir ou comer?

Pensando que pudesse ser falta organização, me organizei. Mas mesmo em um dia organizado, é humanamente impossível sentar-me às sete da manhã e discorrer sobre qualquer assunto. E olha que não vou nem descambar pro lado do tipo de atividade - a escrita -, que depende essencialmente de inspiração, de vibração, e de tudo mais que a tangibilidade não explica. Fiquemos apenas na esfera do tempo, mais precisamente do horário. Tudo bem que aí já esbarramos em um conceito muito pessoal que tenho sobre as manhãs, o da necessidade de sua completa abolição. Nunca consegui compreender de fato as pessoas que chegam ao escritório às oito da manhã de uma segunda-feira alegres, bem dipostas e falantes. E considero um crime acordar crianças com o céu ainda escuro para vestí-las para ir a escola. Não me importo em não ter hora para acabar o que quer que seja, mas não venha me dizer quando começar.

Mas o fato é que o mundo precisa das manhãs. As crianças precisam de rotina e horário, o que a escola, pela manhã, assegura brilhantemente. As pessoas precisam chegar aos seus burocráticos trabalhos em burocráticos horários. As padarias precisam vender seu pãozinho na chapa com café com leite, pela manhã. E o que resta então às pessoas que não se adequam – de livre e espontânea vontade – aos horários convencionais? 1) Viver com sono; 2) ter apenas a tarde e começo da noite como horário comum com seus pares; 3) encontrar o meio termo.

Sigo portanto buscando o meio termo, o equilíbrio. Acredito que como em tudo na vida, a chave está no equilíbrio, no ‘de tudo um pouco’, no ‘devagar e sempre’. A organização, a disciplina e o querer ajudam muito, mas sem sintonia com o resto do mundo fica impossível.


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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Boas Festas

"Eu quero crer no amor numa boa
Que isso valha pra qualquer pessoa
Que realizar, a força que tem uma paixão"

Que todos nós tenhamos "um novo começo de era,
de gente fina, elegante e sincera.
Com habilidade de dizer mais sim do que não".

Boas Festas!

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Menina que Roubava Livros

A bola da vez foi "A menina que roubava livros", livro do australiano Marcos Zusak. Um primor em originalidade, já que é uma estória contada pela morte, em pessoa. Apesar de ser ambientada na Alemanha, com o holocausto como pano de fundo, não é essencialmente uma estória sobre guerra e nazismo. Curiosamente, no decorrer do texto o suspense nem sempre é preservado, já que muitas vezes a morte adianta: "...mas esse vai morrer mais pra frente, assim e assado..." - o que em mim criava uma expectativa ainda maior! Há muito tempo eu não chorava ao chegar às últimas páginas de um livro. É um texto que emociona, faz pensar e, principalmente, nos faz sentir vivos.


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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Novo Livro

Acabei de ler Comer, Rezar, Amar, best-seller de Elizabeth Gilbert. Pra quem não conhece, foi um fenômeno que teve mais de 4 milhões de cópias vendidas no mundo. Além de o livro ser excelente, me surpreendi com o estilo simples de narrativa da escritora. Modestamente, considerando minha ainda pouca experiência, senti muita familiariedade com sua forma de contar estória. Por isso retomei meu empoeirado projeto do segundo livro. Segue um trecho pra vocês:

(...) O embarque no aeroporto de Guarulhos, São Paulo, se deu entre olhos marejados e fala apertada. Ninguém queria admitir que estava triste com a viagem. Eu constatava como é possível estar feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz em morar fora do Brasil pela primeira vez na vida. Triste em me afastar do meu país e da minha família mais uma vez.

Eu nunca tive o privilégio de almoçar na casa dos avós no fim de semana, ou sair pra tomar sorvete com uma prima depois da escola. Essas atividades corriqueiras para tantas pessoas, para mim sempre foram uma raridade. Cresci em Friburgo, uma cidade pequena de serra há duas horas do Rio de Janeiro. Na maior parte do ano, minha família era meus pais, eu e meus irmãos. A família da minha mãe vivia em São Paulo, e a do meu pai, com quem tínhamos pouco contato, em Niterói. Encontrá-los era ocasião de uma ou duas vezes no ano, quase sempre no Natal e nas férias de Julho. O lado bom da distância é que visitá-los era sempre uma festa, aguardada ansiosamente, mês a mês, até a chegada da viagem. Íamos felizes no velho Corcel Dois dourado do meu pai, pela Dutra, num calor desgraçado. Eu e meus irmãos viajávamos livres, leves e soltos no banco de trás - naquele tempo não eram comuns as cadeirinhas de criança. Se a bagunça era muita e os pedidos de calma não atendidos, meu pai metia a mão por entre os bancos e beliscava a primeira perna que alcançasse. Era um tal de perna pra cima, risadas abafadas e choro do que fosse contemplado com o beliscão. Uma vez minha mãe meteu a cabeça pra fora do carro, para olhar não sei o que, e seu óculos de sol saiu voando. Ela ficou alguns minutos olhando o óculos quicar no asfalto quente, e só depois acordou. Olhou pra gente e começou a rir, a típica aquariana.

Depois disso, aos dezessete anos, fui morar sozinha no Rio para fazer faculdade. Eu dividia o apartamento com amigas e não havia nem um adulto responsável por perto. Nós havíamos nos tornado as adultas responsáveis (ao menos assim se supunha). Eu via minha família primeiro nos fins de semana, depois a cada quinze dias, logo uma vez por mês. Naturalmente minha vida foi se construíndo no Rio, e no último ano de faculdade chegava a passar meses sem subir a serra. Casei com Edgar, que também não tinha família no Rio. Quando ele foi transferido para São Paulo eu já estava grávida do Pedro. Fiquei feliz porque apesar de estarmos longe dos meus pais, estaríamos perto dos pais dele, dos meus avós e finalmente teríamos os singelos almoços de domingo na casa de parentes. Doce ilusão, nossa estada em São Paulo duraria exatos seis meses.



Eram dez horas da noite quando ouvimos a última chamada para o vôo 14 da Aeroméxico. Meus pais, avós, sogra, cunhados, todos foram se despedir. Muitas recomendações e cuidados com o primeiro netinho que sequer caminhava quando partiu. Pedro observava tranquilo o movimento, alheio ao seu destino. Nos olhos de cada um eu podia ver um pensamento diferente: Será que voltam? Será que ficam? Pedro não vai deixar ninguém dormir no avião. Mandem notícias. (...)

Depois tem mais. Um beijo!


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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Da preguiça e dos pecados capitais

Os pecados capitais me fascinam. Não sei se por definir muito bem a imperfeição do ser humano ou se por representar um convite irresistível à regra a ser quebrada. E a regra divina, que sacrilégio! É igual a estória da maçã. Se ninguém tivesse dito ‘não coma’, aposto que Adão e Eva não teriam nem visto a fruta, ou talvez tivessem visto e feito de bola, de enfeite ou até “arma” para acertar um no outro. Mas sabendo que não era pra comer, eles comeram, claro. E cá estamos nós, bem longe do paraíso. Imagino que todo mundo cometa, ainda que de leve, boa parte dos pecados capitais. Algumas pessoas mais do que as outras, e alguns pecados mais do que outros.

A Gula. A gula é o pecado mais acessível. Todo mundo pode cometer: pobre, rico, jovem, velho, cão, gato e papagaio. Ainda tem quem ache fofinho ser guloso, e às vezes é mesmo.

A Avareza. A avareza não deveria ser considerada pecado, já que realisticamente é o que move o mundo. A cobiça de bens materiais, de dinheiro, até certo ponto é saudável. O problema é saber onde está este ponto.

A Inveja. A meu ver, parece-se com a avareza, só que ao invés de desejar dinheiro você deseja o que é do outro. Se o bem for material e você for esse outro, fique feliz, sinal de bom gosto. Agora se o bem não for material... é pecado mortal!

A Ira. O pecado mais comum. Quem nunca se irritou com nada que atire a primeira pedra. (???????)

A Soberba. É o pecado mais irritante e por isso o único com dupla função: você não tem vontade de socar alguém que se acha?

A Luxúria. Também não devia ser considerado pecado. Que mal tem gostar dos prazeres carnais? Se é um prazer carnal devia reduzir-se a sua insignificância terrena, à carne.

A Preguiça. Esse é o verdadeiro pecado. Por ele deixamos de agir, produzimos menos e a vida muda seu curso. Quantas vezes você já começou alguma coisa e parou? E nunca mais conseguiu voltar a fazer? E repetiu pra si mesmo: “amanhã eu faço, de hoje num passa”. E passa. Admiro os que não são assim, porque existe gente que não é.  Podem parecer uns ETs em tanta obstinação, mas que admiráveis ETs!

De longe a preguiça é o pior defeito. Talvez pela preguiça detestamos acordar cedo. Adoramos dormir, mas temos preguiça de ir pra cama. Logo dormimos tarde, acordamos cedo e ficamos com sono do dia todo. E preguiça. E mal humor. Estou dizendo, a preguiça é um horror!

Pela preguiça produzimos menos do que o desejado, do que o necessário até. Por ela não terminamos a listinha de resoluções do ano passado.  Não conseguimos perder aqueles 2kg que faltam, ou lavar o carro com a frequência que gostaríamos. Por ela ligamos o computador e ao invés de buscar coisas que realmente importem vamos ler superficialidades: é mais fácil observar a vida alheia do que elaborar algo de concreto na própria. E assim a vida passa, e tantas vezes nos tornamos mais expectadores do que atores dela.

Com preguiça de pensar em uma conclusão mais oportuna para este texto, termino com minha piada politicamente incorreta e preferida a respeito:

"Dois baianos balançando na rede.
– Tem antídoto pra picada de cobra, meu rei?
– Por quê?
– Tem uma vindo em minha direção...”


XXX




segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Resoluções para 2009

Entra ano, sai ano, e cá estamos nós fazendo a listinha de resoluções para o próximo ano. Embora eu odeie o lugar comum, não pude deixar de fazer a minha.


Resolução 1) Menos neuras: menos mania de limpeza, menos paranóia com as crianças, menos estresse com a vida.


Resolução 2) Mais paciência: com o trânsito, com os molóides que se encontram nele, com meus filhos, com as pessoas mais velhas. "A gente só aprende a ser filho, depois que é pai. E só aprende a ser pai, depois que é avô"


Resolução 3) Ler mais, ainda que seja de meia noite às seis.


Resolução 4) Emagrecer. Emagrecer. Emagrecer. Fazer exercício, tomar mais água, comer melhor e toda a presepada que pressupõe a vida saudável...


Resolução 5) Regar a "plantinha" do meu casamento sempre que possível, para não comprovar a máxima "Até bóia, mas foi feito pra afundar".


Resolução 6) Escrever mais! Produzir, me sentir viva como profissional - mesmo que não remunerado.


Resolução 7) Melhorar minha relação com a natureza. Não perseguir as nojentas lagartixas que insistem em co-habitar a minha casa. Não detestar o vento que leva areia aos meus olhos ou a chuva que acaba com minha escova. Não preferir peixe a cachorro só porque do peixinho é mais fácil manter distância. Não odiar o passarinho que me desperta daquele soninho gostoso porque tá "cantando" (?!) perto da minha janela. Ser menos urbana, mais natureba.


Resolução 8) Assistir novamente a um amanhecer ou por do sol na praia.


Resolução 9) Ouvir mais música, ver menos tv.


Resolução 10) Ficar amiga dos meus conhecidos.


Feliz 2009!


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