Mostrando postagens com marcador Vida. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Vida. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Resoluções para 2009

Entra ano, sai ano, e cá estamos nós fazendo a listinha de resoluções para o próximo ano. Embora eu odeie o lugar comum, não pude deixar de fazer a minha.


Resolução 1) Menos neuras: menos mania de limpeza, menos paranóia com as crianças, menos estresse com a vida.


Resolução 2) Mais paciência: com o trânsito, com os molóides que se encontram nele, com meus filhos, com as pessoas mais velhas. "A gente só aprende a ser filho, depois que é pai. E só aprende a ser pai, depois que é avô"


Resolução 3) Ler mais, ainda que seja de meia noite às seis.


Resolução 4) Emagrecer. Emagrecer. Emagrecer. Fazer exercício, tomar mais água, comer melhor e toda a presepada que pressupõe a vida saudável...


Resolução 5) Regar a "plantinha" do meu casamento sempre que possível, para não comprovar a máxima "Até bóia, mas foi feito pra afundar".


Resolução 6) Escrever mais! Produzir, me sentir viva como profissional - mesmo que não remunerado.


Resolução 7) Melhorar minha relação com a natureza. Não perseguir as nojentas lagartixas que insistem em co-habitar a minha casa. Não detestar o vento que leva areia aos meus olhos ou a chuva que acaba com minha escova. Não preferir peixe a cachorro só porque do peixinho é mais fácil manter distância. Não odiar o passarinho que me desperta daquele soninho gostoso porque tá "cantando" (?!) perto da minha janela. Ser menos urbana, mais natureba.


Resolução 8) Assistir novamente a um amanhecer ou por do sol na praia.


Resolução 9) Ouvir mais música, ver menos tv.


Resolução 10) Ficar amiga dos meus conhecidos.


Feliz 2009!


XXX



sábado, 18 de outubro de 2008

Peculiaridades do México



Retomando os relatos de minha percepção dos hábitos mexicanos, não posso deixar de comentar as peculiaridades que me chamam atenção por aqui.

Além das iguanas, que mereceram um post à parte logo de minha chegada ao México (Tá lá no início do blog, nos posts de 2006), não posso deixar de comentar os jacarés. Ou crocodilos, como eles dizem por aqui.  Em Villahermosa, ao contemplar qualquer laguinho mixuruca, cuidado! Um jacaré pode vir te saludar. Aparentemente eles não tem o menor problema conosco, vide o jacaré da foto nadando serelepe pela lagoa, bem próximo à margem do prédio onde vivem umas amigas brasileiras. Na mesma margem onde brincam crianças (!?) e mascotas (animaizinhos de estimação), me pergunto se algum jacaré já teve o seu McLanche Feliz. Ojalá, não!

Além dos jacarés, existe uma outra espécie bem curiosa por aqui: o vendedor-preguiça. Desconheço qualquer parentesco com os bahianos, mas caso exista posso garantir que os mexicanos foram os precursores honorários. E não é só em lojinha pé-de-chinelo, não - porque nessas além de não te atenderem, pedem delicadamente para você vazar, caso seja hora do almoço, do café, da saída, da entrada, de falar ao telefone, ou se tiverem a fim. Em loja grande também acontece. Por exemplo: tem um balcão enorme, uma vendedora, e DUAS clientes (não são dez, só duas). Se a vendedora atende a primeira cliente e a segunda pergunta o preço de algo, que está ali, do ladinho dela, ela vai dizer pra coitada esperar a sua vez no atendimento. E assim sucessivamente, não importando se são dois esperando ou dez, se você só quer fazer uma pergunta ou experimentar a loja inteira. E essa espera pressupõe que a primeira cliente conte o número de pedrinhas que tem no detalhe da bolsa, defina o tom que melhor combine com o vestido que ela comprou tal dia... (ah sim, esta, mexicana, também conta toda a estória do vestido, afinal, prá que pressa?). A vendedora é capaz de perder mais tempo te explicando por que não vai te atender do que virando a porra da etiquetinha pra você ver o preço do produto. Fazer duas coisas ao mesmo tempo, nem pensar. Afinal, ela tem duas mãos, dois ouvidos, dois olhos, mas apenas um neurônio! Ganho por comissão? Ou não existe ou eles realmente têm problemas...


XXX





terça-feira, 14 de outubro de 2008

Mulher expatriada


Pra quem acha que vida de mãe e dona-de-casa expatriada como eu é só "frozô" pra lá e pra cá, acertou!

Prova isso o último evento da SSA - Schlumberger Spouses Association (quer mais frozô do que essa associação?????).

Normalmente nos reunimos 1 vez por mês para um café da manhã em um hotel bacana bancado pela empresa. É uma delícia! Conversamos, comemos e muitas trabalham em obras beneficentes. Eu infelizmente ainda não tive essa oportunidade, pois com duas crianças pequenas, sem empregada e sem família por perto quem tem precisado de caridade sou eu.

Esta foto foi tirada no Dia Internacional dos países (ou alguma coisa assim), onde cada país montou uma mesa com comidas típicas e fez uma apresentação sobre a cultura de seu país. As colombianas foram vestidas a caráter, com saia rodada, flores por todos os poros e muita cor. As equatorianas, também vestidas a caráter, cantaram e dançaram três músicas, podendo ter parado na primeira... As mexicanas apresentaram o que na minha opinião o méxico tem de melhor: a comida! As argentinas... ficaram bem longe da gente!!! E dessa vez não teve briga quanto à origem do pão de queijo. E nós, brasileiras, arrebentamos com a mesa melhor decorada e uma super apresentação cobrindo o Brasil por regiões, e finalizada com o hino nacional cantado em diferentes ritmos brasileiros. Vale a pena checar esta versão do hino no YouTube, é emocionante. (http://br.youtube.com/watch?v=ppOIMD5hCH4).



XXX



quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Para onde foi o livro?


Algumas pessoas estão me perguntando o que são os capítulos relacionados abaixo... Tive que retirar o livro daqui, mas agora esta disponível inteirinho no Clube de Autores, cujo link esta aqui ao lado. Chega lá! 

É um leve e curto Romance, entitulado "Malu & Edgar". Na visualização deste blog os capítulos aparecem de trás pra frente, mas quem quiser ler um capítulo por dia, desde o primeiro, pode acessar pela barra de ferramentas aqui no lado direito da tela. Basta clicar em "Março" e correr até o fim da página, lá está o Capítulo 1.

A figura acima é a capa do livro, que o talentoso designer André Gyurkovits bolou com elementos presentes na estória:

O Corcovado, o calçadão de Copacabana, porque a estória se passa no Rio. O poste de rua e o casal dançando tango é referência a Buenos Aires. Os drinks caindo são Pisco Sour, bebida típica peruana oferecida pelo "cupido" do casal protagonista. O verde das montanhas representa a serra fluminense, onde tudo começou. Agora vocês me perguntam: O que essa galinha está fazendo com um anel no bico no alto da capa? Essa vocês terão que ler pra saber! ; )

Divirtam-se!


XXX



Natureza em fúria


Por incrível que pareça estamos ameaçados por uma nova enchente aqui em Vilahermosa, México. Como se não bastasse a do ano passado, que devastou boa parte da cidade - meu condomínio inclusive (foto) - mais uma vez a natureza vem cobrar o seu preço.

Se chover pra valer, alaga de novo. Nada foi feito, nem uma obrinha sequer. Para quem acha que o serviço público do Brasil é uma merda, é porque não conhece o do México. Aqui a corrupção impera, pior que no Brasil. E o que que eu ainda estou fazendo aqui? Também não sei.

Talvez a comida deliciosamente picante me encha os olhos, ou o hábito do café da manhã em grande estilo tenha me seduzido... Talvez ter um filho mexicano conte um pouco, e o trabalho do meu marido conte muito. E definitivamente, a "buena onda" do povo mexicano sempre valerá a pena.

XXX






segunda-feira, 6 de outubro de 2008

De volta!



Gente! Muito tempo sem escrever aqui, não é mesmo? É que estive muito ocupada tendo 2 filhos, que são pequenininhos mas dão muito trabalho! Um deles está aí na foto, devidamente disfarçado, afinal ainda é menor e não deve se expor. : )))) Ocupada eu acho que vou estar até que eles tenham 18 anos, mas arrumarei mais tempo para vir aqui escrever minhas impressões da maternidade, do dia a dia no México, da vida!

Um beijo e até breve.


XXX



segunda-feira, 7 de maio de 2007

Diário de Bordo 3: Vivendo no México

Queridos amigos,

Ontem fizemos um “passeio” que não posso deixar de relatar para vocês. Trata-se do Yumka, uma área a 10Km do centro de Villahermosa, Tabasco-México, que sofre de crise de identidade. Não é nem zoológico, nem safari, nem parque. Ou melhor, de acordo com os meus parâmetros e amor ao conforto e à comodidade, pode sim ser considerado um safari (já não preciso ir a África).

Saio eu, linda, morena e escovada de minha casa climatizada, acreditando que este "passeio" seria feito dentro de um ônibus com ar condicionado (como me informou um ser bestial num hotel). Eis que o safari começa no estacionamento do local. Ao percorrer cerca de 5m entre nosso Ecosport (também climatizado) e a portaria do lugar - sob um sol de 50 graus - já estavamos todos enxarcados, sedentos e exaustos. O meu filho, coitadinho, suava tanto que parecia que ia sumir debaixo do boné - que já era tão maior que sua cabecinha de melão.

Olho para os lados e não vejo ônibus algum com vidros fumê e ar condicionado ligado. Vem a primeira surpresa: o "passeio" inicia-se com uma caminhada por uma mata que esconde jaulas de bichos diversos.

Como se caminhar sob sol escaldante já não fosse diversão garantida - além do saltinho que eu usava sobre a trilha de seixo rolado - um guia equipado com um potente megafone ia berrando em nossos ouvidos a estória de cada bicho visto. O curioso foi ver que uma trilha de formigas enlouquecidas (acho que fugiam do guia) também fazia parte da narrativa do homem. Será que eles consideram formiga um bicho selvagem? Faz sentido, se iguana é domestico...

Chegamos então à ponte-do-rio-que-cai (isso mesmo, igualzinha àquela do Faustão). Aí vocês pensam: moleza, basta segurar no corrimão. Aí eu digo: vai atravessar uma ponte dessas com uma crianca de 1 ano! Eu e meu marido só tínhamos que segurar o carrinho de criança, a criança, a câmera, duas bolsas, duas garrafas d’água, e nós mesmos, é claro. Essa parte não posso negar que foi divertida. Ver meu marido se equilibrando, empurrando o carrinho com uma mão, apertando a criança na outra (com medo de o moleque cair no rio), tudo isso com um sorriso forçado nos lábios (admitir que era roubada? Nunca!), não tem preco! E eu fui na frente, com a câmera em punho registrando tudo. Verdade que a câmera quase foi pro rio, mas que importa? Não perderia essa cena por nada.

Terminando a ponte chegamos a uma espécie de trem/jipe aberto. A-B-E-R-T-O. Não havia ar condicionado e a poeira que comi durante todo o percurso comprovou isso. Neste trem andamos por um descampado que parecia o deserto. Vimos zebras, girafas, avestruz, viadinhos, macaquinhos, entre outras bichices. O meu filho adorou o passeio, exceto pelas araras. Ele fica perto do tigre, mas tem horror a araras!

E como a estória pedia um gran-finale, quando descemos do trem e chegamos em uma espécie de Choupana, com bar, banheiros e lojinha de lembrancas; adivinha o que nos esperava?

Um teatro de fantoches infantil! Sim, com alto-falantes! E muitas, muitas criancas!

Foi de fato uma experiência única. E se isso não for considerado um safari, nada mais é. Mas não se preocupem, prometo não metê-los nesta roubada quando vierem nos visitar.

Saludos poeirentos a todos. Saudades.

Mai/2007


XXX

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O lado irônico de ser mãe

Depois de muito batalhar para encontrar o homem de nossas vidas (que em muitos casos talvez nem é) e casar-se com ele, a mulher finalmente engravida. A emoção vem como uma enxurrada descoordenada ao ler aquela simples palavrinha: positivo.  Conta para o pai, que na maioria das vezes vibra e chora junto de alegria! Conta para os avós-corujas que aguardavam ansiosos pelo netinho! Espera três longos meses, com a língua coçando, para contar para os amigos, o chefe, o vizinho, o mundo: o bebê vem aí!

Procura obstetra, às vezes até um pediatra, tudo tem que ser programado, planejado, cuidado. Não bebe, não fuma, às vezes nem transa. Cuida da alimentação, não come na rua, não come porcaria. Faz exercício, mas não demais. Sai à noite, mas volta cedo. Trabalha, mas enrola... Sua cabeça está dentro da barriga e nada pode mudar isso. Compra livros e revistas, fuça na internet, nunca se teve tanta informação a respeito. A barriga cresce, começam os preparativos práticos para a chegada do indivíduo. Toca comprar móveis, lavar roupa, passar uma a uma, guardar cuidadosamente nas gavetinhas forradas.

A criatura nasce. Ninguém toca, ninguém chega perto, a gente vira bicho. A amamentação é outro parto (e ninguém avisou). Põe para passear no sol. Não pode tomar vento, não pode pegar chuva, o sol deve ser fraco, não pode fazer frio. Alguém tem o e-mail de São Pedro?

Cuidados no banho. Cuidado com o umbigo, por que ele não cai? Faz curativo, senão ele fica para fora! Levanta o braço para não afogar a criança. Seja rápida para não resfriar. Escolhe a roupinha. Está suando, tira roupa. Mãozinha fria, põe o casaco. Cobre? Não, ele sufoca. Descobre? Ele pode sentir frio. Liga o ar ou abre a janela? Qual a temperatura ideal? Para os bebês-meninas, decide a mãe. Para os meninos, o pai.

Quando tirar aquela coisa gorducha e chorona do nosso quarto? Nunca se sabe, e ele vai ficando até os três, quatro meses no barato. Enfim, vai pro quarto dele. E tome babá eletrônica pra cima e pra baixo. Começa com as papinhas. O que solta? O que prende? Porque ele não faz cocô, Deus do céu! Supositório no coitado.

Rola na cama, senta, um dia entramos no quarto e ele está de pé. Põe pra engatinhar. Compra piso emborrachado, lava o tapete, limpa o chão duas vezes por dia, obriga os pobres dos visitantes a tirarem seus sapatos na porta, esteriliza a casa! Começa a andar. Compra sapatos, compra andador, compra motoca de empurrar, sob nosso olhar atento ele quer descobrir o mundo. Um belo dia você chega em casa e diante de uma cena simples percebe que sua superproteção expirou. O seu filho, aquela criança linda, saudável, rosadinha e limpinha... está lambendo o chão.


XXX



quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Todos os sonhos do mundo

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"

Que assim como Pessoa, em 2007 tenhamos todos os sonhos do mundo.

Feliz Ano Novo.

Jan/2007


XXX



terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Diário de Bordo 2 - Se adaptando ao México

Nossa saga em Villahermosa continua. O neném está uma graça, comendo bem, fazendo gracinhas para tudo e para todos. Começa a engatinhar. Às vezes vai igual uma minhoca, pára, olha pra gente e dá risada. Nós também estamos bem, nos adaptando aos poucos ao calor e aos costumes das terras Tabasquenhas (que para mim continuam sendo um pouco estranhas.)

Os mexicanos têm mania de grandeza. Os carros, as casas, as embalagens dos produtos, tudo aqui é gigante – curioso para um povo tão pequeno. Além da baixa estatura, eles são muito parecidos entre eles: pele morena, cabelos lisos e negros, cara redonda, fortes traços indígenas.

Descobri como é feita a contagem de 1 milhão de habitantes da cidade! Lembra que eu havia comentado na última crônica? Então, pelo menos 500 mil habitantes são iguanas. Sabe aquela lagartixa pavorosa, preta, que vive na pedra? Deve haver uma para cada habitante, no barato. Assim fez sentido:

500 mil mexicanos + 500 mil largatixas = população de Villahermosa.

Depois de 1 mês no hotel, finalmente encontramos uma casa para morar. E não foi fácil. Vimos várias casas: ou eram caras, ou eram quentes, ou eram escuras, ou eram inseguras, ou tinham bichos... Com as largatixas medonhas eu já estava me acostumando, mas em uma das casas um pequeno camundongo veio nos recepcionar na sala, olha que meigo! Foi um longo processo até chegarmos a casa que estamos hoje, de 3 quartos, num condominio bonitinho, preço justo e nenhum outro ser vivo além de nós (e as iguanas, claro).

Casa encontrada, o próximo desafio foi encontrar uma empregada. No início era só eu, o neném e a casa enorme. Além de trabalhar como uma moura, o danado do moleque às vezes me tirava do sério. Houve dias em que o desespero com seu choro, a casa zoneada, eu suja de papinha (ou coco, ou os dois) era tanto que eu sentava na cama e chorava - e ele me olhava e ria, na sua doce ignorância. Outros dias era a pessoa mais feliz do mundo por ter a oportunidade de morar fora, ter uma casa boa, uma família feliz e saudável. Sou 8 ou 80, e vivo oscilando entre estes dois estados...

Contratei uma agente, aí no Brasil, para fazer a crítica do meu livro, e se possível for, me ajudar a publicá-lo. Paralelamente a isso, trabalho nuns roteiros de seriado. Na verdade eu estava trabalhando nos roteiros até a reviravolta acontecer: mudar para São Paulo, ter um filho, e agora essa PEQUENINA mudanca para terras Tabasqueñas. Obviamente aqui - onde eu mal consigo ir no banheiro em paz - está mais difícil sentar para escrever. Antes eu tinha tempo mas não tinha inspiração, agora tenho inspiração mas não tenho tempo. Curioso como a vida dá de um lado e toma do outro.

Fico por aqui. Saudades, um beijo e até breve.

Nov/2006

XXX



Diário de Bordo 1 - Chegando no México

No ultimo sábado finalmente aterrizamos em Villahermosa, capital do estado de Tabasco, México. A vista do avião era belíssima: céu azul sem uma nuvem, terra muito verde, lagos, casas... e nenhum prédio?! Isso mesmo, embora diga-se que a cidade tenha 1 milhão de habitantes, nao é comum ver edíficios. (Não me perguntem onde está esse milhão de pessoas, talvez enterrados no solo fugindo do calor senegalês que faz por aqui).

Os mexicanos são um povo curioso. No restaurante, só tomam refrigerante ou suco de canudo; e se você esquecer de pegar o guardanapo, o garcom taca-o no seu colo sem o menor pudor. Tomar água mineral foi uma conquista: eles chamam água com gás de água mineral e água mineral de água natural. Como descobrimos isso? Tomando MUITA água com gás.

É um povo elegante e cafona ao mesmo tempo. As mulheres já acordam coloridas, nas roupas e no rosto - é tanta sombra, tanto lápis de olho que até eu estranhei (e olha que eu gosto de maquiagem). Por outro lado, no fim de semana, não se vê um mexicanozinho que seja sem camisa social. Das ruas ao aeroporto, todos – inclusive menininhos de 10, 11 anos - usavam suas camisas sociais para dentro da calca. Falando em aeroporto, inexplicavelmente, o aeroporto e o shopping de Villahermosa são mais bonitos dos que os da Cidade do México (como se o shopping de Macaé fosse melhor que o do Rio, ou o de Campinas melhor que o de São Paulo).

Nossa epopéia continuou ao reservarmos um apart pela internet. Quando chegamos no ditocujo - um moquifão no meio do nada – meu marido teve que pular o portão do estabelecimento, pois mesmo que tivesse alguém lá dentro (o que não foi o caso, felizmente), a campainha ficava do lado de dentro da grade (bem la no fundo eles devem ter uma raiz portuguesa). Chocados, pedimos ao taxista que nos deixasse em qualquer qualquer hotel que tivesse ar condicionado e um porteiro. Fomos parar no Western-qualquer-coisa, um 4 estrelas (na concepcao do fundador, provavelmente) com cara de lanchonete americana de beira de estrada. Pra resumir, as refeições neste hotel eram um tanto quanto mexicanas demais para nosotros, de forma que ou saíamos de lá ou nao saíamos do banheiro.

Foi então que cruzamos o portal do paraíso. De longe avistamos o letreiro do Hyatt, e tudo o que pudemos fazer foi seguir em sua direcao para achar “a zona sul” da cidade. Finalmente um hotel (de fato), um shopping, e a alegria de encontrar nele meus amigos Calvin Klein, Helena Rubstein, M.A.C...

Neste mesmo fim de semana ainda encontramos tempo para alugar um carro, conhecer um pouco da cidade (nos limites da zonal sul, obviamente), e visitar uma primeira casa para alugar... mas isso é papo para uma outra vez.

Set/2006


XXX



terça-feira, 21 de novembro de 2006

Da simplicidade da vida

Hoje pela manhã tomei meu café preto acompanhado de um delicioso mamãozinho ‘papai’, como certa vez me definiu Cleide, a diarista. Gosto de conversar com ela, porque é das pessoas simples que costumam vir as estórias engraçadas, autênticas e tocantes. E Cleide era cheia delas.

Eu a conheci há alguns anos na casa de minha mãe, em Friburgo, pouco depois de ela ter chegado da roça, ainda menina-moça. Parecia um bicho do mato, mas muito prestativa e disposta a aprender. Preparávamos um bacalhau para o almoço de sábado, quando receberíamos um casal de dinamarqueses, amigos de longa data de meu pai. Antes de sair com minha mãe para pegar a torta de morangos encomendada para a sobremesa, eu a ouvi dar a Cleide as últimas instruções de preparo do bacalhau. Já estava praticamente pronto, bastando colocar no forno com alguma antecedência para comermos na hora marcada. Buscamos a torta, chegaram os convidados e pouco depois sentamos à mesa. O bacalhau estava bonito, impecavelmente arrumado na travessa, que curiosamente não veio fumegante como de costume. Minha mãe ia servindo um a um, como gostava de fazer, secretamente aguardando os elogios. Começaram a comer, elogiando o diferente suco que bebiam e sem dizer palavra sobre o bacalhau. Nós, de casa, que adorávamos bacalhau, olhávamos com certa desconfiança para o prato. Meu irmão, tentando agradar, disse que a salada de bacalhau estava gostosa. Salada? Não era salada, era bacalhau. Bacalhau à portuguesa. Foi quando ela se deu conta que a travessa estava fria e o bacalhau cru. Cleide aparece.

― Você não pôs o bacalhau no forno, Cleide? – perguntou minha mãe.
― Coloquei sim, Dona Tania.
― Mas está frio!
― Era pra ligar?

Ela repousara o bacalhau no forno. Para que este esperasse quietinho em temperatura amena até o momento de ser servido. Rimos. O bacalhau ficou para o jantar e, graças a Cleide, naquele sábado os dinamarqueses tiveram a oportunidade de apreciar um outro prato que não deixava de ser popular na mesa dos brasileiros: arroz, bife e ovo estrelado, degustado com suco de abacaxi com hortelã, seguido de torta de morangos de sobremesa.

Desde então me surpreendo com as tiradas da Cleide. A imprevisibilidade dela me intriga. Às vezes acho que ela é ingênua, ou tola simplesmente. Já uma amiga minha, advogada, costuma dizer que de ingênuas as domésticas não têm nada. Com uma filha pequena, insiste na idéia de que existe uma máfia de babás, que se reúnem nos “Baixo Bebês” da vida onde, em reuniões organizadas, discutem salários e direitos. Segundo ela, as babás podem até ser tolas como a Cleide, mas em uma semana de pracinha a ingenuidade some, e surgem as peritas em direito trabalhista.

Naquele dia terminei o café pensando se a Cleide também ficaria assim um dia. Talvez tivesse algum tempo, afinal ainda não tenho filhos, as idas ao parquinho não seriam breves. Mas ainda assim relutava em acreditar na Cleide confabulando contra alguém. Alguém que conversava com as plantas para elas crescerem, que achava que a vacina da gripe era um pretexto do governo para matar velhinhos e, pérola maior, que as fichas telefônicas (quando então as usávamos) caíam pelo buraco do orelhão indo pelos canos até a operadora, alguém que acreditava piamente em tudo isso, não podia tramar contra alguém. Não a Cleide.



XXX