segunda-feira, 10 de outubro de 2011

É possível ter tudo?

Toda vez que alguma coisa dá errado eu imediatamente penso nas que deram certo. Como que em uma espécie de auto-defesa/justificativa-de-compensação. Penso na saúde que tenho, no fato de estar viva, de ter nascido em uma família feliz e equilibrada. Penso que tive estudo e preparo para a vida, que já realizei o sonho outrora tão importante de me casar, de ter tido filhos, de ter tido filhos saudáveis e carinhosos. Penso na oportunidade de ter viajado bastante, de ter conhecido outras culturas. Penso no sucesso profissional acidental (?!) que sempre tive – sim, não posso negar que as coisas neste aspecto sempre cairam de mão beijada, não sei se por sorte ou merecimento.

Sou grata e feliz por tudo isso. Mas – sim, tem sempre um mas na minha cabeça - já percebi que as coisas boas não acontecem simultaneamente. Na verdade, tenho a clara sensação de que para se ter uma coisa boa eu tenho necessariamente que abrir mão de outra. De forma que ou eu sou uma eterna insatisfeita ou tem sempre algo faltando para a felicidade do ser humano ser completa.

Se você está jogando e perde, aquele seu amigo bem pouco original vai te dizer: azar no jogo, sorte do amor! (grande mentira, diga-se de passagem). Se você tem uma vida profissional invejável, pode apostar que tem um espírito de porco procurando onde foi que sua vida pessoal deu errado (e o pior é que muitas vezes ele encontra...).

Tenho várias amigas que não casaram, não tiveram filhos, são executivas brilhantes, bem sucedidas e frustadas por chegar em casa à noite e encontrar uma casa tão linda quanto vazia. Tenho outras tantas que aparentam muito mais do que a minha idade, massacradas pela vida doméstica, pelo cansaço natural que crianças provocam, pelo torpor que a rotina de uma casa traz. Para essas últimas, a simples cena de uma mulher de tailler caminhando pela rua, bem penteada, maquiada, sem nenhuma criança pendurada em qualquer parte do corpo, pode provocar um efeito devastador, um choque de realidade.

E eu sei disso porque já estive nos dois lados. Já fui a executiva bem sucedida e triste por ainda estar solteira, por ainda não ter filhos (some-se a isso a incerteza de estar na profissão certa, mas aí é “mas” demais para um raciocínio só!). Também já fui a mãe, dona-de-casa, esposa exausta de tudo e de todos. Agora acho que alcancei um meio termo, não estou nem em um extremo, nem em outro. Mas tem coisa faltando.  E muitas vezes a forma de suprir esta falta me parece ser o abrir mão de conquistas em algum aspecto da vida. Mas e se eu não quiser abrir mão de nada? É possível ter tudo? Até quando a gente insiste? Quando se conforma e desiste? E este post vai ficando sem conclusão. Pois se eu ainda não encontrei a resposta para a vida, é impossível descrevê-la aqui.


XXX



Um comentário:

Anônimo disse...

Cara Daniella, se tem uma coisa que aprendi nessa vida é que, felizmente, não se pode ter tudo...

Digo "felizmente" porque se tivéssemos tudo, seria como se não tivéssemos nada (filosofei agora... rs) ... Pode parecer besteira, mas já imaginou a vida sem os louros por termos feito a escolha certa ou tomado uma decisão acertiva??... Como também, o sentimento de derrota ao nos equivocarmos... Ter tudo, nos privaria de sensações, tanto boas quanto ruins, imprescindíveis à vida.... Sensações essas, que nos fazem crescer, evoluir... Bye!

Obs. Não tenho blog, não....