Há algum tempo venho tentando manter a
calma. A frase parece banal, mas no mundo apressado, violento e raivoso em que
vivemos, não tem nada de simples em tentar manter-se zen. É um exercício diário de tolerância, autocontrole,
equilíbrio, e que raramente é executado de forma completa e bem
sucedida.
A desestabilização emocional vem de
diferentes fontes e em diferentes escalas, mas curiosamente, quando já se vive
estressado, é preciso muito pouco para se irritar. É quase como se o motivo
besta fosse inversamente proporcional ao tamanho da irritação.
O que te irrita? Não classifique miséria,
fome, doença, guerras, corrupção como coisas irritantes. Estas têm um espectro
infinitamente maior, melhor relacionado à revolta, repulsa, ódio. Irritar é pequeno. É pequeno para quem ou o
que provoca e para quem sente. E fica
pequeno se você consegue manter a paz interior, se você consegue encontrar o
Buda que existe dentro de todos nós, mas torna-se um monstro se a inércia vencer.
São as pequenas coisas que fazem uma pessoa
irritada ter reações grandes. É o despertador em uma manhã de sono, é o chefe
impaciente, o sermão em hora errada. A economia porca do que quer que
seja. É gente desocupada quando você
está ocupado. É gente falando quando você precisa de silêncio. É sala de
espera com uma espera interminável. É a segunda-feira de manhã que chega rápido
demais e a sexta-feira à tarde que não acaba nunca. É celular caindo na caixa postal quando você realmente precisa falar com a pessoa. É o reaproveitamento de material/sentimento
que foi feito para ser descartável. É
gente resmungando. É perda de tempo. É o prolixo e o desnecessário. É o “Eu te disse”.
Alguém que insiste em te dizer o que fazer
também é irritante. Mas ainda assim, eu te digo: venda caro a sua paz de
espírito. Tenha paciência. E não se irrite.
XXX
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