terça-feira, 26 de julho de 2011

Verdade ou mentira

Muitas vezes me perguntam se o que escrevo é auto-biográfico. A resposta é não. Mas é impossível escrever sobre algo que não conhecemos. Todo texto é um pouco biográfico. Pode não ser sobre a vida do autor, mas é necessariamente sobre a vida de alguém, é necessariamente sobre algo. As idéias sempre vêm de algum lugar.

A inquietude das obras de Clarice Lispector reflete a personalidade densa e aflita de uma pessoa que, segundo os que a conheceram pessoalmente, era reservada e discreta.

O que dizer de Machado de Assis, cuja genialidade passeava serelepe entre Romantismo e Realismo, polemizando rótulos quanto à classificação de sua obra? Ele criticava mesmo o determinismo, e nunca se esforçou para esclarecer personagens ou situações contadas.

Eça de Queiroz. A primeira lembrança que me vem à cabeça de Eça de Queiroz foi a impressão de um colega de faculdade sobre seus textos: Ele passa cinco páginas descrevendo uma sala! Verdade. E o talento era tanto para este fim que mesmo os mais objetivos seres se deixaram seduzir por tais descrições.

Em Literatura nem sempre os fatos importam. Se é verdade ou não, muito menos. Importa a maneira em que a estória é contada. Se é real ou não, de onde vem, cabe a você imaginar.



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Um comentário:

Anônimo disse...

Li seus textos e a primeira parte do livro... gostei.... se possível, evite um hiato tão grande entre os posts, ele nos deixa ansiosos... Parabens!


Victor Nunes